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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Estudo alerta para riscos de efeitos duradouros da subnutrição

A terapia nutricional salvou a vida de milhões de crianças subnutridas, mas pode não restaurar o equilíbrio da flora intestinal, imprescindíveis para a saúde, alertaram cientistas em artigo publicado nesta quarta-feira na revista científica britânica “Nature”.


Na pesquisa, a equipe de cientistas identificou complicações até agora invisíveis e possivelmente duradouras da fome severa.

Eles afirmaram que isto poderia explicar porque crianças de países pobres ou afetados pela guerra costumam ter dificuldade em se desenvolver completamente e permanecem suscetíveis a doenças após serem tratadas com alimentação especial.

“As intervenções com comida terapêutica têm reduzido a mortalidade entre as crianças com desnutrição aguda severa, mas a restauração incompleta do crescimento saudável permanece um grande problema”, escreveram os autores do estudo, originários dos Estados Unidos e de Bangladesh.

A equipe estudou a flora intestinal de crianças da favela Mirpur, em Daca, Bangladesh, e os comparou com um grupo que recebeu tratamento para a desnutrição aguda severa (na sigla em inglês). Estas crianças foram tratadas e restabeleceram sua saúde ingerindo ora uma pasta a base de amendoim, ora uma comida terapêutica local feita com arroz e lentilhas.

Seus micróbios intestinais, sobretudo bactérias que ajudam a digerir a comida e produzir certas vitaminas, foram testados antes, durante e depois do tratamento. “As crianças que eram subnutridas tinham uma comunidade microbiana imatura, ou seja, inapropriada para sua idade cronológica”, explicou o coautor do estudo, Jeffrey Gordon, do Centro de Ciências do Genoma e Biologia dos Sistemas da Universidade de Washington em Saint Louis.

“Assim, estas crianças estão andando por aí com uma falha no desenvolvimento relativa às células microbianas que formam um órgão, um órgão microbiano”, continuou.

Acompanhamento é necessário – Os cientistas descobriram um impulso de curta duração nas bactérias estomacais após a terapia nutricional, que se reverteu quatro meses depois da interrupção do tratamento. “Agora temos uma hipótese para seguir, a de que o crescimento saudável das crianças não é alcançado totalmente a menos que haja uma maturação adequada de sua comunidade microbiana, e os tratamentos atuais não são suficientes para produzir um reparo duradouro”, disse Gordon.

O coautor do estudo, Tahmeed Ahmed, do Centro de Nutrição e Segurança Alimentar de Daca disse que a descoberta também pode indicar novos tratamentos – talvez um período mais longo de terapia nutricional para as 600.000 crianças até os cinco anos que, segundo ele, estavam sofrendo de SAM em Bangladesh e corriam ‘um risco extremo de morte’.

Os pesquisadores também indicaram um tratamento potencial com probióticos, que são micro-organismos benéficos ingeridos por humanos. “Podemos usar, por exemplo, um remédio que contenha bactérias, há bactérias no iogurte, podemos usar bactérias similares que possam modular a microbiota das crianças com subnutrição severa aguda de uma forma mais adequada”, disse Ahmed em um podcast gravado pela “Nature”.

Os efeitos de longo prazo da desnutrição incluem doença diarreica, raquitismo, resposta reduzida às vacinas e anomalias cognitivas.

Porém, animais seriam intermediários já que vírus teria vindo de morcegos. Dados foram publicados por pesquisadores em revista científica. 

Fonte: G1

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