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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cidades mais sustentáveis

Municípios como Curitiba e Maringá são exemplos de estímulo à consciência socioambiental de seus habitantes
Por Mario Lima*
Não é possível falar de desenvolvimento sem falar de sustentabilidade. O crescimento do país passa pelo crescimento das cidades, o que por sua vez, remete à reapreciação das necessidades dos cidadãos e dos recursos da economia local. É uma compreensão fundamental, mas que demanda ainda muita prática efetiva. O desenvolvimento de cidades mais sustentáveis só é atingido com visão e planejamento de médio e longo prazos, gestão eficiente e relacionamento intenso com comunidades, entidades federais, iniciativa privada e, até mesmo, outros atores internacionais.

curitiba-sustentabilidade-350O Brasil sediou o Eco92, o primeiro movimento mundial preocupado em trazer a sustentabilidade para a pauta do governo e para a sociedade, e mais tarde a Rio+20, no qual a presença do setor privado foi inequívoca. Pude perceber, nos anos que trabalhei em outros países, que isso foi o marco para fazer com que o Brasil fosse visto como esperança de renovação do compromisso com a sustentabilidade, com sua abundância de recursos naturais e seu pioneirismo em geração de energias limpas. Motivos suficientes para nosso discurso ser menos derrotista.

Porém, para ser sustentável, a primeira medida é mudar as práticas de gestão que são baseadas em resultados de curto prazo. No caso dos municípios, é preciso pensar além do mandato, olhar a cidade como uma identidade, dialogar com os diferentes atores e organizações locais, levando em conta as suas necessidades, de curto, médio e longo prazos. Ou seja, dar ênfase ao planejamento e a práticas que enxerguem o município como um sistema dinâmico de entidades que se correlacionam.

Referência fora do país como capital ecologicamente correta, o caso da cidade de Curitiba (foto) merece ser estudado. O seu pontapé inicial foi apostar na educação, acreditando que sustentabilidade é uma proposta de médio/longo prazo e que não se viabiliza sem conscientização em todos os níveis, tanto nas escolas quanto nas empresas. O gestor municipal soube estimular uma consciência socioambiental e uma mudança cultural, ensinando, por exemplo, as crianças a separar o lixo de uma forma divertida, levando o aprendizado para casa, e consigo na vida adulta. Criou-se assim uma nova cultura com valores mais sustentáveis.

Hoje, não podemos falar de sustentabilidade sem mencionar o Rio de Janeiro, a grande vedete nacional, que mostra como governos que sabem dialogar com a iniciativa privada podem trazer resultados. Um exemplo é o Rio Cidade Sustentável. O projeto de infraestrutura urbana associada a uma extensa transformação social articulou e integrou o poder público, empresas e moradores para melhorar a qualidade de vida de duas comunidades do Rio de Janeiro. Essa parceria foi frutífera porque todos estavam focados no mesmo propósito, com soluções interdependentes, entendendo as necessidades de todos, respeitando a vocação dessa região, e principalmente, investindo em muita presença, escuta e diálogo com a população.

A exemplo de Belo Horizonte e de Maringá, percebemos que os prefeitos têm demonstrado interesse nesta nova forma de agir, estabelecendo parcerias e diálogos, já que municípios mais sustentáveis são também mais autônomos, e menos dependentes de verbas federais. A sustentabilidade desperta todos os atores que se preocupam e desejam se engajar em fazer o melhor para sua cidade, indo além dos desafios e do derrotismo do passado. Dessa forma, as cidades permitem que o desenvolvimento tenha bases firmes. O cerne da questão é estruturar a “sustentabilidade dos relacionamentos” e fazer com que o valor criado a partir da colaboração de municípios, empresas e população permaneça ali, de geração para geração, focado num propósito comum: o de gerar mais qualidade de vida para todos.


Fonte: Revista Amanhã

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