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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Pinguins famintos saem à caça do escasso krill antártico

Caminhando entre as rochas, legiões de pinguins se lançam nas águas geladas da Antártica em busca de comida para alimentar suas crias.

Assim como as focas e baleias, também comem krill, um crustáceo de 3 cm parecido com um camarão que está na base da cadeia alimentar do oceano austral.

Mas os observadores dos pinguins asseguram que o krill é cada vez mais escasso na península antártica, ameaçado pelas mudanças climáticas e a pesca excessiva.

“O krill é a planta de energia da Antártica. É uma espécie chave para todos”, diz Ron Naveen, líder do grupo de pesquisa antártica Oceanites, enquanto um grupo de pinguins grasnam nas rochas atrás dele.

A península antártica ocidental aqueceu três graus Celsius no último meio século, segundo grupos ambientalistas como o World Wildlife Fund (WWF).

“Podemos ver os efeitos, como o movimento das geleiras. Podemos ver mudanças nos padrões do gelo. Há algumas mudanças que pensamos ser consequências da mudança climática, que têm a ver com uma mudança nas populações de pinguins”, diz Steven Chown, biólogo da Universidade Monash da Austrália.

“O aumento das temperaturas, o aumento da acidez dos oceanos e, em certa medida, ainda que não esteja muito claro, também a indústria da pesca que procura pelo krill, exercem pressão sobre as populações de predadores que se alimentam basicamente de krill.”

Pesca de arrasto cuidadosa – Sobre as rochosas costas e os icebergs azuis da península antártica e suas ilhas, focas de pele marrom disputam entre si e baleias jubarte mostram seus corpos brancos.

Entre as hordas de pinguins Gentoo de bico laranja estão também alguns pinguins-de-adélia, com seus anéis brancos em torno dos olhos, e os Chinstrap, com uma listra branca na garganta.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) lista os pinguins-de-adélia e o krill entre as espécies ameaçadas pelas mudanças climáticas.

Espécies como a adélia também sofrem pela pesca, diz o organismo, porque as criaturas antárticas têm que dividir o krill com os humanos.

“A pesca de krill poderia acontecer em um local muito próximo de onde estão as colônias de crias de pinguins”, diz Naveen. “E, talvez o mais importante, nas áreas onde os pinguins buscam alimento”.
Os barcos de pesca recolhem 300 mil toneladas de krill por ano, diz a UICN.

São utilizados como alimento no cultivo de peixes e para fabricar suplementos com Omega 3, que dizem acalmar a dor nas articulações e outros males.

Cilia Indahl, chefe de sustentabilidade na empresa pesqueira norueguesa Aker BioMarine, diz que a quantidade total de krill pescado representa apenas 0,5% das 60 milhões de toneladas que anualmente comem os animais marinhos.

A companhia desenvolveu um método para minimizar danos ambientais, diz. Os botes arrastam lentamente, usando redes com filtros especiais para evitar capturar outras criaturas.

“Também consideramos onde pescamos o krill e asseguramos ter uma superposição mínima com os lugares onde se alimentam outros animais, como pinguins e baleias”, assegura.

Pinguins e política – A Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCRVMA) monitora a pesca na Antártica. Os países-membros devem entrar em acordo em questões sensíveis como limites da pesca e áreas proibidas.

Alguns países propuseram manter intocada uma grande zona protegida do Mar de Ross, uma área antártica remota que se mantém pura.

A China aceitou o plano após algumas mudanças, mas os ativistas e funcionários envolvidos nas conversações lamentam de que outro gigante da indústria pesqueira, a Rússia, ainda resista.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, disse em entrevista à AFP que seu país concordou em apoiar a proposta do Mar de Ross após ser modificada para obter um melhor balanço “entre a proteção e o uso racional dos recursos”.

Mas o ministério russo de pesca disse à AFP em um comunicado que o sistema de regulamentação de pesca supervisionada por vários organismos mundiais “se ajusta completamente aos requerimentos modernos com relação à conservação da biodiversidade e não requer nenhuma mudança radical”.

Os ambientalistas também insistem que a CCRVMA renove suas regulamentações atuais no que toca a pesca de krill durante sua reunião anual, marcada para outubro.

“Será uma disputa sobre se a subdivisão da captura de krill, que protege os predadores como os pinguins, continuará ou não”, diz Andrea Kavanagh, chefe da campanha de conservação de pinguins da The Pew Charitable Trusts, uma ONG americana.

“Alguns países como a Rússia e a China disseram na reunião do ano passado que não veem a necessidade disso”, assegura.
“Querem ser livres para capturar tanto krill quanto puderem próximo da península antártica, inclusive ao lado das colônias de pinguins que forem assistir nos últimos 30 anos”.

Os ativistas asseguram que as medidas conservacionistas serão cruciais para o futuro da região, considerada uma das últimas regiões virgens do mundo.

“Quando estou aqui, me sinto na primeira linha da mudança climática”, diz Naveen, que passou 22 anos contando pinguins.
“Está acontecendo agora e esses pinguins tentam se adaptar. Estão nos enviando mensagens sobre como o planeta está mudando”.

Fonte: G1

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