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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Um ano após ‘megalimpeza’, novo mutirão é feito no rio Tietê em Salto/SP

O trecho do rio Tietê que atravessa a cidade de Salto (SP) passava por uma grande operação de limpeza há um ano. Equipes da prefeitura e da limpeza pública se organizaram para promover uma ação histórica que retirou 18 toneladas de lixo do rio – 12 toneladas apenas na região do complexo da cachoeira, que compreende o memorial, ponto turístico da cidade.

Apesar do cenário atual ser bem diferente, uma nova operação está sendo promovida no trecho com os mesmos coletores do ano passado. Em 2014, a primeira fase do trabalho durou duas semanas e depois seguiu para o Parque de Lavras, onde também havia muito lixo. Agora, a operação que começou nesta terça-feira (21) deve durar em torno de três dias.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, José de Conti Neto, o trecho do o rio Tietê está, atualmente, com mais ou menos 60 m³ por segundo de vazão. As comportas foram fechadas e ainda existe um pouco de água no local, mas nada que comprometa o trabalho. Nesta mesma época, no ano passado, a vazão estava entre 35/40 m³ por segundo, por causa da estiagem atípica que foi registrada na época.

Ainda de acordo com o secretário, a preocupação é que, com as chuvas, a sujeira que está concentrada no trecho do rio em Pirapora do Bom Jesus desça para Salto. “O risco disso acontecer é considerável”, explica Conti Neto.

Soluções – Em nota a Sabesp informa que desde 1993 executa o Projeto Tietê, que já reduziu em 459 km (-86,6%) a mancha de poluição no Rio Tietê. Paralelamente, a companhia vem ampliando o sistema de coleta e tratamento de esgoto, hoje em 87% e 67% respectivamente. Além da coleta e tratamento de esgoto, o combate à poluição difusa, de responsabilidade das prefeituras, e o controle do despejo de fósforo e nitrato em produtos de limpeza e higiene são essenciais para evitar a formação da espuma.

De acordo com a prefeitura de Pirapora do Bom Jesus, as espumas se formam pela carga poluidora que não são produzidas em Pirapora, que possui inclusive ETE – Estação de tratamento de esgotos, não cabendo o ônus que são impostos em relação aos efeitos da poluição.

Além disso, existe uma cobrança para que a Sabesp e a Cetesb dêem uma solução para a poluição que atinge o Rio Tietê. Ao mesmo tempo, a prefeitura afirma que sabe que o Governo do Estado tem o compromisso de reduzir essa mancha de poluição nos próximos cinco anos. Por enquanto, não há previsão de nenhuma ação de limpeza local do Rio.

Dever cumprido – Elison dos Santos tem 29 anos e está em Salto há três anos. O sergipano, que chegou a São Paulo em busca de trabalho, é gari e voltou a fazer parte da equipe dos funcionários que recolheu o lixo às margens do rio e se diz satisfeito em retirar tanta “coisa ruim” do local. “A gente aprendeu a descer de rapel. No começo foi difícil porque era muito alto (cerca de 10 metros), mas agora estamos acostumados. É como descer com as “mãos nas costas”. A gente fica feliz pelo trabalho que faz. O que fica é a sensação de um dever cumprido pelo trabalho que fizemos”, diz.

Ele acha, no entanto, que a limpeza pesada deveria ter início bem longe do local: em São Paulo, a cerca de 100 km de Salto, e onde o rio começa a ficar poluído depois de nascer em Salesópolis (SP), perto da Serra do Mar. “Isso devia começar na capital e chegar até a gente. Tudo o que está aqui veio de lá, então precisa que as pessoas de São Paulo se conscientizem que tudo o que eles jogam errado chega até aqui”, diz Elison.

Água escura – Em junho, as águas do rio Tietê voltaram a apresentar coloração escura e o rio ficou acinzentado. As frequentes mudanças na tonalidade do principal rio paulista preocupam os moradores, já que no ano passado, a água chegou a ficar preta. Segundo os moradores, a água começou a ficar cinza no sábado e clareou no começo da tarde de domingo, mas ainda chamava a atenção de quem passava pelo local.

João Conti afirma que percorreu trechos do rio no final de semana. Ele acredita que essa mudança na cor da água pode ter sido provocada pela chuva do fim de semana. De acordo com Conti, o aumento na água pode ter revirado o material depositado no fundo do rio ou trazido resíduos da capital paulista.

Fonte: G1

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