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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Monsanto terá que indenizar vítima de câncer em US$ 289 milhões

Dewayne Johnson foi exposto ao produto enquanto trabalhava como zelador em uma escola.


Esta é uma daquelas notícias que é preciso ler duas vezes para acreditar. Um júri em São Francisco (Califórnia), nos EUA, condenou a Monsanto a pagar Dewayne Johnson, um zelador de 46 anos, que após anos de contato com o produto Roundup e RangerPro, descobriu um linfoma não-Hodgkin, tipo de câncer que se origina nos gânglios, agora em fase terminal.

Johnson foi exposto ao produto enquanto trabalhava como zelador em uma escola. Sua defesa alega que ele aplicava os produtos de 20 a 30 vezes por ano e inclusive, por duas vezes, sofreu acidente onde ficou ensopado por agrotóxicos e tudo isso contribuiu para sua condição de saúde diagnosticada em 2014.

Segundo o júri, a Monsanto “agiu com malícia ou opressão”, uma vez que sabia ou deveria saber que o herbicida era perigoso. Durante o julgamento, foi dito que Johnson pode ter apenas alguns meses de vida e que sua esposa foi forçada a trabalhar em dois empregos para ajudar a pagar pelo tratamento do linfoma. O caso foi o primeiro a ser julgado nos Estados Unidos com base na tese de que o glifosato é cancerígeno.

Posicionamento
Após o veredito, o vice-presidente da Monsanto, Scott Partridge, afirmou que vão apelar por meio de processo legal da decisão para obterem o “resultado certo”. Ainda na fala, afirmou que o glifosato, herbicida que é o ingrediente-chave do Roundup e RangerPro, “é totalmente seguro e o público não deve se preocupar”. 

O discurso de Partridge vai de encontro a diversos estudos e evidências científicas. Muitas pesquisas ainda estão em andamento, mas fica cada vez mais claro a periculosidade dos herbicidas da Monsanto. Até mesmo a Organização Mundial da Saúde já classificou o glifosato como “provavelmente cancerígeno para humanos”.

Detalhe importante: a acusação do zelador não concentrou a alegação com base apenas no glifosato e sim em todo o produto e suas demais substâncias potencialmente perigosas, que juntas contribuíram para o surgimento do câncer. 

Repercussão
Após a decisão norte-americana, ativistas do Greenpeace na Austrália pediram ao governo que suspenda a venda do herbicida Roundup. A medida, segundo a organização, seria de  “exercer o princípio da precaução” até que novos estudos sejam concluídos.

Já no Reino Unido, uma revendedora de produtos para o lar e centro de jardinagem, chamada Homebase, decidiu que vai analisar se continuará a vender Roundup.

A questão maior em todos os países é que ele é considerado seguro pelos órgãos reguladores de governos de todo o mundo. Mas talvez a pressão popular (e a pressão do dinheiro) possam ajudar: na última segunda (13), a Bayer, proprietária da Monsanto, perdeu mais de 9% na Bolsa de Frankfurt. E mais: as ações de uma fabricante australiana de um produto similar, a Nufarm Ltd, caíram 17% após a decisão do júri californiano.

Foto: JeepersMedia/Flickr
Fonte: EcoDebate

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