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sexta-feira, 15 de abril de 2016

A perspectiva das construções sustentáveis, artigo de Reinaldo Dias

Ao longo das últimas décadas tem observa-se um avanço no debate sobre a responsabilidade social nas indústrias, tanto na sua relação com o meio ambiente quanto nos impactos que estas podem provocar na comunidade onde está integrada.


Contudo esse avanço no nível de debate não ocorre com a mesma força no setor da construção, atrasando o desenvolvimento de formas alternativas e socialmente comprometidas. Ainda há um número significativo de práticas condenáveis, tais como: a construção em regiões inadequadas, de baixa qualidade ambiental e sem preocupações com o usuário final. Acontece que é um problema cuja responsabilidade não deve recair somente nesse segmento empresarial. Há pressão de parte da sociedade por moradias mais baratas, com vistas para a natureza, ou praias paradisíacas sem preocupação com a manutenção do equilíbrio de ecossistemas sensíveis como os mangues.

Acontece que os tempos estão mudando, está ocorrendo uma mudança no modo de pensar das pessoas, implicando uma revolução no estilo de vida e maior envolvimento com a necessidade de preservar o planeta para que se mantenha um estilo de vida harmonioso com a natureza.

Em termos econômicos, para qualquer empresa, são fundamentais aspectos como a liquidez e a eficiência. No entanto problemas como a elevada taxa de desemprego, a pobreza que apela a nossa solidariedade como indivíduos, e outras questões, tais como as ambientais relacionadas com as alterações climáticas e a disponibilidade de água, mostram a necessidade de preservar o planeta como um meio de nossa sobrevivência.

Quanto a construção civil, a meta a ser atingida por um setor renovado tende a ser a construção de moradias que sejam acessíveis à população, de modo geral, e ao mesmo tempo rentáveis, minimizando os impactos ambientais tanto na etapa de construção quanto durante a utilização dos edifícios. Ao mesmo tempo em que devem ser concebidos e construídos com uma orientação clara voltada para a saúde e o bem-estar dos usuários. Este é um caminho que desafia o atual estado de coisas predominante em algumas empresas do setor, que procura maximizar seus ganhos em detrimento da qualidade de vida dos clientes, com a construção de unidades habitacionais inadequadas para viver com dignidade e conforto.

Algumas estratégias são indispensáveis para se caminhar rumo a construções sustentáveis. Destaca-se a necessidade de construir de forma diferente da usual, aproveitando as condições locais, integrando a construção ao entorno, minimizando os impactos ambientais dos materiais utilizados, os impactos motivados pela produção de resíduos, redução do consumo de energia e água, preservação da biodiversidade local e de todo o ecossistema, adaptar a construção aos futuros riscos das mudanças climáticas entre outras medidas.

A questão energética ganhará um peso cada vez maior em função da pressão social pela adoção de energia renovável, com a perspectiva de diminuição da dependência do fornecimento tradicional, buscando a autossuficiência das unidades habitacionais através de micro geração ou geração local que pode ser solar, eólica ou térmica em função de cada realidade complementando a energia gerada com o atual sistema.

O empresário do setor deve se preocupar com a credibilidade social do que está sendo realizado e nesse sentido, a adoção e adequação das construções a certificados de reconhecimento internacional preenche essas necessidades de respeito público e dão mais segurança aos novos procedimentos que deverão ser adotados. Entre esses certificados merecem destaque especial o Breeman (Building Research Establishment environmental assessment Method) e o Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) que gozam de excelente reputação internacional e são relativamente novos no Brasil, permitindo que os pioneiros na sua utilização ganhem um diferencial competitivo fortalecendo sua posição no mercado.

*Reinaldo Dias é doutor em Ciências Sociais, mestre em Ciência Política, especialista em Ciências Ambientais e Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Fonte: EcoDebate

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