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segunda-feira, 2 de março de 2015

Já encheu a sacolinha! crônica de Ulisses Tavares

Eu, boboca sempre pré-ocupado com os animais e a natureza, sofro da síndrome do saco cheio com essa história das sacolinhas de supermercados.


Como sou também dublê de dona de casa atualizada e atenta aos imperativos ecológicos destes tristes tempos nestes tristes trópicos, ouço e converso muito com a mulherada durante as compras. Dicas de culinária, banalidades em geral, e até ocasional papo cabeça.

Infelizmente, tive de deixar de lado o assunto das sacolinhas.

A maioria das consumidoras lamenta e detesta o fim desse conforto que é enfiar as compras em mil saquinhos plásticos e depois jogar fora para poluírem os bueiros, os esgotos, os rios e os mares. A maioria é gente boa de milhões de amélias que cuidam bem do lar, mas não está nem aí para o lar de todos, a nossa Terra. Zelam pela família, mas não incluem nela os peixes e outros animais marinhos que irão morrer, engasgados e sufocados, pelas malditas embalagens descartadas.

Como Freud, desisti de entender as mulheres, ao menos estas alienadas que vejo e observo fuçando as prateleiras.

Só não desisti é de protestar contra os governantes, autoridades e funcionários públicos (aqueles burrocratas que nos atendem para nos ferrar e justificar seus carguinhos e o cartaz que diz que não se pode ofender funcionário público), que superam os cidadãos consumidores em hipocrisia e miopia ambiental.

Até quando acerta, esse bando erra feio.

Primeiro, proibiram as sacolinhas.

Ok, foi gol, na trave. Os supermercados faturaram pacas em sacolas retornáveis e se livraram de uma despesa.

Daí entrou o lobby dos fabricantes e as nefandas camisinhas de comestíveis voltaram.

Não ouvi ninguém reclamando, só elogiando. Por isso calei minha boca grande diante de minhas amigas sofredoras, digo, consumidoras. A quase ninguém ocorre ter pouco mais de trabalho para muito ajudar o planeta.

Apenas uma senhorinha, até hoje, me apoiou: certo seria não comprar latinhas, mas levar as garrafas de cerveja e encher o caneco; ter sua própria sacola ou carrinho no leva e traz; não comprar mais que o necessário, e por aí vai.

Não resolve, mas alivia a barra do planeta.

Agora, as otoridades, aqui em Sampa, botaram o prego no caixão: só usaremos sacolinhas verdes. Traduzindo: sacolinhas feitas de cana de açúcar. Segundo os fdps (filhos da prefeitura), elas suportam até três garrafas pets cheias, anunciaram com orgulho.

Seria de rir, não fosse pra chorar: lucra a lavoura canavieira que, com aval verde, avançará sobre as matas nativas; lucra a indústria das garrafas pets, que esmerdeia as águas; lucra o político demagogo.

Só não lucra o meio ambiente.

Ah, sim, lembrei: não estou atacando os petistas, nem aecistas, nem quejandos.

Pelo que também vejo, ouço e converso nos supermercados das ideologias, o tema do ecossocialismo é tabu.

Das sacolinhas, então, nem se fala.

Ulisses Tavares, inspirado no filósofo ateniense Zenão, prefere não falar com reis, mas com quem o entende. Zenão repartia seu alimento e sabedoria com os cães de rua. Coisas de poeta.

Colaboração de Nathália Lippi, para o Portal EcoDebate, 02/03/2015

"Já encheu a sacolinha! crônica de Ulisses Tavares," in Portal EcoDebate, 2/03/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/03/02/ja-encheu-a-sacolinha-cronica-de-ulisses-tavares/.

Fonte: EcoDebate

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