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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Governo trata licença ambiental como maldição, diz ONG

Diretor da ONG SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani luta há mais de 30 anos pela conservação das florestas e é um dos maiores críticos da política ambiental do governo de Dilma Rousseff. Em entrevista ao Terra, durante o Fórum Mundial de Meio Ambiente, o ativista criticou a “facilitação” na concessão de licenças ambientais para grandes empreendimentos no Brasil. “O governo trata as licenças como uma maldição que emperra o desenvolvimento, mas maldição mesmo é um governo que não dá valor para a questão ambiental”, disse.
Mantovani citou fraudes descobertas pela Polícia Federal (RS), como no Rio Grande do Sul onde políticos e técnicos de secretarias de meio ambiente foram presos por suspeita de agilizar a liberação de obras, como um exemplo do que ocorre em todo o País. “A licença é o único instrumento de controle social das obras, mas hoje está fragilizado”. Ele diz que o atraso na liberação, apontado por empresários como um fator que emperra o desenvolvimento do País, se deve muito mais ao sucateamento dos órgãos ambientais, do que ao processo burocrático. “Não é a licença o problema, mas o governo que não coloca pessoas para fazer”, critica.

​Segundo o ambientalista, que acompanhou ativamente as discussões da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) há um ano, o Brasil está perdendo a oportunidade de se tornar um líder na discussão sobre a sustentabilidade. “Claro que não temos problemas sérios como nos Estados Unidos, onde as grandes petrolíferas mandam em tudo. Mas temos um governo covarde e omisso, que teve a oportunidade (na Rio+20) de mostrar para o mundo um novo rumo, mas resolveu se tornar igual aos países desenvolvidos, que só pensam no desenvolvimento a qualquer custo”.

Para Mantovani, o Brasil regride está regredindo aos padrões da década de 1970, quando não havia nenhuma preocupação ambiental. Ele ainda afirma que o que “salva” o Brasil é que as pessoas e as empresas estão mais engajadas. “Vimos aqui que muitos empresários estão conscientes de que não existe desenvolvimento sem sustentabilidade”, disse durante o fórum, que acontece em Foz do Iguaçu (PR) e reúne pelo menos 400 líderes empresarias e ambientais.

Fórum de Meio Ambiente – Ocorreu nesta sexta-feira e no sábado, em Foz do Iguaçu (PR), o Fórum Mundial de Meio Ambiente, que reuniu empresários, políticos e ambientalistas para debater ações relacionadas à preservação da água. Entre os palestrantes estavam o ativista e advogado americano especializado em direito ambiental, Robert Kennedy Jr., o presidente da Ocean Futures Society (OSF), Jean-Michel Cousteau, e a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Promovido pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais, a iniciativa faz parte das discussões do Ano Internacional de Cooperação pela Água, definido pela ONU para 2013, com o objetivo de estimular a consciência sobre a escassez do recurso natural.

Fonte: Terra

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