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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Preservação pelo conhecimento compartilhado

Desflorestamento, exploração desenfreada de recursos naturais, aquecimento global, destruição de espécies e de ecossistemas. A situação da biodiversidade continua preocupante por todo o mundo, mas boas notícias começam a aparecer, como a adoção de políticas eficientes de conservação movidas pelos trabalhos de pesquisadores.

Por outro lado, o desconhecimento a respeito da própria biodiversidade, especialmente com relação às espécies do planeta – quantas ou quais são exatamente, por exemplo – ainda é enorme. E um recurso fundamental para que o homem conheça e preserve melhor a biodiversidade é a pesquisa científica, particularmente aquela feita por grupos internacionais com o compartilhamento do conhecimento.

O cenário foi descrito por Georgina Mace, professora de Biodiversidade e Ecossistemas na University College London, na palestra “Biodiversity loss and ecosystem change: trends and consequences”, no segundo dia da FAPESP Week London. Mace também é presidente do conselho do International Programme of Biodiversity Science (Diversitas), um dos quatro programas da Organização das Nações Unidas (ONU) voltados à área ambiental.

Realizado pela FAPESP, com apoio do British Council e da Royal Society, o simpósio mostrará, até o dia 27 de setembro, resultados de pesquisas conduzidas em diversas instituições de ensino superior e de pesquisa do Estado de São Paulo. A transmissão ao vivo pode ser conferida pelo site: www.fapesp.br/week2013/london.

No auditório da Royal Society, no centro de Londres, para uma plateia formada por pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento, Mace deu primeiro uma definição do que é biodiversidade. “A variedade de vida em todos os níveis: genes, populações, espécies e ecossistemas; terra, água e ar; e as interações entre seres vivos”, disse.

Em seguida, destacou que pouco se sabe sobre a biodiversidade. “Nosso conhecimento a respeito das espécies do mundo está longe de ser completo. Não sabemos nem mesmo quantas são as espécies e descrevemos menos de um décimo”, disse.

“Análises de padrões taxonômicos feitas para todos os reinos possibilitou estimar o número de espécies no planeta em 8,7 milhões, dos quais 2,2 milhões são marinhas. Mas o número pode ser muito maior. Estima-se que 86% das espécies terrestres e 91% das marinhas ainda não tenham sido descritas”, disse Mace.

A pesquisadora ressaltou pontos negativos em relação à biodiversidade no planeta. “A situação dos índices de biodiversidade baseados em indicadores de tendências de populações de espécies, extensão e condição de hábitats e composições de comunidade tem caído significativamente. Ao mesmo tempo, tem aumentado a pressão sobre a biodiversidade baseada em fatores como pegada ecológica, deposição de nitrogênio, número de espécies invasoras, superexploração de ecossistemas e impactos climáticos”, disse.

“A boa notícia é que temos visto nos últimos anos melhoria em alguns indicadores, como os de extensão de área protegida e de cobertura de biodiversidade, de políticas sobre a questão das espécies invasoras, do gerenciamento sustentável de florestas e do financiamento a projetos de conservação”, disse Mace.

A professora da University College London ressaltou a biodiversidade presente no Brasil. “Cerca de 70% das espécies catalogadas de animais e de plantas no mundo estão no Brasil. Estima-se que o país tenha entre 15% e 20% da diversidade biológica e o maior número de espécies endêmicas em escala global”, afirmou.

Na sequência, falou sobre a biodiversidade na Inglaterra. “As espécies na Inglaterra são provavelmente as mais estudadas no mundo, com uma história de registros por naturalistas amadores que data de três séculos. A Inglaterra tem mais da metade das espécies de briófitas da flora europeia”, disse.

Para Mace, um importante caminho para que o cenário da biodiversidade tenha mais boas notícias está na união do conhecimento e do trabalho de pesquisadores.

Ela salientou a importância de colaborações internacionais entre o Reino Unido e o Brasil no estudo da biodiversidade, como o acordo entre a FAPESP e o Natural Environment Research Council (Nerc), que tem resultado no financiamento conjunto de vários projetos de pesquisa conduzidos em parceria por cientistas dos dois países.

Mace falou também sobre a atuação do Diversitas, que envolve quatro desafios principais. O primeiro é identificar alterações prejudiciais para os serviços ecossistêmicos e fornecer o conhecimento para auxiliar a evitar, limitar ou mitigar tais mudanças.

“O segundo desafio é ampliar a capacidade dos sistemas socioecológicos de sustentar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos em face das mudanças globais. O terceiro é desenvolver a base do conhecimento para uso e conservação da biodiversidade necessária para sustentar os serviços ecossistêmicos e o bem-estar humano”, disse.

O quarto desafio do Diversitas, segundo Mace, é montar uma rede global de ciência da biodiversidade.

BIOTA-FAPESP

Um dos membros do Diversitas é o professor Carlos Joly, da Universidade Estadual de Campinas, coordenador do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP). Joly, que também é um dos diretores do Painel Multidisciplinar de Especialistas (MEP, na sigla em inglês) da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), presidiu a mesa sobre biodiversidade na FAPESP Week London e foi um dos palestrantes.

No simpósio, Joly falou sobre o BIOTA-FAPESP, uma “experiência de 12 anos bem-sucedida na combinação de pesquisa sobre biodiversidade, construção de capacidade, bioprospecção e impacto em políticas públicas no Estado de São Paulo”.

Joly apresentou o programa, estabelecido pela FAPESP em 1999 para conhecer, mapear e analisar a biodiversidade do Estado de São Paulo, incluindo a fauna, a flora e os microrganismos, mas, também, para avaliar as possibilidades de exploração sustentável de plantas ou de animais com potencial econômico e subsidiar a formulação de políticas de conservação dos remanescentes florestais.

“Entre as propostas do BIOTA-FAPESP está a de disponibilizar livremente na internet toda a informação levantada por seus pesquisadores. São muitos dados, uma vez que o programa, até o momento, resultou na descrição de quase 12 mil espécies, em mais de 100 mil registros”, disse.

“Os pesquisadores do BIOTA-FAPESP também têm publicado bastante, com cerca de 1.050 artigos em 260 periódicos científicos, dos quais 180 indexados pela ISI [Thomson Reuters Web of Knowledge], como as revistas Nature e Science”, disse Joly.

Segundo Joly, o BIOTA-FAPESP também tem sido muito importante na formação de recursos humanos, tendo contado com 96 bolsistas de pós-doutorado (dos quais 73 com Bolsas da FAPESP), 205 de doutorado (90 da FAPESP), 193 de mestrado (131 da FAPESP) e 189 de iniciação científica (142 bolsistas FAPESP).

“O investimento da FAPESP no BIOTA tem aumentado desde 2010, com a renovação do programa, tendo chegado a cerca de US$ 6 milhões em 2011 e a US$ 6,4 milhões em 2012”, disse.

Joly destacou também a importância do BIOTA-FAPESP como subsídio para a formulação de políticas públicas. “Há, até o momento, 23 instrumentos legais baseados nos resultados das pesquisas conduzidas no âmbito do programa”, disse.

Fonte: Mercado Ético

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