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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Em 2 anos, dengue cresce 469% no DF, mas número de agentes cai 28%

Embora a quantidade de casos confirmados de dengue no Distrito Federal tenha crescido 469% nos últimos dois anos, o número de agentes que atuam em campo para combatê-la caiu 28% no mesmo período. Foram 1.499 ocorrências da doença em 2011, contra 8.534 até setembro de 2013, incluindo os casos “importados” (quando a pessoa é contaminada fora da cidade onde reside). Já o total de servidores, de acordo com a Secretaria de Saúde, passou de 711 para 510. A pasta informou que aguarda a realização de concurso público para a área.
O total anterior de servidores, ainda em 2011, também não era considerado ideal. “O número de agentes no Distrito Federal é insuficiente inclusive para garantir que os imóveis sejam visitados a cada dois meses, como determina o Ministério da Saúde”, disse na época o então coordenador do Programa de Prevenção e Controle da Dengue, Ailton Domício.

Agora, a diretora de Vigilância Ambiental, Kênia Cristina Oliveira, explica que a situação se agravou. “Hoje em dia é pior ainda. A gente está com esse déficit de servidor. A gente precisaria ter em torno de mil agentes para conseguir um controle maior, até mesmo porque esses servidores lidam com outras doenças, como leishmaniose e leptospirose. Não é só dengue.”

Para ela, o fato de os servidores conseguirem passar em concursos “melhores” torna o cargo “bem rotativo”. Sem um quadro adequado, Kênia afirma que continua impossível realizar o mínimo de quatro visitas exigidas pelo governo federal em todas as localidades, assim como ter servidores que trabalhem exclusivamente com a dengue. “A gente foca nas áreas de risco”, diz.

A autorização para a realização do concurso para a área, prevendo preenchimento de 460 vagas, foi anunciada pelo GDF no início de maio. Mas, segundo a Secretaria de Administração, o processo não foi regularizado por causa das questões jurídicas que envolvem os cargos de agentes comunitários.

O presidente da Associação dos Agentes Comunitários, Uziel Melo, afirma que o trabalho da categoria é essencial na prevenção de doenças. “O agente de vigilância ambiental vai onde está o problema e resolve. Se está em falta, o serviço fica comprometido. E a função dele é salutar”, garante.

Melo explicou que o sindicato tem trabalhado em uma proposta, que vai ser encaminhada à Câmara Legislativa, para reestruturar a carreira e mudar o regime de contratação dos agentes. “Não pode haver concurso se não há a previsão do cargo. E é o tipo de coisa que precisa ser resolvido. Porque no caso da dengue, por exemplo, tem ano que dá um boom. Agora, se der uma epidemia a coisa vai ficar séria, porque falta gente.”

A dengue é causada pela picada da fêmea do mosquito Aedes Aegypti contaminada por um dos quatro tipos de vírus causadores da doença. Os sintomas, que podem ser confundidos com os resfriado ou gripe, são febre alta, dores nas articulações e prostração. Em geral, eles costumam se manifestar entre três e 15 dias após o contágio – chamado período de incubação.

Os tipos mais comuns no DF são 1 e 4 e um mesmo paciente pode adquirir todos ao longo da vida. A dengue hemorrágica é um quadro grave da doença, que pode ser causado por todos eles. Pessoas que têm diabetes, asma e hipertensão ou que já se contagiaram anteriormente estão mais vulneráveis a essa situação.

Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais aponta que o mosquito tem hábitos diurnos, geralmente atacando entre 7h30 e 10h e entre 15h30 e 19h, e que não gosta muito de calor. O Aedes Aegypti voa baixo – em média, 1,2 metro de altura, picando principalmente até a altura do joelho.

O ciclo do inseto possui quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. As larvas se desenvolvem em água parada. Por isso, a melhor forma de evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água e retirar o lixo.

“Surto” – De acordo com a subsecretária de Vigilância à Saúde, Marília Coelho Cunha, ainda não é possível falar em epidemia da doença, mas o atual estágio de dengue no DF já é considerado surto. Até 16 de setembro, a Secretaria de Saúde contabilizou 8.534 casos da doença, sendo que 2.030 foram de contaminações em outros estados. Nove pessoas morreram.

O número de casos deste ano, que equivale a uma média de quase 33 pessoas contaminadas por dia, representa aumento de 1.191% em relação a todo 2012, quando 661 moradores da capital do país ficaram doentes.

O último ano em que houve epidemia no DF foi 2010. Marília disse que é comum que a dengue tenha picos de três em três anos, de acordo com o ciclo da própria doença. Ela informou ainda que os ovos do mosquito podem sobreviver por até 500 dias.

Conscientização – O GDF lançou na manhã desta quinta-feira (19) uma campanha para combater novos casos de dengue e evitar uma epidemia da doença. Serão distribuídos 100 mil kits educativos para estudantes entre 8 e 11 anos, além de reforçadas as operações de limpeza nas regiões administrativas do DF.

Dados da secretaria indicam que 87% dos focos estão em área particular, como casas, escritórios e restaurantes. A pasta conseguiu neste ano autorização judicial para entrar nestes espaços e eliminar os riscos de transmissão mesmo sem a presença do dono.

“É preciso entender que a dengue é um problema coletivo”, explicou a subsecretária Marília Cunha. “Todo mundo tem que fazer a sua parte, e a da população é muito importante. É realmente um trabalho que começa em casa.”

De acordo com o levantamento da pasta, as cinco regiões com maior proliferação de dengue no DF são Sobradinho II, Planaltina, Brazlândia, Sobradinho e SIA/Estrutural. A capital do país é considerada como tendo alto risco de transmissão da doença.
 
Fonte: G1

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