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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Reunião em Paris sobre aquecimento global consegue avanços rumo à COP21

Quarenta personalidades religiosas e vozes relevantes da sociedade civil se reuniram nesta terça-feira (21) em Paris em uma “cúpula das consciências sobre o clima”, enquanto na frente diplomática houve progresso significativo em face de um acordo global no final do ano.

A quatro meses para a aguardada COP21, conferência sobre o clima de Paris, o encontro foi convocado após constatar “que a crise climática não se reduz apenas às dimensões científica, tecnológica, econômica e política”, mas trata-se também de uma “crise de sentido”, ressaltou o presidente francês François Hollande.

“Why do I care” (“por que me importo”, em inglês) é o slogan desta cúpula que contou com a participação de importantes atores mundiais como o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, o pioneiro do microcrédito em Bangladesh e prêmio Nobel da paz em 2006 Muhamad Yunus, e o o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.

O ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, que ajudou a organizar o evento através de sua rede R20, transmitiu uma mensagem por vídeo.

Todas estas personalidades “se reuniram para enviar uma única mensagem: é preciso chegar a um acordo em Paris, na conferência do clima. Não é apenas uma questão de chefes de estado ou de governo, mas de todos os habitantes do planeta”, destacou Hollande.

O evento foi organizado por iniciativa do ex-apresentador de televisão francês Nicolas Hulot, grande defensor do meio ambiente e enviado especial de Hollande para a proteção do planeta.

“A crise climática é a suprema injustiça”, disse Hulot aos participantes, referindo-se às vítimas das alterações climáticas, que poderão futuramente competir pelo acesso à água ou serem forçados a abandonar suas casas.

O que está em jogo em Paris “é a paz ou o conflito, e vamos escolher a paz”, proclamou Hulot, sob uma chuva de aplausos.

Um grupo de índios brasileiros – vestindo trajes tradicionais, penas na cabeça e rosto pintado – deu um testemunho comovente calorosamente aplaudido pela plateia. “Nossas terras estão sendo destruídas pela ganância dos homens”, disse Valdelice Veron, porta-voz do povo Guarani Kaiowá. “Nós nos recusamos a morrer em silêncio”, afirmou a líder indígena.

Evitar o fracasso de Copenhague – A próxima conferência sobre o clima reunirá sob a égide da ONU seus 195 países-membros, de 30 de novembro a 11 de dezembro em Le Bourget, norte de Paris.

A comunidade internacional estabeleceu como objetivo o limite a 2°C no aumento na temperatura causado pelas emissões de gases de efeito estufa – caso contrário, um impacto grave e irreversível será causado ao planeta.

Paralelamente à “cúpula das consciências”, representantes de cerca de quarenta países – incluindo trinta ministros – participaram de uma sessão de negociações informais a portas fechadas para tentar resolver as diferenças e facilitar a celebração de um acordo em dezembro.

“Houve um avanço”, disse a negociadora francesa Laurence Tubiana, notando que os representantes fizeram progressos em várias questões-chave. “Existem apenas 46 países, agora é necessário atrair os demais” para as negociações formais sob a égide da ONU, mas “mesmo assim trata-se de muitos países (…) estamos num ponto de inflexão nas negociações”.

Os participantes concordaram, em especial, no princípio de um acordo perene e um mecanismo de revisão periódica a cada cinco anos.

O objetivo é envolver os políticos com antecedência suficiente para evitar um fracasso como em Copenhague, em 2009, onde os chefes de Estado intervieram no último minuto.

Chefes religiosos tiveram espaço de fala fundamental na cúpula desta semana na capital francesa. O cardeal ganense Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, provável representante do Papa na COP21, pediu que se tome o “caminho duro” de uma ” mudança de rumo”.

Na mesma linha, o patriarca ecumênico Bartolomeu, que detém uma autoridade honorária sobre todos os ortodoxos, destacou: “nossa responsabilidade está à altura da emergência”.

Os participantes da cúpula assinaram um “chamado de consciências”, dirigido a cada chefe de delegação participante na COP21.

A conferência também foi a ocasião para o lançamento da iniciativa “Fé em Ação Verde”, que visa tornar “as cidades de peregrinação de todas as convicções religiosas e espirituais sejam livres de carbono e resistentes às alterações climáticas”. As cidades participantes do projeto são Meca, Tuba, Lourdes, Fátima, Amritsar e Varanasi.

Fonte: UOL

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