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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Dramáticos, artigo de Montserrat Martins

Num “papo de bar” discutíamos quem será ainda imortal daqui a alguns séculos, Freud, Marx, Gandhi? Eu apostei em Shakespeare e na sua universalidade dramática, seu desvendar da alma humana em suas histórias de amor e ódio, paixão e ciúmes, vingança e reparação, generosidade e cobiça, toda sorte de paixões, enfim. Mudam os séculos, evoluem as civilizações, a ciência e a tecnologia, mas o elemento humano está lá, na massa bruta do nosso ser, com toda gama de emoções que somos capazes de sentir.


Novelas e filmes exploram isso com “conhecimento de causa”. Mesmo quem não acompanha novelas pode apreciar às vezes o desempenho de atores capazes de dar vida a personagens como Carminha ou Félix, para falar apenas dos mais recentes sucessos da tevê brasileira. Somos dramáticos, mesmo que as situações retratadas passem longe da nossa vida, as emoções nos atraem. Grandes atores e atrizes são admirados por nos brindarem com interpretações envolventes, nos propiciando momentos de “voyeurs” sentimentais.

No cotidiano temos de reprimir muitas emoções, no convívio social, por isso as atuações dramáticas nos agradam, nos liberam, se tornam formas de prazer, de diversão. Prazeres instintivos, cuja repressão e canalização para finalidades mais nobres seria uma tarefa evolutiva, civilizatória. Pois a TV está repleta de programas sensacionalistas, a começar pelos policiais, você sabe. Estes programas são assistidos e apreciados pelos próprios “bandidos” caçados ali, numa espécie de “coluna social”, pois é o único local onde eles se vêem na TV.

A exploração barata das emoções em programas populares, num “vale-tudo” pelo Ibope, vai funcionar enquanto houver público para isso. Das boas dramaturgias, dramas dos quais podemos extrair algum significado e aprendizagem, podemos dizer que são universais enquanto capazes de atingir a todos, em diferentes locais e épocas. Muitos Datenas se sucederão e Shakespeare ainda estará lá, como vem ocorrendo há vários séculos. Como foi dito de maneira poética por Machado de Assis: “Um dia, quando já não houver império britânico nem república norte-americana, haverá Shakespeare, quando não se falar inglês, falar-se-á Shakespeare”.

E o que os dramas nos ensinam? Haverá alguma fórmula para a mudança de comportamento, psicológica ou bioquímica, capaz de alterar nosso modo de nos relacionar uns com os outros? A evolução elevará nosso nível de consciência social, ou seremos uma civilização decadente, cega pelo consumismo? Temos capacidade de ser menos imediatistas a tempo de evitar o deterioro das condições de vida no planeta? Não sei as respostas, mas todas essas questões filosóficas tem um mesmo cerne: a condição humana. Os dramas nos ensinam é que não há respostas fáceis.

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é Psiquiatra.

Fonte: EcoDebate

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