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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bem-estar do brasileiro continua melhorando, apesar de ritmo de crescimento menor

A segunda edição do Índice Itaú de Bem-Estar Social (IIBES), indicador que avalia a melhoria das condições de vida dos brasileiros, revela que nas últimas décadas o Brasil conseguiu crescer com mais distribuição de renda e melhores condições de vida. Entretanto, a partir de 2008, o avanço do bem-estar ocorre com menos intensidade, já que alguns aspectos das condições econômicas e humanas cresceram menos ou pioraram marginalmente. Essa dinâmica, inclusive, pode ser uma das explicações por trás das manifestações populares que tomaram as ruas do Brasil no meio do ano.
O IIBES revela que em 2011 houve um ganho no bem-estar na comparação com 2010Alguns indicadores seguem com crescimento robusto, como as taxas de encarceramento e de concluintes do ensino superior, além dos indicadores de desigualdade e o rendimento médio. O aumento do índice em 2011 (0,050) foi menor do que o observado no ano anterior (0,057) e próximo à média anual observada desde 2008 (0,056).

“Nossa análise histórica mostra que os maiores saltos anuais do bem-estar foram verificados entre 1993 e 1996, período marcado pelo fim da hiperinflação. Esse crescimento, no entanto, foi seguido por um período de avanços mais moderados”, explica Caio Megale, economista do Itaú Unibanco e coordenador do Índice. Segundo ele, desde 2003 o bem-estar passou a avançar de forma consistente. A partir de 2008 houve uma desaceleração na evolução das condições econômicas e humanas, que se reflete no índice agregado. De toda forma, já incluindo os resultados preliminares de 2012, a tendência de avanço – ainda que a taxas mais lentas – do bem-estar no brasileiro se manteve.

Na edição deste ano do IIBES são incorporados dados de 2011 e também é feita uma simulação com informações do ano passado. A evolução das condições de bem-estar no Brasil é fruto da estabilização da economia, das instituições mais sólidas, do avanço nos aspectos sociais e humanos. “O desafio agora é enfrentar os gargalos em infraestrutura, ampliar a visibilidade da educação e buscar mais eficiência no setor público e privado. Mas tudo isso sem deixar de lado aspectos essenciais para o bem-estar, como qualidade dos serviços públicos, preservação do meio-ambiente e uso eficiente dos recursos naturais”, explica Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.

Com periodicidade anual, o indicador tem como modelo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), embora seja mais amplo e customizado para buscar retratar com pertinência a realidade do Brasil. Nesta edição, foram incluídas novas variáveis para caracterizar melhor dimensões como segurança e meio ambiente.

“As medidas tradicionais de desempenho econômico, como PIB e consumo, não necessariamente refletem a evolução do bem-estar da sociedade. O Índice é uma tentativa de buscar indicadores alternativos para medir os avanços de bem-estar, qualidade de vida e felicidade das pessoas”, afirma Megale.

Estrutura

A escolha dos componentes do Índice muitas vezes acaba sendo restringida pela disponibilidade de dados. Além disso, o indicador deve ser um bom medidor do avanço do bem-estar da população como um todo, e não de um grupo social específico ou de um morador de uma determinada cidade. Por isso, o IIBES foi estruturado com base em três pilares, ou subindicadores: condições econômicas, condições humanas e igualdade social. Cada subindicador é, por sua vez, composto por variáveis que o caracterizam.

Condições Econômicas

Esse subindicador é dividido em dois blocos: consumo, que foi incluído porque o aumento do poder de compra representa uma parcela importante da qualidade de vida de uma sociedade; e emprego, que também é fundamental para o bem-estar, não apenas pela renda recebida, mas pela segurança de poder pagar as contas no fim do mês.

Condições Humanas

É dividido em quatro blocos: saúde, educação, segurança e meio ambiente. O pilar de saúde foi incluído, pois a falta de acesso a condições mínimas de higiene para prevenção de doenças e a tratamento de saúde adequado reduz o bem-estar da população. Há também um efeito indireto da saúde no bem-estar, uma vez que pessoas doentes ficam impossibilitadas de trabalhar e de ganhar salário. A inclusão de um bloco para educação dispensa motivação, especialmente no Brasil, onde anos adicionais de escolaridade trazem ganhos sensíveis de renda. O nível de segurança pública foi incluído por constituir outra grande preocupação da sociedade. Por fim, o meio ambiente é um fator relevante, à medida que crescimento acompanhado de aumento da poluição, ou ausência de acesso à rede de esgoto ou à coleta de lixo, não necessariamente melhora o bem-estar.

Desigualdade Social

Foi criado um subindicador apenas para desigualdade social, o que na prática significa aumentar a importância deste item no IIBES. Ao contrário dos outros dois subindicadores, a desigualdade social não necessariamente é uma característica que melhore diretamente o bem-estar individual. O ganho de bem-estar pode vir indiretamente, através da vida cotidiana em uma sociedade mais equânime. Nos dias de hoje, em que é elevada a preocupação com a sustentabilidade do crescimento e da melhora de vida, o aspecto da desigualdade social é particularmente importante.

Metodologia

“Coletamos dados anuais desde 1992 e normalizamos as séries para ficarem comparáveis, com valores que variem de 0 a 1. Em seguida, invertemos as séries nas quais quedas são fatos positivos, como inflação e desemprego, por exemplo. Finalmente, agregamos em médias simples em dois estágios: primeiro, dentro de cada bloco e, depois, entre os blocos. Dessa forma, consumo e emprego têm, cada um, peso de 50% no subindicador de condições econômicas. Já saúde, educação, segurança e meio ambiente têm peso de 25% dentro do subindicador de condições humanas”, finaliza Megale.

Fonte: Mercado Ético

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