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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Várias perspectivas da Morte em diferentes culturas

Existem diferentes emoções, rituais e sentimentos vivenciados aquando da morte de alguém, em algumas das principais tradições religiosas existentes no mundo - budismo islamismo, judaísmo, hinduísmo e o Condomblé.

Para os Budistas a morte é a única certeza, “ se nos lembrarmos da inevitabilidade da morte geraremos o desejo de usar a nossa preciosa vida de forma significativa” é um dos lemas.

Acreditam que treinando a mente durante a vida, o indivíduo estará tranquilo e sereno quando chegar a hora de morrer, o que garantirá um renascimento afortunado. Acreditam na reencarnação, comparando o processo de morrer e renascer com o ciclo: dormir, sonhar e acordar.

Diante da morte, a expressão das emoções passa pelo choro, pelo soluçar e pelo canto de canções tristes, onde lamentam a morte e louvam as virtudes do morto. No entanto, procuram manter o equilíbrio, evitando o choro e o desespero perto do corpo porque a tristeza torna-se um obstáculo para um novo renascimento. Assim, é de todo essencial que o amor, a paz, a aceitação, harmonia e conforto estejam no meio que envolve o morto, para que a mente deste permaneça positiva e tal o ajude na sua travessia.

Para os Budistas não existe Luto, há apenas preces e dedicação dos pensamentos positivos á pessoa que morreu. No entanto, em locais mais tradicionais, como no Japão a família permanece de luto durante 49 dias, como sinal de respeito pelo morto.

O corpo é deixado durante oito horas sem ninguém lhe mexer num lugar tranquilo, pois permite á família algum tempo para se acalmar e ao morto um momento de serenidade, como preparação para o começo de uma nova vida.

No Japão usam flores dentro do caixão e uma tigela com arroz cozido, água, um vaso com flores, velas e incenso, colocados numa mesa ao lado do caixão para que nada falte ao morto.

Relativamente ao islamismo, há que salientar que são as regras que determinam a maneira como os fiéis interpretam a morte e como lidam com o corpo. Os islamitas á semelhança com os budistas vêm a morte como a passagem para uma nova etapa. As almas esperam pelo juízo final, onde ocorrerá a ressurreição.

Os corpos são lavados, embrulhados, contemplados e chorados. Após serem realizadas as orações, o morto é enterrado sem caixão em posição paralela a Meca.  O caixão deve ser simples, pois serve apenas para transportar o corpo até ao cemitério. O velório apenas serve para cumprir a burocracia ou para aguardar um parente, pois quanto mais cedo for realizado o sepultamento, melhor.

A autópsia é proibida, a doação de órgãos pode ser feita, no entanto, não há luto, pois a morte deve ser vista como algo natural.

As reacções á perda poderão variar consoante o país, pois existem diferenças entre os costumes praticados na cidade e no meio rural, existindo desta forma três tipos de reacções, o choro, batidas no peito e arranhões na cara. No entanto, em alguns países onde o islamismo é praticado existem alguns onde a crença de que o choro pode ofender o morto. Normalmente os homens tendem a reprimir as suas emoções.

Por seu turno, no que concerne ao judaísmo, se a morte é de uma criança com menos de trinta dias de vida, nenhumas práticas de luto são realizadas, pois esta é vista como se não tivesse vivido. Quando a criança tem mais que trinta dias de vida as mães não choram, pois esta atitude é entendida como pena e a pena é algo desprezível.

Assim, as mulheres encaram o momento com alguma indiferença, pois esta é a atitude culturalmente correcta, sob risco de sofrerem danos físicos e porem em causa o seu relacionamento. Estas mães acreditam que o sofrimento pode tornar o caminho do seu filho escuro e sombrio.

No interior da Venezuela, uma mãe de uma criança que tenha morrido geralmente dança no velório para que o caminho até ao paraíso seja feliz.

Relativamente á morte de adultos, normalmente o funeral celebra-se no dia a seguir ao falecimento, para que os familiares possam começar o seu período de luto. Os amigos e familiares doam dinheiro a instituições geralmente ligadas á causa de morte do defunto.

O período entre a morte e o enterro é o período onde a exaltação da dor está patente, daí a nomeação de Onen, ao familiar directo que mais esteja a sofrer, em choque e emocionalmente frágil. Os Onen rasgam as suas roupas e ficam de pé durante a cerimónia como manifestação da sua dor e raiva pela perda.

A tradição judaica reconhece que cada um pode viver o sofrimento e o luto ao seu ritmo, daí a existência de seis períodos de luto, onde cada pessoa manifesta a sua dor á sua maneira. A cremação e a autópsia são proibidas. As flores também são proibidas, uma vez que, são sinónimo de alegria.

Em oposição, no Hinduísmo, há que salientar que existem diferenças quanto às normas presenciadas pelos hindus de diferentes castas, regiões e estatutos financeiros.

Quando a morte começa a ser percepcionada dá-se inicio a um período de jejum, de forma a contribuir para o bem-estar da pessoa que está a morrer. Realizam-se ainda orações, recita-se poesia e canta-se na tentativa de agradar aos deuses, na esperança que estes intercedam a favor do sujeito que está a morrer.
Quando ocorre a morte, ouvem-se gritos, as mulheres realizam as purificações e vestem os trajes fúnebres brancos (saris brancos) utilizados até ao primeiro aniversário da morte.

Durante os rituais fúnebres todos têm de ser vegetarianos e tem de dormir no chão. As orações ocorrem duas vezes por dia e é de esperar que familiares e amigos participem, no entanto tem de se encontrar em estado de pureza física e espiritual.

As mulheres são as que mais expressam as suas emoções, gritando, chorando com histeria, por sua vez, os homens tem como função carregar o caixão até ao cemitério. Todos o querem fazer, bem como, todos os vizinhos param para ver o cortejo, pois acreditam ser um bom presságio.

Normalmente os filhos e netos do falecido rapam as cabeças, deixando um penacho no topo, sendo este oferecido á alma daquele que partiu.

Os corpos são cremados, as cinzas são submersas no Ganges, com o intuito de assegurar a salvação espiritual do falecido. Durante a cerimónia da cremação são proferidas orações pelos sacerdotes, as quais são repetidas em voz alta pelos familiares, deixando transparecer toda a emoção e dor do momento. É fundamental ouvir o crânio a estalar, pois é símbolo que a alma foi libertada.

Por sua vez, Os Toraja de Sulawesi na Indonésia, tentam manter a calma emocional, pois acreditam que se a dor for muito intensa os coloca em risco. Apenas devem chorar e soluçar junto ao morto. Até se iniciarem as cerimónias fúnebres o morto não é tratado como tal, uma vez que continuam a oferecer comida e bebida. É com o inicio das cerimónias que os familiares se vestem de preto e evitam comer determinada comida. Ao longo dos rituais evitam os estados ansiosos para não serem punidos pelos antepassados e pelos espíritos com doenças, morte e infortúnio.

De acordo com a crença do Condomblé, acredita-se na vida após a morte. O corpo é geralmente velado no terreiro. O ritual funerário é denominado por axéxé, começa depois do enterro e costuma ser longo, podendo durar vários dias. A sociedade é chamada para participar no ritual pelo qual o espírito do morto é encaminhado para outra terra, uma vez que acreditam que a vida continua por meio da força vital de cada um.

Durante o axéxé acredita-se que o morto pode expressar as suas últimas vontades e para isso o sacerdote que preside o ritual faz uso constante do jogo de búzios.

Assim, antes de cada um dos objectos religiosos que lhe pertenceram em vida serem desfeitos, rasgados ou partidos, o oficiante pergunta no jogo, se tal peça deve ficar para alguém do seu círculo íntimo. 

Referência bibliográficas:
Murray Parkes, Colin; Laungani, Pittu; Young, Bill (2003). “Morte e Luto através das culturas”. Lisboa, Climepsi Editores

Fonte: Blog Psicologia Transpessoal

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