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quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Mudanças no clima podem tornar obsoletas as unidades de conservação do país
Os efeitos do aquecimento global no Brasil provocarão deslocamentos de aves, mamíferos, anfíbios e outros animais em direção a regiões com temperatura e umidade mais compatíveis às suas necessidades, indicam estudos da Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) em diferentes biomas.
“Em consequência dessa movimentação, nosso atual sistema de unidades de conservação pode ficar obsoleto ou não muito eficiente”, afirmou Alexandre Aleixo, coordenador da sub-rede Biodiversidade e Ecossistemas da Rede Clima e pesquisador do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima), ocorrida em São Paulo na semana passada.
Um dos grupos vinculados à sub-rede, formados por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), debruçou-se sobre a situação de 431 espécies de anfíbios que habitam a Mata Atlântica e fez projeções para o futuro (até 2080) a partir de três modelos climáticos.
Os resultados, publicados em artigo na revista PLoS One, projetam uma redução de 72% na área atual de distribuição desses anfíbios e a extinção regional de 12% das espécies. “Nesse cenário, muitos dos animais terão de se dispersar para outros locais, uma vez que as condições de temperatura e umidade já não lhes serão adequadas”, explicou Aleixo.
O artigo também indica quais seriam os pontos prioritários do bioma em termos de inclusão nos sistemas de conservação, a fim de oferecer proteção às espécies que forem forçadas a se deslocar por conta das mudanças climáticas.
Ainda sobre o bioma Mata Atlântica, uma segunda pesquisa apresentada por Aleixo – um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com base em análises estatísticas para 2050 – revela o impacto das alterações no clima sobre a riqueza de espécies de aves.
Considerando apenas o aumento de temperatura, 117 espécies podem perder área de distribuição, seis podem entrar no grupo de espécies ameaçadas e uma espécie pode ser extinta. Considerando o aumento de temperatura e a ocorrência de desmatamento, os números sobem para 120, 14 e dois, respectivamente.
“Também deve ocorrer movimentação entre as aves. Mas fica bastante claro que não são somente os deslocamentos que preocupam – a possibilidade de mais espécies ficarem ameaçadas requer atenção”, afirmou Aleixo.
De acordo com o pesquisador, a situação é semelhante para outros grupos de animais, em diferentes regiões do país, como exemplifica um segundo estudo da UFG, que também resultou em artigo publicado na PLoS One.
Desenhando cenários sobre o impacto das mudanças climáticas na distribuição das 55 espécies de marsupiais que ocorrem no Brasil, concluiu-se que em 2050 a maioria das espécies pode ter uma redução significativa de habitats adequados.
As taxas de movimentação, nesse caso, também seriam relativamente altas, mas com variações ao redor do país. Os locais com clima atrativo seriam alguns pontos da região dos Pampas, a porção sul da Mata Atlântica, o norte do Cerrado e da Caatinga e o noroeste da Amazônia.
Já para o bioma Amazônia, diversos modelos climáticos preveem que o setor de menor umidade, próximo a Tocantins, vai se tornar ainda mais seco.
“As nossas previsões para 2020 e 2050 também apontam para um impacto muito maior das mudanças climáticas no sul da Amazônia do que ao norte da região, em função de variáveis ambientais e de altas taxas de desmatamento. Podemos ter um colapso do sistema florestal no sudeste da Amazônia, com imensos prejuízos para a biodiversidade”, disse Aleixo.
Esses e outros resultados da sub-rede Biodiversidade e Ecossistemas contribuem para responder uma das questões norteadoras do grupo: historicamente, ao longo da evolução das espécies, outras modificações climáticas teriam contribuído para a aquisição de uma resiliência natural por parte de alguns animais?
“Por enquanto, não temos indícios disso”, afirmou Aleixo. “As evidências mostram que a fauna sofre com as grandes modificações – no caso amazônico, particularmente com os processos de secamento da floresta.”
Fonte: Agência Fapesp
Um dos grupos vinculados à sub-rede, formados por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), debruçou-se sobre a situação de 431 espécies de anfíbios que habitam a Mata Atlântica e fez projeções para o futuro (até 2080) a partir de três modelos climáticos.
Os resultados, publicados em artigo na revista PLoS One, projetam uma redução de 72% na área atual de distribuição desses anfíbios e a extinção regional de 12% das espécies. “Nesse cenário, muitos dos animais terão de se dispersar para outros locais, uma vez que as condições de temperatura e umidade já não lhes serão adequadas”, explicou Aleixo.
O artigo também indica quais seriam os pontos prioritários do bioma em termos de inclusão nos sistemas de conservação, a fim de oferecer proteção às espécies que forem forçadas a se deslocar por conta das mudanças climáticas.
Ainda sobre o bioma Mata Atlântica, uma segunda pesquisa apresentada por Aleixo – um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com base em análises estatísticas para 2050 – revela o impacto das alterações no clima sobre a riqueza de espécies de aves.
Considerando apenas o aumento de temperatura, 117 espécies podem perder área de distribuição, seis podem entrar no grupo de espécies ameaçadas e uma espécie pode ser extinta. Considerando o aumento de temperatura e a ocorrência de desmatamento, os números sobem para 120, 14 e dois, respectivamente.
“Também deve ocorrer movimentação entre as aves. Mas fica bastante claro que não são somente os deslocamentos que preocupam – a possibilidade de mais espécies ficarem ameaçadas requer atenção”, afirmou Aleixo.
De acordo com o pesquisador, a situação é semelhante para outros grupos de animais, em diferentes regiões do país, como exemplifica um segundo estudo da UFG, que também resultou em artigo publicado na PLoS One.
Desenhando cenários sobre o impacto das mudanças climáticas na distribuição das 55 espécies de marsupiais que ocorrem no Brasil, concluiu-se que em 2050 a maioria das espécies pode ter uma redução significativa de habitats adequados.
As taxas de movimentação, nesse caso, também seriam relativamente altas, mas com variações ao redor do país. Os locais com clima atrativo seriam alguns pontos da região dos Pampas, a porção sul da Mata Atlântica, o norte do Cerrado e da Caatinga e o noroeste da Amazônia.
Já para o bioma Amazônia, diversos modelos climáticos preveem que o setor de menor umidade, próximo a Tocantins, vai se tornar ainda mais seco.
“As nossas previsões para 2020 e 2050 também apontam para um impacto muito maior das mudanças climáticas no sul da Amazônia do que ao norte da região, em função de variáveis ambientais e de altas taxas de desmatamento. Podemos ter um colapso do sistema florestal no sudeste da Amazônia, com imensos prejuízos para a biodiversidade”, disse Aleixo.
Esses e outros resultados da sub-rede Biodiversidade e Ecossistemas contribuem para responder uma das questões norteadoras do grupo: historicamente, ao longo da evolução das espécies, outras modificações climáticas teriam contribuído para a aquisição de uma resiliência natural por parte de alguns animais?
“Por enquanto, não temos indícios disso”, afirmou Aleixo. “As evidências mostram que a fauna sofre com as grandes modificações – no caso amazônico, particularmente com os processos de secamento da floresta.”
Fonte: Agência Fapesp
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