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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Afinal, o câncer é mesmo uma questão de azar?

Uma pesquisa divulgada no fim do ano passado causou polêmica ao afirmar que a “má sorte” é um dos fatores que mais causam câncer, mais até do que riscos conhecidos, como o hábito de fumar. Desde então, houve uma onda de críticas ao estudo americano, conduzido por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e da Escola de Saúde Pública Bloomberg.


Algumas das críticas eram direcionadas aos pesquisadores. Outras, aos jornalistas.

Então as matérias sobre o estudo exageraram? O que deveriam ter dito?

A maioria das manchetes na época giravam em torno de algo como “Maior parte dos casos de câncer é causada por simples azar”, inclusive a da BBC Brasil.

Inicialmente, para entender o estudo, publicado na revista científica Science, ajuda muito entender a ciência básica por trás do câncer.

A doença ocorre quando células em uma parte específica do corpo começam a sofrer mutações e se reproduzirem incontrolavelmente. As células cancerígenas podem invadir e destruir tecidos.

Fatores ambientais – Os pesquisadores da Johns Hopkins afirmaram ter encontrado uma correlação entre o número de divisão celular que ocorre em um determinado tecido e a probabilidade dele se tornar cancerígeno.

Eles analisaram 31 tipos de tecido. “Alguns eram bastante estáveis, como o muscular e o cerebral, que não se dividem quando param de se desenvolver”, disse P Z Meyers, biólogo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.

“Então, eles têm uma baixa probabilidade de desenvolverem um câncer, enquanto o revestimento epitelial do intestino está constantemente se regenerando. E essas células têm uma maior probabilidade de se tornarem cancerígenas.”

Se você fuma, você aumenta em muito a chance de ter câncer de pulmão. Outros fatores comportamentais e ambientais são conhecidos por causar esse e outros tipos de câncer.

Mas algumas pessoas que não fumam também desenvolvem câncer. Além disso, outros fatores ambientais e genéticos não têm impacto em outros tipos de câncer.

Assim, quantos dos casos de câncer são causados por um erro aleatório na divisão celular?

Os pesquisadores dizem que calcularam esse porcentual e chegaram à conclusão de que dois terços (65%) “das diferenças em risco de se desenvolver câncer em diferentes tecidos” se deve à divisões celulares que deram errado, ou seja, “azar”.

Muitos veículos concluíram que isso significava que dois terços dos casos de câncer eram resultado de uma divisão celular desordenada. Não era isso que a pesquisa dizia.

No entanto, para muitos, não ficou claro o que a pesquisa dizia exatamente.

Ao que os 65% se referiam exatamente? A explicação mais provável é a de que os pesquisadores se referiam à correlação entre divisão celular em diferentes tipos de tecido e à tendência desse tecido de desenvolver um câncer.

Críticas de todos os lados – Se você imaginar um gráfico, teria todos os diferentes tipos de câncer com a frequência de divisão em um dos eixos e a frequência do câncer em outro.

Se os pontos fossem marcados por todo o gráfico, você diria que não há relação entre divisão celular – o que os pesquisadores chamam de má sorte – e o câncer.

E se todos os pontos se alinhassem perfeitamente, haveria 100% de correlação entre divisão celular e câncer.

A resposta que os pesquisadores encontraram parece está em algum lugar no meio do caminho dessas duas possibilidades: os pontos no gráfico se alinham razoavelmente, então, a taxa de divisão celular é 65% relacionada à taxa de câncer.

Mas, se isso estiver certo, também haveria críticas sobre o método de pesquisa.

Os autores do estudo não puderam dar uma entrevista à BBC, mas disseram que estão escrevendo um estudo técnico para esclarecer o estudo inicial.

Então quem culpar pelas manchetes confusas? O epidemiologista George Davey-Smith, da Universidade de Bristol, argumenta que não se pode culpar jornalistas de sites, TVs e jornais da grande mídia.

A manchete do próprio editorial da revista Science, ele lembra, era “a má sorte do câncer”, sendo que em seguida lia-se: “Análise sugere que maioria dos casos não pode ser prevenidos.” “Então, não é justo culpar os jornalistas – eles apenas copiaram o que a revista e o release diziam.”

Mas se as manchetes eram enganosas, o estudo também foi alvo da mesma crítica, Segundo P Z Myers. “A importância do estudo é que ele diz, sim, que se você tem câncer, você não devia se culpar por isso. E acho que isso é algo que as pessoas que têm câncer gostariam de ouvir.” 

Fonte: G1

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