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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Perigos dos agrotóxicos, artigo de Roberto Naime

Lourenço Canuto, da Agência Brasil, registra reunião de especialistas para debater o uso inadequado de agrotóxicos nas lavouras, que alertaram para a importância de substituir os defensivos agrícolas por produtos de menor toxicidade e também para o perigo do uso de agrotóxicos contrabandeados.


Observaram que é preocupante a contaminação dos produtos agrícolas e de origem animal que pode afetar a saúde humana. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, José Luiz Santana, ponderou que o uso de defensivos acaba sendo necessário para que a produção agrícola mundial se situe no patamar anual de 2 bilhões de toneladas de grãos.

Mas observou que “é preciso que a própria sociedade cobre o emprego correto desses produtos de forma que os efeitos negativos para a saúde do consumidor sejam reduzidos”.

O médico e doutor em toxicologia da Universidade Federal de Mato Grosso Wanderlei Pignatti indagou “onde vai parar todo esse agrotóxico” e defendeu a reciclagem das embalagens vazias a fim de não contaminarem o meio ambiente. Isto já ocorre e o país é exemplo mundial de eficiência nesta dimensão.

Pignatti alerta que a chuva e os ventos favorecem a contaminação dos lençóis freáticos, mesmo longe das áreas de aplicação. Entre os defensivos agrícolas mais perigosos, ele cita os clorados, que estão proibidos em todo o mundo e ainda são utilizados largamente no Brasil. São defensivos que causam problemas hormonais e que podem afetar a formação de fetos, segundo o médico.

Relatou que nos locais onde o uso de agrotóxicos não é feito com critério, encontram-se casos de contaminação do próprio leite materno, “o alimento mais puro que existe”, o que ocorre pela ingestão do leite de vaca. “A mulher vai ter todo o seu organismo afetado quando o seu leite não estiver puro e os efeitos tóxicos podem ficar armazenados nas camadas de gordura do corpo”.

Ele lembrou ainda há resolução do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que proíbe a pulverização de agrotóxicos num raio de 500 metros onde haja habitação e instalações para abrigar animais, distância que tem que ser observada também em relação às nascentes.

O engenheiro agrônomo Mauro Banderali, especialista em instrumentação ambiental, também da área de aterros, outro entrevistado, destacou que “o preparo da pulverização agrícola muitas vezes é feito sem que haja uma previsão meteorológica adequada que indique se vai chover ou não. Isso vem a calhar no caso das intensidades e direções do vento, da previsão da chuva e que muitas vezes agroquímicos são aplicados e em pouco tempo a chuva chega e os carrega para o solo causando contaminação”.

Outra questão que ele atribui como muito relevante, “é que a concentração dos produtos hoje chega a tal ponto que qualquer quantidade de produto químico, pode contaminar muitos metros cúbicos de água”.

O professor José Luiz Santana ressalvou que há no país propriedades muito bem administradas, onde há a preocupação de manter práticas sustentáveis. Ele denunciou que há agricultores que usam marcas tidas como ultrapassadas na área dos químicos e que podem ser substituídas por alternativas de produtos mais evoluídos, disponíveis no mercado, que podem ser menos impactantes.

Para ele, apesar da seriedade do assunto, “não se deve assustar as pessoas quanto ao consumo de alimentos”, já que as áreas do governo que cuidam do tema têm o dever de trabalhar pelo bom uso dos agrotóxicos. Ou seja, não se deve ser alarmista ou catastrofista. E conforme ressaltou, a agricultura conta com um “trabalho de apoio importante por parte de organizações não governamentais que procuram difundir o uso correto dos defensivos agrícolas.

Referência:

Especialistas alertam para o perigo dos agrotóxicos para a saúde humana e o meio ambiente

* No EcoDebate, sugerimos que acessem a tag Agrotóxicos



Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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