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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Ecologia Histórica, Parte 1/3, Artigo De Roberto Naime

Ecologia Histórica é uma linha de pesquisa que foca na interação entre humanos e o meio ambiente em que eles vivem. Em vez de concentrar em um evento específico, a ecologia histórica visa estudar e compreender essa interação ao longo do espaço e tempo, a fim de obter uma compreensão completa de seus efeitos acumulativos.


Através dessa interação, os seres humanos moldam o meio ambiente e contribuem continuamente para a transformação da paisagem.

William Balée, professor de Antropologia na Universidade de Tulane, propôs quatro postulações independentes, que definiu a ecologia histórica para além de outros programas de pesquisa mais tradicionais.

As postulações são que os humanos afetaram quase todos os ambientes da Terra, os humanos não têm uma propensão inata para diminuir ou aumentar a diversidade biótica e da paisagem, vários tipos de sociedades impactam suas paisagens de formas diferentes e as interações humanas, como as paisagens podem ser compreendidas de forma holística.

Ecologistas históricos estudam a interação entre os seres humanos e o mundo natural e a subsequente resposta humana para as influências ambientais. Humanos também respondem a esses estímulos ambientais com a alteração de suas paisagens, mas mantém sua cultura e práticas.

Devido à constante adaptação do homem ao ambiente, é difícil de encontrar um ambiente em qualquer lugar do planeta que ainda esteja intocável. Essa modificação da criação humana são designadas como perturbações humanas mediadas, e são estudadas para aprender toda a história humana na terra.

As postulações enfatizam o fato que humanidade não é homogênea, e por conta disso, os impactos não serão iguais também. Humanos são conhecidas por aumentar e diminuir a biodiversidade das paisagens ao longo do tempo.

A disseminação do fogo, por exemplo, pode também criar nichos para novas espécies em uma paisagem, enquanto que um simples desmatamento pode drasticamente diminuir a biodiversidade.

Impactos humanos sob a paisagem variam tanto quanto as línguas, sistemas políticos e as sociedades presentes no mundo. Finalmente, pessoas e a paisagem podem ser estudadas holisticamente porque a paisagem incorpora tanto pessoas como o ambiente.

Já que os humanos e o ambiente são tão dependentes um do outro, é mais eficiente e acurado estudá-los juntos como uma única entidade. A paisagem é uma evidência visual de interação da cultura e o ambiente.

Ecologia histórica é uma ciência interdisciplinar; ao mesmo tempo em que utiliza fortemente os conceitos da antropologia ambiental. Pensadores ocidentais sabem que desde o tempo de Platão, a história das mudanças ambientais não pode ser separada da história humana.

Muitas ideias têm sido utilizadas para descrever a interação humana com o ambiente, a primeira delas é o conceito de Cadeia dos Seres ou “Scala naturæ”, ou inerente à concepção de natureza.

Ou seja, todas as forma de vida estão ordenadas, com a Humanidade como a mais alta categoria, devido ao seu conhecimento e habilidade de modificar a natureza. Isso nos leva à concepção de uma natureza antrópica, que envolve modelação ou modificação humana, em oposição ao modelo inerte da natureza.

Interesses em transformações ambientais continuam a crescer durante o século XVIII, XIX e XX, resultando em uma série de novas abordagens intelectuais. Uma dessas abordagens é o determinismo ambiental, desenvolvido pelo geógrafo Friedrich Ratzel.

Essa visão suporta que não é a condição social, mas a condição ambiental que determina a cultura de uma população. Ratzsel também enxergava os humanos como restritos pela natureza, pelo seu comportamento que era limitado e definido pelo ambiente.

Posteriormente há o ponto de vista histórico de Franz Boas, que refutou o determinismo ambiental, argumentando que não era a natureza, mas especificidades da história que moldavam a cultura humana. Esta abordagem reconhece que, embora o ambiente possa colocar limitações sobre as sociedades, cada ambiente terá um impacto diferente em cada cultura.

A ecologia cultural de Julian Steward é considerada uma fusão do determinismo ambiental e a abordagem histórica de Franz Boas. Steward percebeu que não era nem a natureza e nem a cultura que mais influenciava em uma população, mas sim o modo de subsistência utilizado em um determinado ambiente.

O antropólogo Roy Rappaport introduziu o campo da antropologia ecológica em uma tentativa deliberada de se afastar da ecologia cultural. Estudos em antropologia ecológica estão estruturados, em sua maioria ao conceito de ecossistema dos sistemas de ecologia.

Nessa abordagem, também chamada de teoria dos sistemas, diz que os ecossistemas são autorreguladores e retornam ao estado de equilíbrio. Essa vê as populações humanas como estáticas e atuando em harmonia com o ambiente.

As revisões do antropólogo Eric Wolf e outros são especialmente pertinentes para o desenvolvimento da ecologia histórica. Estas revisões e críticas relativas à antropologia ambiental contribuem para que sejam levados em consideração as dimensões espaciais e temporais da história e culturas, em vez de continuar avaliando as populações como estáticas.

Estas postulações levam ao desenvolvimento da ecologia histórica, revelando a necessidade de considerar a história, a cultura e a evolução da natureza da paisagem e das sociedades.

A ecologia histórica é uma ciência desenvolvida para permitir a análise de todos os tipos de sociedades, simples ou complexas, e suas interações com o ambiente no tempo e espaço em seu contexto.




Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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