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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Agricultura orgânica, fonte de segurança alimentar, artigo de Roberto Naime

É fato consensual que alimentos isentos de poluentes ou contaminantes químicos tendem a ser mais saudáveis e propiciar melhor qualidade de vida. Cada vez mais se identifica relação intrínseca entre a agricultura e a saúde das populações consumidoras. As sistemáticas de cultivo das lavouras acabam por interferir radicalmente na qualidade do solo e no equilíbrio da planta. E ao final da cadeia alimentar, as plantas interferem na qualidade de vida tanto do homem quanto dos animais,, geradores de proteínas, que constituem elos intermediários da cadeia alimentar antrópica.

Produtos hortifrutigranjeiros convencionais, e que podem ser consumidos “in natura” exibem frequente contaminação pelo uso exagerado ou indevido de agrotóxicos e adubos químicos sintéticos. Produtos de origem animal, também são produzidos com uso intensivo de hormônios, vacinas e de substâncias antibióticas.

Os alimentos industrializados também podem não ser saudáveis, pois podem sofrer métodos de beneficiamento como refinação, inclusão de aditivos ou corantes, e ainda conservantes, que quando usados indevidamente podem vir a ocasionar danos à saúde das pessoas. Ninguém deseja criar atmosfera de alarmismo, completamente desnecessária, mas que parece que se abdicou ou se negligencia situações de equilíbrio e homeostase ecossistêmica, disto não há dúvidas.

Somente com a utilização de alimentos sadios, a saúde de todos os organismos será preservada. Em medicina é conhecida a expressão de que as pessoas expressam o que determina seu consumo. A agricultura orgânica se desenvolve e se imagina que possa representar a base futura de uma produção familiar, artesanal e comprometida socialmente. Que busque parâmetros de racionalidade na produção de alimentos. A busca a exploração de sistemas agrícolas diversificados, economia no consumo de energia, preservação da biodiversidade, maior densidade de áreas verdes, tudo isto contribui para tornar e manter a paisagem com características mais harmoniosas, integradas e em equilíbrio.

A produção orgânica, tanto por empreendimento familiar como por conceito empresarial, se enquadra nas melhores concepções da ciência agroecológica e da qualidade de vida, materializando abordagem de prevenção da manutenção da saúde corporal, dentro de um enfoque altamente social e ambiental.

A segurança alimentar pode ser muito mais adequadamente implantada, dentro de enfoque da agricultura orgânica, que busca além de manter o equilíbrio ecossistêmico, configurar situação de máxima homeostase e aproveitamento das condições propiciadas pelos meios naturais.

Alimentos orgânicos conseguem mobilizar melhor as condições de terrenos e paisagens harmonizados. Estas culturas vegetais, tem mais vitaminas e sais minerais, pois provém de um solo mais rico e equilibrado em todos os nutrientes. Também apresentam maior teor de matéria a seca, tendo por isso maior valor nutricional. São alimentos mais saborosos, pois mantém os ácidos orgânicos de forma não nitrogenada, o que ocorre preferencialmente em frutas e hortaliças, principalmente consumidas em condição considerada “in natura”.

Os dados oficiais registram de 12 a 15 mil unidades de produção orgânica certificada em todo o país. Ainda predominam unidades familiares, mas são cada vez mais proeminentes e destacados os empreendimentos empresariais que adotam estas concepções, certamente influenciados e até induzidos pelas crescentes demandas de mercado, viabilizadas pelo grau de conscientização das populações. E pelo contexto geral de valorização da questão ambiental.

Os produtos orgânicos são mais caros ainda porque além dos cuidados artesanais, demandam delicados procedimentos para manutenção das condições de equilíbrio ecossistêmico, essenciais para a consolidação das variáveis naturais dentro de condições indispensáveis para a obtenção de resultados satisfatórios. E também porque existe uma percepção de que os consumidores estão dispostos a remunerar melhor os atributos que consideram mais adequados nos produtos alimentícios, principalmente hortifrutigranjeiros, produzidos pelos sistemas orgânicos.

Agricultura orgânica não deve ser considerada um modismo qualquer em contexto de evidenciação ambiental. Mas a satisfação de anseio que pode levar a uma alimentação de melhor qualidade, dentro de cenário de maior equilíbrio ecossistêmico e homeostase ambiental.

Por isso se sustenta tanto que é necessário alcançar uma nova autopoiese sistêmica, que evidencie e patrocine novas formas de produção, relacionamento e cultivo e celebração de vida. O conjunto de organizações sociais, seja por uma motivação externa explícita, seja por relações internas ou implícitas, sempre desenvolve mecanismos de equilíbrio capazes de manter e patrocinar condições de vida em equilíbrio.

Mesmo que às vezes pareça que o “sistema” seja um ente distante e posicionado em trincheira oposta, isto não é verdade. “Sistemas” sintetizam a melhor resolução das variáveis de vida, mas sempre, é claro, salvaguardando os maiores interesses das partes interessadas que expressam hegemonia social.

Referências:

www.portalorganico.com.br

www.agricultura.gov.br

www.pensamentoverde.com.br

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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