Colaboradores

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Arquivo do blog

Pesquisar neste blog

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Seca mata 25 mil toneladas de peixes em cidade do interior do Amazonas

A seca que tem sido registrada neste ano no Amazonas já causou a mortandade de milhares de toneladas de peixes. A cidade amazonense de Manaquiri, a 60 km de Manaus, é considerada uma das áreas mais críticas. Mais de 25 mil toneladas de peixes foram encontradas mortas somente em uma faixa de 100 km de extensão entre a boca do Paraná do Manaquiri, que é um afluente do rio Solimões, até a comunidade de Araçatuba.


Segundo o Sindicato de Pescadores (Sindpesca) de Manaquiri, responsável pela divulgação dos dados, o cálculo da mortandade foi feito com apoio técnico do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam). O número foi aferido com base em amostras de peixes por metro quadrado, mais a pesagem para multiplicar pela área total. O Sindpesca considera a vazante de 2015 uma das mais severas dos últimos seis anos.

Manaquiri é um dos municípios que enfrentam transtornos e dificuldades em razão da seca do rio na região do Baixo Solimões. No último fim de semana, uma comitiva formada pelo Sindpesca, colônia de pescadores e de técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) reuniram dados para dimensionar a situação.

Segundo o presidente do Sindpesca de Manaquiri, Joceni Oliveira, o grupo percorreu uma faixa de aproximadamente 100 km, entre a boca do Paraná do Manaquiri, que é um afluente do Rio Solimões, até a comunidade de Araçatuba. Ao longo do caminho, o grupo se deparou com uma quantidade assustadora de peixes mortos.

“Mapeamos as comunidades e foram encontradas 25 mil toneladas de peixes mortos. Para calcular esse quantitativo, recolhemos amostras de peixes que estavam em um metro quadrado. O pescado foi pesado e serviu de base para multiplicar pela área total. Cada metro quadrado tinha média de 12 kg de peixes. Não é de admirar se esse número for maior, pois imagine você percorrer mais de duas horas de rios e lagos e enxergar só peixe morto como nós vimos? “, explicou.

Dentre as espécies encontradas mortas estão: aracu, tucunaré, surubim, sardinhas e branquinha. A pouca oxigenação das águas, que estão mais quentes com o nível baixo em decorrência da vazante dos rios e pela falta de chuvas, é causa da mortandade dos peixes.

“A espécie mais resistente é o bodó porque ele sobe até a margem para poder respirar, depois mergulha pela lama e consegue sobreviver. Porém, as espécies mais vulneráveis e mais fracas não conseguem”, relatou o líder dos pescadores.

Prejuízos socioambientais – A falta de infraestrutura para armazenamento do pescado impede os pescadores de conseguir grandes quantidades de peixes, o que reduziria o desperdício no período da seca. O processo de decomposição dos peixes também tem deixado impróprio para o consumo o pescado sobrevivente.

“Nosso maior clamor, em um momento como esse, é mais estrutura para armazenamento do pescado. As embarcações do município têm uma capacidade muito pequena e não conseguem armazenar. Os pescadores não têm como buscar gelo em Manacapuru ou em Manaus porque ficam isolados por causa no nível das águas. Se houvesse maior sensibilidade por parte dos órgãos públicos para assistir essas pessoas, pois é um problema socioambiental e econômico”, enfatizou Joceni Oliveira.

O prejuízo estimado, somente no trecho do afluente do Solimões, chega a R$ 2.802.120,00. O problema afeta, diretamente, 889 pescadores e 987 famílias. que moram em 27 comunidades ribeirinhas somente em Manaquiri, de acordo com o Sindpesca.

“A população tem dificuldade com água porque está imprópria para consumo humano. As mais de 900 famílias sofrem com a situação. O município decretou situação de emergência por conta dessa catástrofe. Essa mortandade é mais um resultado do desequilíbrio da natureza. São desequilíbrios anunciados e previstos”, afirmou Oliveira.

De acordo com o presidente do Sindpesca do Amazonas, Ronildo Nogueira, esse problema acontece em quase todos os municípios do Amazonas. A situação é mais crítica em Manaquiri, mas, lagos também têm registrado a mortandade expressiva de peixes. A entidade ainda não tem um levantamento geral sobre a situação.

Sem Seguro-Defeso – A suspensão do pagamento do seguro-defeso agravou ainda mais a situação das famílias que se sustentam por meio da pesca. Sem a assistência temporária financeira de um salário-mínimo por mês concedido ao pescador, as famílias enfrentam dificuldades para alimentação nesse segundo semestre de 2015. “A situação é crítica. Primeiro pelo não pagamento do seguro-defeso e segundo pelos peixes vivos que estão impróprios para o consumo”, comentou Joceni.

As entidades sindicais criticam a medida do governo federal e alegam que a categoria não é contrária ao recadastramento. “Os pescadores não são contra o recadastramento. Sabemos que existem erros, mas não são das entidades ligadas aos pescadores. Temos todo cuidado de mapear e saber onde o pescador mora”, enfatizou o presidente do Sindpesca de Manaquiri.

O G1 enviou solicitação à Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror-AM) para saber se será destinada alguma assistência às famílias afetadas. Até o momento da publicação desta reportagem, o órgão não enviou resposta. 

Fonte: G1

0 comentários:

Postar um comentário

Eco & Ação

Postagens populares

Parceiros