Protesto, postado nas redes sociais, foi contra o corte de horas extras pela nova administração do cemitério de Eldorado, cidade paulista no Vale do Ribeira

O que parecia uma brincadeira era um protesto real dos funcionários da zeladoria do cemitério municipal, o único da cidade de Eldorado, no interior paulista, com 15,2 mil habitantes.

Os funcionários são contra o corte no pagamento de horas extras pela nova administração municipal. “Não vamos mais fazer sepultamentos em feriados e fins de semana”, dizia o post, assinado pelo coveiro, de 36 anos.

O rapaz e seu pai são os únicos funcionários do cemitério municipal local e, além de cuidar da manutenção, exercem também a função de abrir as covas e realizar os sepultamentos. No dia 13/02 eles foram surpreendidos ao receberem o pagamento com o corte nas horas extras relativas a plantões de sábado e domingo.

Inconformado, o jovem fez a postagem em sua rede social e pôs uma cópia no portão do cemitério, com o aviso de que não trabalhariam mais nos fins de semana. “Como ninguém sabe quando vai morrer, eu e meu colega teríamos que ficar presos, sem viajar, nos fins de semana, a pedido da nova administração. O que nos resta é pedir a todos que deixem para morrer de segunda a sexta-feira.”

No fim de semana seguinte ao anuncio do corte das horas extras, pai e filho não trabalharam – mas não morreu ninguém no município.

A postagem foi compartilhada por moradores e chegou à Prefeitura de Eldorado, que esclareceu: “O rapaz em questão e o pai são funcionários concursados e cuidam bem do cemitério, mas não era necessário levar o assunto dessa maneira”, disse o chefe de gabinete.

De acordo com a autoridade, foi um corte em horas extras que eram “presenteadas” a muitos servidores e inflavam a folha de pagamento. “Havia um abuso que, inclusive, está sendo objeto de apuração pelo Ministério Público. O corte feito pela atual gestão não atinge as horas efetivamente prestadas em serviços essenciais”, declarou.

Revezamento –  A orientação da prefeitura é para que os dois servidores do cemitério se revezem para cobrir os fins de semana e, quando excederem a jornada de 40 horas semanais, as extras devidas serão pagas.

A cidade é pequena e não tem mortes todo dia. “Às vezes, passam 15 dias sem morte e, desde que ele fez a postagem, não morreu ninguém.”

Pai e filho confirmaram o entendimento com a prefeitura e o aviso no cemitério foi retirado, bem como o post na rede social foi substituido.

Em nova mensagem, ele diz que a questão das horas extras está resolvida e os plantões dos fins de semana no cemitério da cidade vão continuar.

“Ao contrário do que eu disse na minha postagem anterior, se você quiser morrer em sábados, domingos e feriados, saiba que estamos lá esperando a todos”, escreveu.

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru