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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Estudo da USP cria mapa mundial da poluição do ar

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) criaram um mapa da poluição atmosférica no mundo e descobriram que os países com piores índices são os com menor produção científica sobre o tema. 
Segundo os autores do estudo publicado na revista Nature Reviews Cancer, as nações em desenvolvimento contribuíram com apenas 5% das pesquisas já feitas sobre o tema.
 
Enquanto países desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá e a maioria dos europeus apresentaram os índices mais baixos de poluição, entre 5 e 20 microgramas de material particulado inalável por metro cúbico de ar (μg/m3), as nações em desenvolvimento, que estão concentradas na América do Sul, no Norte da África e nas regiões próximas à Índia e à China, ficaram nas faixas mais altas, entre 71 μg/m3 e 142 μg/m3. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o poluente são valores abaixo de 20 μ/m3.

Para Lais Fajersztajn, principal autora da pesquisa, os resultados indicam que a ciência é uma ferramenta importante para mudar esse cenário e precisa ser fortalecida nos países em desenvolvimento por colaborações internacionais.

“Vale dizer que os dados ainda são subestimados, pois consideram regiões muito grandes e diversas. O Brasil, por exemplo, está na mesma faixa dos Estados Unidos, que é a mais baixa. Mas é uma média de todo o país, que tem lugares muito poluídos e outros pouco poluídos”, afirmou Lais.

De acordo com Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP e orientador de Lais no estudo, o mapa da poluição mostra que as regiões com pior qualidade do ar são também as mais densamente povoadas.

Para fazer a comparação, o grupo cruzou os dados sobre densidade populacional e poluição atmosférica, disponíveis no site do Banco Mundial, com a base de dados Web of Science, índice de citações online mantido pela Thomson Reuters.

O levantamento mostrou que as pesquisas sobre o impacto do ar poluído na saúde estão concentradas na América do Norte e na Europa, seguidas por China, Austrália, Brasil e Japão, e é quase inexistente na África, na Índia e nos demais países da América do Sul.

“Alguém pode argumentar que alguns desses países são tão pobres e têm tantos problemas que não teriam condições de produzir conhecimento científico sobre qualquer assunto. Então, para comparar, buscamos também as pesquisas publicadas sobre malária e sobre qualidade da água”, explica.

Segundo Lais, os resultados mostraram que 20% das pesquisas sobre qualidade da água e 70% dos estudos sobre malária foram feitos nos países em desenvolvimento.

Os pesquisadores ressaltam ainda que o número de mortes prematuras causadas pela poluição do ar tende a superar o de mortes por malária e por falta de saneamento básico nos próximos anos. Segundo estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a exposição a poluentes vai se tornar a principal causa ambiental de morte prematura até 2050.

Câncer de pulmão – Há evidências científicas que relacionam exposição à poluição a elevação no risco de doenças cardiovasculares, problemas respiratórios e vários tipos de câncer. No artigo científico, o grupo da USP reuniu os principais estudos que mostram como poluentes aumentam o risco de câncer de pulmão.

O trabalho mais recente, publicado este ano no The Lancet Oncology, traz dados de mais de 300 mil indivíduos em nove países. Os resultados indicam que, no grupo exposto à poluição, o risco de câncer se eleva em 50% a cada 10µg/m3 inalado.

Embora o risco causado pela poluição não seja tão alto quando comparado ao tabaco, que chega a elevar em 30 vezes o risco da doença, ainda é um problema de saúde pública importante, pois toda a população está exposta.

O gráfico também indica que os benefícios da urbanização estão distribuídos de forma altamente desigual no mundo. Esse fenômeno, que Saldiva chama de ‘racismo ambiental’, tem grandes impactos sobre a saúde da população de países em desenvolvimento.

“Medidas de política pública são a única forma de proteger a população. É a vacina moderna. Não tem nada que os indivíduos possam fazer de forma isolada”, diz Saldiva.

Fonte: Agência Fapesp

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