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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Cientistas pesquisam passado para ajudar na preservação da Mata Atlântica

Uma equipe internacional de cientistas terá quase US$ 4 milhões para desenvolver, durante cinco anos, uma ampla pesquisa multidisciplinar que permitirá conhecer melhor a distribuição de espécies animais e vegetais na Mata Atlântica brasileira.


O projeto, coordenado por Ana Carnaval, do City College of New York, Estados Unidos, e Cristina Miyaki, da Universidade de São Paulo, tem financiamento da FAPESP e da National Science Foundation (NSF), tendo sido selecionado na segunda chamada de propostas de projetos de cooperação científica por meio dos programas BIOTA-FAPESP e Dimensions of Biodiversity-NSF.

“Por meio do estudo da Mata Atlântica e das mudanças em sua paisagem e clima nos últimos 120 mil anos, entenderemos melhor como as espécies da floresta responderam a repetidas alterações ambientais no passado. Essa compreensão poderá se revelar importante para estimar como as espécies responderão a futuras mudanças no clima e ambiente”, disse Carnaval, que nasceu no Rio de Janeiro e é professora assistente de Biologia no City College, em notícia divulgada pela instituição.

O projeto, que tem também apoio da Nasa, a agência espacial norte-americana, conta com cientistas de diversas outras instituições, como a State University of New York, o New York Botanical Garden, o American Museum of Natural History, a University of California Santa Cruz, a University of North Carolina, o Institut de Recherche pour le Developpement (France) e a Australian National University.

No período pré-Colombiano, a Mata Atlântica brasileira tinha cerca de 3 mil quilômetros de extensão e formava uma cadeia de florestas contida entre o Oceano Atlântico e as áreas mais secas e mais elevadas no território.

Desde então, estima-se que a floresta tenha se reduzido a 11% de sua área. Apesar da devastação, a Mata Atlântica ainda contém fragmentos com algumas das mais elevadas concentrações de espécies nativas, que não são encontradas em nenhum outro local no planeta.

Os pesquisadores testarão hipóteses para reconstruir cenários de mudanças climáticas no passado. Serão utilizados modelos climatológicos baseados no que se conhece atualmente sobre os ciclos terrestres, além de informações de registros fósseis e de inferências de níveis antigos de umidade com base na geoquímica de depósitos encontrados em cavernas. Dados genéticos de populações atuais serão empregados para compreender como as espécies da Mata Atlântica reagiram a tais alterações.

Ao relacionar dados da distribuição atual de espécies com dados ambientais de análises climatológicas e dados de sensoriamento remoto, os cientistas pretendem caracterizar os ambientes onde ocorrem determinadas espécies.

Segundo Carnaval, a pesquisa poderá fornecer pistas de como animais e plantas responderão às rápidas mudanças ambientais antropogênicas esperadas para os próximos 50 a 100 anos.

Com os resultados da pesquisa, poderá ser possível estimar a ocorrência de espécies e como essa distribuição mudará em resposta a diferentes cenários de mudanças climáticas e ambientais. Isso poderá ajudar a identificar, por exemplo, espécies mais prováveis de se tornarem ameaçadas ou áreas com maior necessidade de proteção ou de pesquisa.

“Por meio dessa colaboração entre o BIOTA-FAPESP e o Dimensions of Biodiversity, estamos estabelecendo uma grande rede de pesquisadores que buscam trabalhar de modo colaborativo e integrado para gerar dados relevantes para a conservação da Mata Atlântica e para divulgar a sua importância para a sociedade”, disse Miyaki à Agência FAPESP.

O projeto apoiado pela FAPESP e NSF prevê a produção de uma exibição científica itinerante para levar os resultados ao público geral interessado em São Paulo e em Nova York. Os pesquisadores ainda planejam desenvolver produtos didáticos, voltados ao ensino médio.

O programa Dimensions of Biodiversity, da NSF, está voltado aos mais desconhecidos aspectos da biodiversidade e apoia pesquisas em um amplo espectro que abrange de genes a espécies e ecossistemas, de modo a integrar tanto aspectos descritivos como funcionais da biodiversidade do planeta.

A seleção de propostas FAPESP-NSF está baseada em uma chamada mais ampla publicada anualmente pelo Dimensions of Biodiversity, voltada à participação de cientistas de instituições nos Estados Unidos em oportunidades financiadas pela NSF ou lançada em parceria com outras instituições.

A relação dos projetos apoiados na mais recente chamada do Dimensions of Biodiversity foi publicada pela NSF em www.nsf.gov/news/news_summ.jsp?cntn_id=129242 (página temporariamente indisponível por conta da paralisação de diversos órgãos do governo dos Estados Unidos). 

Fonte: Fapesp

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