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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Fraldas Descartáveis, artigo de Roberto Naime

Evidentemente ninguém será contra o uso de fraldas descartáveis, absolutamente indispensáveis na vida moderna em qualquer classe social que se considere. 
 Ainda mais no atual contexto onde as mulheres exercem dupla jornada de trabalho e não encontram tempo nem para as tarefas domésticas mais prosaicas. A discussão aqui é análoga à geração de resíduos sólidos. Quanto mais desenvolvida for uma determinada sociedade, maior o peso do resíduo gerado que é debitado à embalagens e menor a quantidade de resíduos sólidos de natureza orgânica. É só comparar o perfil de resíduos sólidos produzidos na Índia e num país escandinavo, por exemplo.

Mas não custa nada tomar conhecimento e refletir sobre alguns dados sobre este hábito ou costume de indiscutível necessidade nos dias atuais. E não se pretende exercer qualquer reflexão que se oriente para a dimensão da necessidade. Dados pesquisados indicam que as fraldas descartáveis começaram a ser pesquisadas e lançadas entre as décadas referentes aos anos 50 e 60 do século passado. E os princípios que nortearam sua evolução não se alteraram, e são os mesmos até hoje, conforme se observa em qualquer peça publicitária. Se procura a retenção, através de absorção e isolamento, de urina e fezes do bebe, com o máximo conforto para uso, gerando o menor impacto e desconforto possível para o uso das crianças. Dentro do conceito de maior praticidade e rapidez para as operações de mudança de fraldas, quando necessário.

Certamente já devem existir peças com materiais biodegradáveis ou a pesquisa e o desenvolvimento destes materiais, com características mais ecológicas, deve se encontrar em estágio muito evoluído. E se não existirem ainda estes protótipos em fase de produção comercial, certamente se está muito próximo desta realidade. Mas o fato é que atualmente, ainda com o uso de plásticos com função isolante, existe uma grande quantidade de peças funcionais em condições de uso. É uma quantidade de plástico absolutamente impressionante, como se verá.

Nem se discute os malefícios decorrentes da destinação das fraldas infantis ou geriátricas se for o caso, com os resíduos sólidos domésticos em geral. Isto certamente determinaria uma análise muito aprofundada e longa. Mas dados sobre as quantidades usadas são suficientes para avaliar as condições geradas pelas acumulações de materiais, caso não haja ainda a predominância de componentes biodegradáveis.

Considerando que nos bebes e posteriormente nas crianças, quando já mais crescidas e desenvolvidas, o uso das fraldas se estenda pelo período aproximado de 2 anos, isto significa a utilização de uma média de 5.000 unidades de fraldas neste período de tempo. Em bebes com pouco tempo de vida, se estima que sejam utilizadas em média 8 fraldas diárias.

Se formos aprofundar a discussão e incluir a discussão sobre as necessidades de uso de fraldas geriátricas, as estimativas se tornam bastante mais difíceis de resolver. A quantidade de variáveis presentes aumenta em muito, e torna as estimativas que se promovam, meros exercícios de expectativas com pouca fundamentação teórica. Mas seriam mais dados alarmantes a se adicionar às estimativas já apresentadas.

Não passa pela concepção de ninguém, imaginar que a vida seria possível em termos práticos sem o uso das fraldas descartáveis no atual contexto de vida da sociedade. É mais fácil contar que se todos os materiais já não sejam degradáveis em condições adequadas, brevemente venham a se tornar, em função do desenvolvimento cada vez mais rápido dos materiais, com os quais as fraldas venham a ser confeccionadas e posteriormente comercializadas.

Pequenos ou grandes, não vem ao caso polemizar sobre esta questão, mas minúsculas ou grandiosas comodidades possibilitadas e até essenciais para a praticidade da vida moderna podem ter impactos ambientais de grandes dimensões, como a maciça utilização de plásticos nos artefatos descartáveis de contenção, que se utilizam em bebes, ou com finalidades geriátricas.

Mas se compartilha a esperança, que a rápida evolução no desenvolvimento de materiais, com o exercício cada vez mais relevante da transformação da atitude de compra em gesto de engajamento com a escolha de produtos e serviços que se associa com melhor e mais saudável postura de responsabilidade socioambiental, venha a transformar esta realidade, e a tornar todos os objetos descartáveis com função de retenção de excrementos em uma geração de produtos que melhor sintonize as aspirações de busca de sustentabilidade e equilíbrio ambiental. Em todas as suas vaiáveis e dimensões consideradas.

Experiências, sem nenhuma testificação científica, narram que o treinamento ou o condicionamento de crianças no uso de instalações sanitárias, pode abreviar bastante o período de utilização de fraldas descartáveis e assim otimizar as enormes quantidades já descritas, com inúmeros benefícios. Também existem as tradicionais fraldas de pano, redesenhadas, revestidas internamente com material absorvente biodegradável e substituível.

Se a gente for falar em cuidados ecológicos vinculados com primeira infância, não custa acrescentar o uso de mamadeiras de vidro em lugar de recipientes de plástico. Mas o essencial, são as fraldas com plásticos isolantes, que geram enormes impactos ambientais. Ainda mais considerando a destinação deste resíduo sólido em conjunto com outros resíduos, produzindo efeitos de contaminação que são bastante deletérios e merecem outra abordagem específica.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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