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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Por que fezes de baleia podem valer milhares de dólares?

Quem caminha por uma praia pode encontrar várias coisas na areia, entre elas algo que parece uma pedra, mas na verdade é matéria fecal que pode valer milhares de dólares.


É o âmbar cinza, um nome mais elegante que designa um certo tipo de matéria fecal das baleias cachalote e que algumas pessoas confundem com vômito da baleia.

Há séculos o âmbar cinza é considerado um produto de luxo: já foi usado em cerimônias religiosas, ou como afrodisíaco no Oriente Médio, ou como produto culinário fino na China e como ingrediente em poções medicinais tradicionais. Mas atualmente a substância é usada principalmente pela indústria de perfumes.

“O âmbar cinza tem um aroma muito particular”, disse à BBC Mundo Dom Devetta, fundador da empresa de perfumes britânica Shay & Blue.

“Seu aroma é intenso, doce, animal. Acrescenta uma capa dentro da fragrância que dá um toque de paixão, sensualidade, sexualidade e isto é algo muito difícil de conseguir.”

“Também ajuda o perfume a permanecer mais tempo na pele, mas, como qualquer outro aroma, não é para todo mundo”, acrescentou Devetta.

Na semana passada, um pedaço de âmbar cinza encontrado por um homem em uma praia britânica foi leiloado por cerca de US$ 17 mil (R$ 67 mil).

Exorbitante – Christopher Kemp, autor do livro Ouro flutuante: uma história natural (e pouco natural) do âmbar cinza, disse à BBC Mundo que o valor exorbitante se deve a uma série de fatores.

“É escasso, tem propriedades muito diferentes – como a de estabilizar as fragrâncias – e é impossível fabricá-lo em laboratório”, afirmou.

E não foi por falta de tentativa: já foram criadas versões de laboratório, mas elas ficam muito longe da qualidade do original.

“É como escutar aos Beatles ou a uma banda que interpreta uma música dos Beatles. Soam igual, de alguma forma, mas definitivamente falta uma certa qualidade impossível de definir”, afirmou.

O produto é raro pois, a princípio, o âmbar cinza só é produzido por uma parte muito pequena da população de cachalotes, cerca de 1%, e em circunstâncias particulares.

“O âmbar cinza é um tipo de matéria fecal. Pelo menos é gerado no mesmo lugar que os excrementos e é expulso também pelo mesmo lugar. É um produto de um problema intestinal que alguns cachalotes têm”, afirmou.

Lulas – Normalmente as cachalotes se alimentam quase exclusivamente de lulas. Em um dia, podem chegar a ingerir até uma tonelada.

As partes duras destes moluscos, que não podem ser digeridas, são regurgitadas pela boca.

Mas, em alguns casos, estes pedaços continuam a percorrer o sistema digestivo e irritam o estômago e o intestino delgado da cachalote.

O intestino produz uma secreção gordurosa, rica em colesterol para cobrir este pedaços e atenuar o dano provocado no sistema digestivo do animal – e essas secreções ficam boiando no mar.

Com o passar do tempo – anos e décadas, até – e, à medida que as correntes marítimas empurram a substância para vários lugares, ela vai se solidificando e adquirindo uma fragância partiular. Até que as ondas a levem de volta para a praia.

Quanto mais tempo passar no mar, mais refinado e complexo será seu aroma e mais alto será o seu valor.

Mercado – É difícil determinar o quanto se usa o âmbar cinza. Por exemplo: está claro que, devido à sua escassez e ao fato de que encontrar o âmbar cinza é, em grande parte, uma questão de sorte, a indústria do perfume usa cada vez mais substâncias alternativas.

E as grandes empresas também não querem revelar os ingredientes de suas fórmulas.

Kemp afirma que “muitas pessoas não gostam de saber que há produtos animais em suas fragrâncias e menos ainda se são excrementos”.

Além disso, e apesar de em muitas partes do mundo com América Latina e Europa a comercialização da substância ser legalizada, os que participam do lucrativo mercado de compra e venda de substâncias exóticas “não querem compartilhar informações”, de acordo com Kemp.

Nos Estados Unidos uma lei de 1972 de proteção dos mamíferos marinhos proíbe a comercialização do âmbar cinza e também penaliza quem recolher um pedaço da substância na praia.

Em outro países o uso está proibido também, “mas isto se deve acima de tudo a um tema vinculado a alergias”, afirmou Devetta.

Apesar destas proibições, Kemp afirma que “podemos dizer que há um mercado muito ativo” para o âmbar cinza.

Fonte: G1

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