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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ritmo de regeneração das araucárias é preocupante

No campo ou na cidade, quase não se vê mais araucárias novas, com menos de 30 anos de idade. A situação colocaria em risco a recuperação da espécie, já ameaçada de extinção.


O alerta é feito pelo professor Flávio Zanette, da Universidade Federal do Paraná, um dos principais pesquisadores da árvore-símbolo do Paraná. Com três décadas de dedicação ao assunto, ele comenta que cada vez percebe menos pinheiros jovens e que são necessárias medidas urgentes para que a espécie volte a brotar no estado.

Como parte de uma política de desbravamento do Paraná, o corte de araucária chegou a ser incentivado por governos no século passado. Mas o avanço sobre as áreas foi tamanho que em 1992 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) colocou a araucária na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção.

O alerta não foi suficiente para frear o desmatamento e em 2001 veio a medida mais controversa: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) decidiu proibir o corte de araucárias – com algumas exceções específicas, como manejo de áreas plantadas e extração em casos de risco de queda, por exemplo. A proibição foi aplaudida por ambientalistas, que enxergam nessa decisão desesperada a única maneira de impedir o desaparecimento do pouco que resta. Contudo, a legislação muito restritiva pode ter também criado problemas. Para Zanette, em muitos casos, a araucária virou uma “espécie maldita”, arrancada por produtores logo que brota. Tal situação teria contribuído para diminuir a renovação.

Para Clóvis Borges, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), a política de restrições foi necessária mas insuficiente, por não ter sido combinada com outras ações de incentivo à conservação. “Uma coisa é restaurar áreas que foram degradadas e plantar árvores e outra é assegurar a biodiversidade original, que se perde com a destruição dos remanescentes”, diz. Borges acredita que além de não estar se renovando, a espécie e principalmente a mata com araucária estão sendo ainda mais dizimadas, graças a políticas públicas equivocadas.

Para entender a situação – O Paraná já chegou a ter 8 milhões de hectares cobertos por floresta com araucária – hoje seriam menos 66 mil hectares (0,8%) intactos. Os dados não são novos – são de 2001, mas ainda são os mais recentes. O levantamento foi feito pelo Programa para Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (Probio), do Ministério do Meio Ambiente, com participação da Universidade Federal do Paraná. Esses 0,8% restantes correspondem às áreas de floresta em estágio de desenvolvimento avançado, com a biodiversidade original. Para piorar o cenário, a maior parte dos remanescentes está dispersa, em fragmentos pequenos.

Diante dessa perda de quantidade e qualidade, muito já se falou que a mata de araucária não teria mais condições de se recuperar, estaria extinta. Há controversas. Enquanto os pessimistas acreditam apenas em medidas paliativas para que esse tipo de formação vegetal não desapareça da paisagem, pesquisadores e ambientalistas defendem que preservar o que resta e ainda buscar soluções para ampliações de áreas, com incentivos locais, pode assegurar a continuação da espécie.

A araucária também é muito suscetível às mudanças climáticas. É uma espécie que gosta de clima frio e necessita de um regime regular de chuvas e os aumentos previstos nas temperaturas podem afetar drasticamente as áreas. Considerada um fóssil vivo, já que é uma espécie primitiva, com milhares de anos de existência no planeta, a araucária pode ter mais dificuldades para se adaptar à mudança do clima. 

Fonte: Gazeta do Povo/PR

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