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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Fukushima: solução para água radioativa parece cada vez mais distante

A Tokyo Electric Power Company, conhecida como Tepco, é responsável pela restauração do complexo de usinas atômicas Fukushima Daiichi e pela reparação dos danos causados pelo acidente nuclear de dois anos atrás, consequência de um sismo seguido de um tsunami no litoral do Japão. Formalmente, a Tepco é uma empresa privada. 

Parte dela pertence ao Estado.

Apesar de possuir poder para interferir na administração da companhia, o governo japonês se recusa a fazê-lo. 

Essa posição de afastamento tem saído cara.

O próprio governo admitiu que, há dois anos, há vazamentos de água radioativa do lençol freático da região da usina atômica para o Oceano Pacífico. Estima-se que, diariamente, vazem no mar cerca de 300 mil litros desse líquido. Em uma semana, essa quantidade poderia preencher uma piscina olímpica, de 2,5 milhões de litros.

O Instituto para Ciências Industriais da Universidade de Tóquio pesquisou as consequências desse vazamento no solo marinho. “Nós encontramos mais de 20 locais, onde a poluição por radiação de césio era dez vezes maior do que nos arredores. Essas áreas têm até 100 metros de diâmetro”, conta o coordenador da pesquisa Thornton Blair.

Ordens contraditórias – Depois do acidente nuclear em março de 2011, a maior produtora de energia atômica do país recebeu do governo japonês duas missões contraditórias. Por um lado, a Tepco deveria assumir sozinha todas as consequências decorrentes do acidente, pois a companhia não havia se preparado de maneira correta para possíveis tsunamis.

Por outro lado, a empresa deveria voltar a ter lucros o mais rápido possível através da implementação de medidas de economia e de reestruturação. Dessa maneira, a Tepco pagaria de volta os empréstimos estatais, ou seja, as injeções diretas de capital e os adiantamentos dos fundos de compensação.

Mas, na realidade, a Tepco jamais poderá saldar os custos do acidente nuclear sozinha. No início de 2013, o presidente do conselho administrativo da empresa, Kazuhiko Shimokobe, alertou para uma possível falência, caso o Estado não assumisse alguns gastos.

O valor do desmantelamento dos reatores danificados foi calculado em um trilhão de ienes, o equivalente a cerca de R$ 23 bilhões. Até o momento, a Tepco já gastou 300 bilhões de ienes e calcula que a reforma custará cinco vezes mais. A empresa precisa, até março de 2014, de mais R$ 24 bilhões, somente de capital, para poder pagar suas dívidas antigas.

Reconhecimento atrasado – Esses números indicam que a Tepco não tem dinheiro para os consertos necessários em Fukushima. Mas apenas após os vazamentos radioativos o governo japonês foi obrigado a reconhecer que não pode mais deixar a companhia sozinha.

O primeiro-ministro, Shinzo Abe, pediu que o ministro da Indústria apoie a empresa na luta contra os vazamentos. Pela primeira vez, o dinheiro de impostos será utilizado para conter as consequências do acidente nuclear. O valor inicial em discussão é de 40 bilhões de ienes, o equivalente a R$ 937 milhões.

Com esse dinheiro, a Tepco pretende construir uma parede de resfriamento subterrânea para evitar o acumulo de água nos porões dos reatores. Para resfriar a parede, canos refrigeradores serão instalados perpendicularmente ao solo.​

O novo sistema será construído em torno de quatro reatores, com uma extensão de 1,4 quilômetros e até 30 metros de profundidade. A técnica é aplicada na construção de túneis, mas nunca foi testada dessa forma.

Devido ao grande consumo de energia e aos custos de manutenção, o muro de proteção é uma alternativa cara em longo prazo. Segundo um porta-voz do Ministério da Indústria, a Tepco não possui a quantia necessária para esse investimento, por isso o Estado precisa ajudar financeiramente a empresa.​

Sem saída para o vazamento – A intervenção do governo gerou novas dúvidas sobre a competência da Tepco para realizar os trabalhos de limpeza e desmantelamento da usina nuclear danificada. No início de 2013, críticos apontaram um colapso no sistema de refrigeração dos reatores. A parte elétrica da usina ainda era provisória. O curto-circuito foi causado por uma ratazana.

Assim, o vazamento de água do subsolo também pode indicar a incapacidade da Tepco: só a construção de uma barreira subterrânea conseguiu elevar o nível do lençol freático. “Esse vazamento está fora do nosso controle”, afirmou o diretor da Tepco, Masayuki Ono.

A quantidade de água contaminada aumenta tão rapidamente que no fim só restará uma solução, escoá-la para o Pacífico. “A situação está longe das possibilidades da Tepco”, afirma o ex-construtor de usinas nucleares e crítico da energia atômica Masashi Goto.

Segundo Goto, a Tepco não se recusa a fazer o necessário, mas não existe uma solução perfeita. O novo presidente do Departamento de Regulação Nuclear do país, Shunichi Tanaka, já demonstrou que já será compreensivo caso a água seja menos contaminada que o permitido. 

Fonte: Terra

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