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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Hidrelétricas de países tropicais não emitem mais gases

Estudo divulgado na sexta-feira pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), da Eletrobras, rebate a hipótese defendida por parte da comunidade científica de que usinas hidrelétricas instaladas em países tropicais emitem mais gases de efeito estufa que usinas térmicas a carvão com mesma capacidade.


O monitoramento de emissões de gases de efeito estufa em reservatórios de hidrelétricas foi realizado entre fevereiro de 2011 e fevereiro de 2013 e chegou à conclusão de que, à exceção da Hidrelétrica de Balbina, em Rondônia, as demais emitem as mesmas quantidades de gases que as usinas construídas no clima temperado. Além disso, o estudo revelou que o volume de emissões chega a ser centenas de vezes menor que em uma termelétrica a carvão.

De acordo com o monitoramento do Cepel, uma usina elétrica a carvão emite 930 gramas (g) de dióxido de carbono por quilowatt-hora produzido, valor que cai para 412 g nas térmicas a gás natural. O resultado registrado em oito usinas hidrelétricas brasileiras, à exceção de Balbina, foi consideravelmente menor, com 0,5 g por quilowatt-hora na Hidrelétrica de Segredo, 2,2 g na Hidrelétrica de Funil e 3,3 g na Hidrelétrica de Itaipu. Na Usina Hidrelétrica de Xingó, foi constatado que o reservatório emite 0,5 g de dióxido de carbono por quilowatt-hora produzido.

O resultado se equipara a usinas pesquisadas no Canadá e na Noruega, onde o clima é mais frio. Já as hidrelétricas de Três Marias (91g de dióxido de carbono por quilowatt-hora), Serra (69 g) e Tucuruí (48,7 g), ficaram um pouco acima dessa taxa, mas ainda abaixo da média de emissão das térmicas.

O estudo foi apresentado em evento com a presença dos principais representantes do setor elétrico, como o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, e o diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek.

Segundo Zimmermann,, a Hidrelétrica de Balbina, sempre utilizada como exemplo para criticar as usinas hidrelétricas em áreas tropicais, não seria construída nos dias de hoje como foi na década de 1970. “Balbina é a típica usina com grande reservatório feita na Amazônia, que é uma grande planície. O que ocorre é que você fica com uma área do lago muito grande, e mais da metade com meio metro de água. Em meio metro de água quente proliferam-se algas e gases de efeito estufa. Por isso, Balbina emite mais que uma termelétrica de carvão”, explicou. Em Balbina, o volume emitido chega a 1.719 gramas de dióxido de carbono por quilowatt/hora.

Na avaliação de Zimmermann, o interesse por usinas hidrelétricas caiu no mundo desenvolvido porque esses países já aproveitaram seu potencial hídrico e, desde os anos 2000, teve início uma campanha internacional contra as hidrelétricas: “Mas, em países em desenvolvimento, como é o caso da América do Sul, que tem um potencial grande; da África e da Ásia, não tem por que parar de fazer hidrelétrica, e o Banco Mundial reconheceu isso.”

O diretor-geral do Cepel, Albert de Melo, destacou outro aspecto da pesquisa, que, segundo ele, foi pioneira em verificar se os ecossistemas inundados pelos reservatórios eram emissores ou absorviam gases do efeito estufa. “Hoje, a gente tem a melhor base de dados que poderia ter no Brasil, e nas regiões tropicais com certeza.”

A pesquisa teve origem em uma chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e contou com a colaboração da Eletronorte, Chesf, de Furnas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental e de diversas universidades federais. Mais de 100 especialistas participaram do estudo. 

Fonte: Agência Brasil

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