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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A mídia e seu papel primordial no emburrecimento do povo brasileiro

Ana Candida Echevenguá

Política partidária e televisão são duas instâncias na sociedade brasileira que parecem reunir o maior número de pessoas despreparadas e desqualificadas. É como se escolhessem a dedo as piores pessoas, com raras exceções, para legislar ou executar, animar shows de auditórios ou de entrevistas, etc... (Marilene Felinto). 


Isso é verdadeiro e lamentável! Quer aprender besteira? Desaprender o que já sabe? Liga a TV (a TV aberta oferece lixo a seu público!). Abre um daqueles jornais em que escorre sangue das letrinhas! A mídia, hoje, exerce papel primordial no emburrecimento da massa; é perversa e taxativa na desinformação...

Na guerra pela audiência, as emissoras de TV banalizam a violência, o erotismo, o uso de drogas... elas estão recheadas de programas que exploram a miséria humana, afrontando Direitos Humanos, tanto dos participantes como dos expectadores. 

A ideia de que o “povão” gosta disso é mentirosa. A ele é impingida essa realidade como nova forma de escravatura. 

De vez em quando, aparece alguém querendo discutir esses assuntos com seriedade, informar... Mas a mídia não concede espaços para debates aprofundados. E isso ocorre porque sempre atrás do sistema há uma ideologia que manipula a verdade, elege suas vítimas e algozes. Afinal, a verdade é um jogo dialético. 

A grande preocupação dos governos ditatoriais é evitar a conscientização do povo. Por quê? Porque certo grau de evolução social e política de um país permite que os governados questionem a conduta de seus governantes. E isso é prejudicial aos anseios destes.

Não interessa, a quem exerce o poder, uma sociedade politizada; ele quer comandar uma sociedade desunida, fraca e  dominada. 

FHC, enquanto presidente do Brasil, falava em censura aos meios de comunicação. Mas seu objetivo era reduzir, cada vez mais, o direito de informar. 

Vocês não percebem que isso está acontecendo conosco no Brasil,... em Santa Catarina,... na nossa cidade? Há uma conspiração para que sejamos  ignorantes, pra que a gente saiba meias-verdades, ou mentiras inteiras. 

E esta situação dramática é fruto da influência do dinheiro sobre os meios de comunicação que hoje representa o quarto poder: o Poder da Mídia. Ele cria picaretas, cínicos, safados, ladrões, presidente da República... 

Uma vez que o nosso povo não está conseguindo pensar, não há censura moral do público. O capital apropriou-se dos meios de comunicação e tenta transformar o ser humano em coisa. A televisão, por exemplo, conduz seus adeptos a um caminho divorciado da realidade e da política. De igual sorte, as redes sociais buscam o mesmo objetivo. 

E o eleitor, se não sabe em quem votou nem a razão desse voto, é integrante da corrupção generalizada. Não pode reclamar de governantes corruptos porque colocou estes corruptos no Poder. 

Neste momento, não adianta brigar com a mídia, mas mobilizar a sociedade e levar discussões para dentro dela. Felizmente, ainda há espaço livre para demonstrarmos repulsa e buscarmos a democratização dos meios de difusão do pensamento. 

A “revolução hoje passa pela palavra e não pelas metralhadoras”, frase célebre de Plínio de Arruda Sampaio, um dos fundadores do PT. Através do confronto de teses será viável o aprimoramento intelectual de todos. Reclamando e opinando, estimularemos o espírito crítico. A sociedade e os formadores de opinião devem discutir regras sobre 'o que pode e o que não pode ser publicado'. 

A informação é submetida à responsabilidade de quem a divulga. Do ângulo da ética, vê-se infratores contumazes dos princípios da Ciência da Moral.

 Pensando nisso, lembrei de um dos principais críticos da mídia no país, Alberto Dines, defensor do jornalismo comprometido com o cidadão e com a cidadania e precursor do Observatório da Imprensa, a mais bem-sucedida experiência de crítica da mídia já realizada no Brasil. 

E, finalizo com pensamentos de Albert Einstein que julgava a educação contemporânea repassada às crianças, era eivada de dogmas, farsas e mentiras do Estado.

“Quando ensinarás teus filhos a questionar a vida, os dogmas, farsas e mentiras que o estado e a educação contemporânea lhe injetam nas veias a força?... Eu prefiro uma criança rebelde, crítica, criativa e autônoma no lugar dessas pobres criaturas domesticadas, massificadas e servis”.



Ana  Candida  Echevenguá, OAB/RS  30.723, OAB/SC 17.413, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em Direito do Consumidor. Coordenadora do Programa Eco&Ação, no qual desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais, difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. email: ana@ecoeacao.com.br.

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