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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ecoturismo, artigo de Roberto Naime

O turismo é conhecido por indústria sem chaminés e tem crescido muito de forma que o PIB de países como a Espanha depende fundamentalmente desta atividade. Dentre os tipos de turismo, particularmente o Ecoturismo tem crescido exponencialmente sua participação.


Inspirado no lazer com aventura e integração com o meio ambiente, o ecoturismo ou turismo ecológico tem sido uma fonte de geração de renda entre as populações.

Turismo ecológico é um segmento da atividade turística, que utiliza de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentivando sua conservação e buscando a formação de uma consciência integral através da interpretação do ambiente, promovendo a bem-estar das populações envolvidos.

No entanto, a maioria dos locais onde se pratica esta forma turística, embora tenha grandes atrativos, em geral não dispõe de infraestrutura adequada e não ocorre o gerenciamento dos vários fatores envolvidos nesta atividade.

As atividades de lazer e recreação ou turísticas, nos espaços naturais não é apenas modismo, e a opinião pública tem se conscientizado da necessidade de contribuir para a proteção ambiental. Se pelo lado da demanda, a motivação de “contato com a natureza” se torna cada vez mais intensa, a garantia de proteção ambiente passa a ser um argumento importante na oferta destes serviços.

O ecoturismo de qualidade se torna economicamente viável quando associado com a proteção dos espaços naturais e quando dispõe de excelência na infraestrutura, equipamentos e serviços oferecidos.

A deterioração dos ambientes urbanos, pela poluição sonora, visual e atmosférica, a violência, os congestionamentos, as doenças provocadas pelos desgastes psicofísicos dos indivíduos são as principais causas da “fuga das cidades” e da “busca do verde”. O cuidado que se precisa ter é devido ao condicionamento deste homem urbano, que agredido em seu próprio meio, com frequência passa a agredir os ambientes alheios.

A falta de cultura turística dos visitantes com frequência produz um comportamento alienado dos visitantes em relação ao meio que visitam. Esta realidade provoca uma série de impactos sobre o meio ambiente como a destruição da cobertura vegetal, a devastação de áreas nativas, a erosão das encostas e solo em geral, ameaça a várias espécies da fauna e da flora, poluição sonora, visual e atmosférica e contaminação de rios, lagos e até mesmo oceanos.

Os impactos do turismo são devidos a sequências de eventos que produzem alterações nos meios físico, biológico ou antrópico, e cuja natureza, intensidade, direção e magnitude são muito diversas. Porém, os resultados interagem e são geralmente irreversíveis.

Os impactos não são pontuais, derivados de ações espontaneístas. Ao contrário, são sistêmicos e decorrem de complexos processos de interação entre os turistas, as comunidades e os meios receptores. Muitas vezes, tipos similares de turismo provocam impactos diferentes, de acordo com a natureza das sociedades em que ocorrem.

A ocorrência de elementos de ruptura do tecido social ou das tradições fortemente arraigadas em comunidades tradicionais ou interioranas, frequentemente podem ser os impactos ambientais mais relevantes. Ou seja, os impactos mais relevantes podem não estar nos meios físico e biológico, com a proteção da flora e fauna. Podem estar no meio antrópico e decorrerem de graves agressões às convicções históricas estabelecidas pelos valores, significados e senso comum das comunidades.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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