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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Escolas fazem parcerias para solucionar problemas globais

Por que um estudante de uma escola dos Estados Unidos e um de outra em Uganda conversariam regularmente pela internet durante cinco meses? Se eles fizerem parte do programa Challenge 20/20, da rede americana Nais (Associação Nacional das Escolas Independentes, na sigla em inglês), a resposta será: “para mudar o mundo”. Desde 2005, a iniciativa da entidade promove parcerias entre instituições dos EUA e de outros países para incentivar crianças e adolescentes a encontrarem soluções locais para problemas globais.

O desafio proposto aos alunos foi criado pelo economista e ex-presidente do Banco Mundial Jean-François Rischard em seu livro High Noon (sem tradução no Brasil), em que ele elenca os 20 piores problemas globais – aqueles que estão se tornando mais graves e cujas estratégias usadas para enfrentá-los são ineficientes, como aquecimento global, terrorismo, doenças infecciosas e drogas ilegais.

“O chamado de Rischard veio bem no momento em que a NAIS começou a defender que suas escolas afiliadas tivessem preocupações mais globais. A partir desse filtro, criamos o Challenge 20/20. ‘Mudando o mundo, duas escolas por vez’ é o nosso mantra”, afirmou Ioana Suciu Wheeler, diretora de iniciativas globais da associação em entrevista ao Porvir.

O Challenge forma grupos de até quatro escolas (duas norte-americanas), que se conectam pela internet, e devem pesquisar um dos tópicos, propor iniciativas e realizar ações relacionadas às suas comunidades no período de um semestre. As inscrições e a participação são gratuitas e podem se candidatar instituições públicas ou privadas de ensino fundamental e médio, que são combinadas de acordo com a idade dos alunos participantes, o tópico escolhido e a região onde estão. Se as próprias escolas já têm relação com alguma outra específica, a parceria é respeitada.

Para facilitar a comunicação entre os participantes, inicialmente feita por e-mail e de forma independente, foi criado no último ano um portal do programa, onde os alunos acessam suas avaliações, se conectam com seus parceiros e publicam suas pesquisas, ideias, fotos e vídeos.

Como resultado desses acordos, desde o início do programa, estudantes já construíram telas para proteção contra mosquitos para crianças na África, produziram anúncios sobre conservação da água para estações de TV locais nos EUA e no México e venderam produtos para arrecadar fundos para afetados por desastre natural na Ásia, entre outros iniciativas. Os problemas mais escolhidos para intervenção são os relacionados ao meio ambiente, seguidos por pobreza, manutenção da paz, educação para todos, drogas ilegais e doenças infecciosas.

Segundo Iona, da Nais, o programa é muito simples de ser implementado nas escolas, sem regras rigorosas e pode ser inserido como parte do currículo obrigatório ou como atividade extraclasse. A única exigência estabelecida, além do projeto a ser desenvolvido, é que os alunos participantes saibam se comunicar em inglês.

“Queremos que professores e alunos tenham liberdade para criar seus próprios projetos. Isso permite participação e interesse maiores e desenvolve habilidades para que eles descubram soluções práticas e realistas”, diz.

Resultados

No primeiro ano do programa, o Nais recebeu 75 candidaturas de 30 países, mas já cresceu e para este ano (setembro de 2013 a maio de 2014)  se inscreveram 500 escolas de 60 países.

“O Challenge 20/20 mudou a maneira como estudantes, escolas, pais e comunidades pensam sobre o mundo e como podem fazer para torná-lo um lugar melhor para todos”, diz orgulhosa Iona. Além dos projetos em si, segundo ela, o processo todo contribui para construir habilidades de resolução de problemas, trabalho em grupo e colaboração, comunicação intercultural e empatia com problemas alheios. Muitas vezes eles chegam a criar relações de amizade com os colegas de outros países e organizam intercâmbios após o término do Challenge 20/20.

A maior dificuldade encontrada até agora no programa diz respeito a conexão à internet. “Em alguns casos, escolas dos EUA, com bons equipamentos tecnológicos, formam parcerias com colégios de lugares rurais e pobres, onde os alunos precisam se locomover até o cyber café mais próximo para se comunicar”, conta Iona.

O Challenge 20/20 não tem a pretensão de intervir nesses lugares e ajudá-los a se equiparem melhor, mas Iona acredita que o convívio entre essas diferenças é positivo para todos, aqueles que aprendem a perceber as dificuldades existentes em outros lugares do mundo e os que passam a almejar melhores condições de vida.

Participação pequena

O Brasil tem uma participação pequena no Challenge 20/20. Até agora, desenvolveram projetos o Colégio Farroupilha (Porto Alegre), Província de São Pedro (Porto Alegre), Bandeirantes (São Paulo), a Escola Americana de Brasília, Graded School (São Paulo), o Instituto Nossa Senhora da Piedade (Ilhéus-Bahia) e Escola Americana do Rio de Janeiro, a única que está inscrita este ano. Para se candidatar a uma parceria é preciso se inscrever no site http://www.nais.org/go/challenge2020.

Fonte: Envolverde

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