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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Urbanização e poluição ameaçam jacarés que sobrevivem no Rio

Os jacarés que sobrevivem em margens de lagoas e rios do Rio de Janeiro estão ameaçados pelo crescimento urbano descontrolado da cidade e pela poluição de seus habitats. Apesar das consequências da expansão de uma cidade de 6 milhões de habitantes, ainda é possível encontrar répteis na Zona Oeste, principalmente de exemplares do jacaré-de-papo-amarelo.


Mas as eventuais aparições urbanas deste réptil já ameaçado de extinção têm seus dias contados, segundo o biólogo Ricardo Freitas Filho, que lidera uma iniciativa para lutar pela preservação desta espécie no Rio de Janeiro. “Os jacarés desta região (Zona Oeste) estão condenados a desaparecer pelo crescimento urbano sem controle e pela falta de preocupação com a conservação do habitat destes animais”, assegurou Freitas Filho.

Fundador e diretor do Instituto Jacaré, este biólogo luta desde 2006 pela sobrevivência deste réptil endêmico da América do Sul e que habita regiões pantanosas ou lacustres de países como Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

Sua batalha, relata, acontece em duas frentes: nas escolas, onde põe em contato as crianças com seus novos vizinhos pré-históricos, e no terreno, onde desenvolve um incessante trabalho de monitoração e controle destes animais que podem alcançar quase três metros e pesar mais de 100 quilos.

“Capturamos, marcamos, recolhemos amostras de sangue e tecidos, e realizamos análise biométricas para entender o desenvolvimento e a adaptação dos jacarés a estas condições tão adversas”, explicou.

Urbanização – Um trabalho que fica pequeno, reconhece, frente ao avanço incontrolável do tijolo que, desde a luxuosa Barra da Tijuca até o empobrecido de Campo Grande, incluindo a futura Cidade Olímpica, invadiu as lagoas, as contaminou e transformou seus moradores originais, os jacarés, em habitantes incômodos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), sete dos dez bairros mais povoados de Rio estão na Zona Oeste da cidade que, na última década, cresceu a um ritmo anual de 8%. As previsões indicam que não haverá desaceleração: a expectativa de crescimento da Barra de Tijuca para 2020 se situa em torno de 31% segundo o Instituto Pereira Passos.

Um expansionismo que todos os especialistas consideram desordenado e que, segundo Freitas Filho, tem sua principal vítima na própria natureza. “A preocupação ambiental do governo brasileiro, e concretamente do governo do Rio de Janeiro é zero”, denunciou o biólogo. “Em relação ao jacaré, por exemplo, quase nada se fala e ainda menos se faz”, lamentou.

A pesquisa realizada por Freitas revela um perigo ainda maior para este réptil que a própria poluição e a presença humana. Seus estudos mostram que 80% dos jacarés que vivem na região são exemplares machos. Esta desproporção sexual letal para a espécie obedece “ao desconhecimento e à falta de interesse das autoridades”, disse.

“Todos os jacarés do estado de Rio capturados por policiais, bombeiros e patrulhas ambientais são levados aos canais próximos às lagoas ao oeste da cidade. Trata-se de exemplares machos que, na busca de territórios de caça, acabam muitas vezes nas piscinas das urbanizações”, explicou.

O número de jacarés-de-papo-amarelo que sobrevive na cidade é um mistério que o biólogo e sua equipe tenta resolver por meio de um censo. Do que também não há registro é de ataques de jacarés a pessoas, segundo moradores da região.

“É um predador pouco agressivo que prefere esconder-se a atacar”, comentou Freitas Filho, acrescentando, porém, “nunca se pode esquecer que é um predador e que, portanto, é preciso estar consciente que uma interação errônea, como se aproximar demais, incomodá-los ou dar-lhes comida, pode oferecer grandes riscos”.

Fonte: G1

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