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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A indústria petrolífera e a morte dos recifes de corais em todo o mundo

Mergulhadores de comunidades costeiras do mundo todo colocaram uma fita que levava escrito “cena do crime” em volta de diversos recifes de corais mortos.
Isso foi feito durante vários mergulhos para mostrar os danos catastróficos causados a esse importante ecossistema marinho. Eles alegam que a indústria dos combustíveis fósseis é a culpada por essa perda. Uma série de fotografias tiradas embaixo d’água nas Ilhas Marshall, Samoa, Fiji, Andamão, na Flórida e na Grande Barreira de Corais da Austrália foi publicada hoje, com o intuito de chamar a atenção para os impactos causados pela maior descoloração massiva de corais da história. Essa é uma das consequências do comportamento negligente da Exxon e de empresas de combustíveis fósseis que tentam impedir o movimento global pelo clima.

“A morte rápida de tantos corais no mundo todo este ano é uma tragédia para as pessoas que dependem desses ecossistemas. O mais repugnante é o fato de que tudo isso poderia ter sido evitado se a Exxon e outras empresas da mesma laia tivessem falado a verdade sobre as mudanças climáticas quando as descobriram. Não é exagero dizer que elas mataram os recifes; é uma questão de física e biologia”, afirmou Bill McKibben, consultor sênior e cofundador da 350.org.

Uma pesquisa recente confirma que a temperatura do mar acima da média causa essa descoloração em 38 países, como resultado das mudanças climáticas causadas pela ação humana no mundo todo, e não pela poluição local, como foi alegado anteriormente. Além disso, ficou comprovado que a indústria dos combustíveis fósseis é a principal culpada por esses impactos. Desde o século passado, empresas como a Exxon decidiram ignorar os alertas de seus próprios cientistas e investir recursos para enganar o público ao financiar grupos que negam a existência das mudanças climáticas, votar contra resoluções de acionistas relativas a esse tema e obstruir a ação climática.

Os recifes de corais coloridos e brilhantes, cheios de vida, tornaram-se brancos, depois marrom escuros, até morrerem e serem cobertos por algas. Em lugares como a Grande Barreira de Corais, na Austrália, até 50% dos recifes antes saudáveis descoloriram e morreram. Na América do Norte, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) prevê que Guam, a Comunidade das Ilhas Marianas Setentrionais, a Micronésia Oriental e a Ilha de Hainan (China) possam sofrer a pior descoloração nos próximos meses. Também haverá descoloração no Havaí e em vários pontos do Caribe.

Esse fenômeno teve início em 2014 com uma descoloração que se estendeu do oeste do Pacífico até a Flórida. Em 2015, espalhou-se pelo mundo todo, principalmente em decorrência do impacto do aquecimento global, pois a maior parte da descoloração ocorreu antes do El Niño de 2015/2016. Os recifes abrigam aproximadamente 25% das espécies marinhas. Portanto, uma descoloração massiva de corais coloca em risco o meio de subsistência de 500 milhões de pessoas, além de bens e serviços no valor de US$ 375 bilhões a cada ano.

A Exxon é um exemplo de como as empresas de combustíveis fósseis ganham centenas de bilhões enquanto destroem alguns dos lugares com maior biodiversidade da Terra, financiando uma ampla rede que nega a existência das mudanças climáticas. Recentemente, a Exxon adquiriu na América Latina dois blocos para a exploração de petróleo e gás de xisto: na Bacia do Ceará e na Bacia Potiguar, no Brasil. A empresa também planeja investir mais de US$ 10 bilhões nas próximas décadas em Vaca Muerta, um dos maiores depósitos de gás de xisto do mundo, localizado na Patagônia argentina.

A atração pelo “ouro negro” estimulou grandes investimentos em Vaca Muerta, que apresentou um crescimento populacional considerável: de três mil habitantes para seis mil habitantes em menos de dois anos. A população enfrenta um conflito entre uma economia de subsistência e a atividade extrativista em um território dominado pelo setor de hidrocarboneto, onde prevalece a violação dos direitos humanos. Por sua vez, as bacias brasileiras abrigam ecossistemas que possuem um papel fundamental na preservação de espécies, como o peixe-boi.

“A resistência contra o fracking tem crescido progressivamente na América Latina. Um número cada vez maior de pessoas criou consciência sobre as sérias ameaças que essa atividade representa para o meio ambiente, a água, o ar e a saúde das comunidades locais. Continuaremos informando os cidadãos e empoderando-os para que pressionem as autoridades a impedir que a destruição dos recursos terrestres e marinhos dos quais as pessoas dependem continue. Ao mesmo tempo, esperamos que as empresas façam a sua parte e parem de investir em energias do século passado”, defende Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina.

Fonte: EcoDebate

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