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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Cuba inicia modernização de setor energético com ajuda da Rússia

Cuba assinou um contrato com a Rússia para fabricar quatro geradores para a usina termelétrica de Mariel, o primeiro passo de um ambicioso programa de diversificação e modernização da matriz energética na ilha, que requer 10 bilhões de dólares de financiamento externo.


Os quatro geradores garantiriam energia para a zona industrial que será construída em torno do novo megaporto de Mariel, 50 km a oeste de Havana, como parte de um programa nacional de desenvolvimento elétrico até 2030. A produção restante será adicionada à rede nacional.

Este programa ambicioso, que requer 10 bilhões de dólares, busca aumentar a geração no país dos 18.746 gigawatts/hora atuais para 30.299 em 2030, reduzir a alta dependência do petróleo e baratear os altos custos de produção.

“Isto é caro, com o dinheiro que temos não podemos fazer. É preciso fazer isso com fontes de financiamento externas”, disse o vice-presidente do Conselho de Ministros, Marino Murillo, que explicou que a ilha deve conseguir créditos ou investimentos para levar este plano adiante.

A China também poderia participar, pois o presidente chinês, Xi Jinping, antecipou que, durante sua visita a Havana, esta semana, serão acelerados “os passos de cooperação nos setores prioritários” para Cuba, entre os quais mencionou a construção de infraestrutura e energia.

O acordo dos quatro geradores (cada um com 200 megawatts), com um crédito russo de US$ 1,6 bilhão, foi assinado na visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Cuba, durante seu giro pela América Latina, com a finalidade de quadruplicar a capacidade da usina Máximo Gómez de Mariel, que agora tem uma potência de 300 MW e responde por 12,8% da geração nacional.

O plano contempla mudar a atual matriz energética, de 95,7% de geração com petróleo e 4,3% a partir de fontes renováveis, para 76% e 24%, respectivamente.

Para isto, serão construídas 19 usinas “bioelétricas” em engenhos açucareiros (cada uma custa US$ 40 milhões), que funcionarão com lenha de marabu (“Dichrostachys cinerea“) e bagaço de cana-de-açúcar, que aportarão 755 MW, segundo Murillo.

Também serão construídos 13 parques eólicos (633 MW), usinas fotovoltaicas (700 MW) e pequenas centrais hidrelétricas (56 MW).

O desenvolvimento das energias renováveis custa US$ 3,7 milhões.

Mas, além disso, o sistema de geração de energia a partir do petróleo deve ser modernizado para aumentar a produção e a eficiência. Isto custa US$ 6,2 bilhões, dos quais US$ 1,6 bilhão já está acertado com a Rússia.

Com um crescimento anual de 3% na geração, o custo por kilowatt deve cair de 21 centavos de dólar atualmente para 18 centavos em 2030, segundo o plano.

Murillo explicou que os lares cubanos consomem 55% da eletricidade gerada a preços “fortemente subsidiados”. Disse que uma família cubana consome, em média, 180 kw/h, pelos quais paga 36 pesos (1,4 dólar), mas gerar e distribuir esta quantidade de energia custa seis vezes mais.

O déficit de energia elétrica nos anos 1990, que causou apagões de 16 horas por dia, foi um dos sinais mais visíveis da crise econômica que recaiu sobre Cuba após a desintegração da União Soviética, em 1991.

A visita de Putin e o programa elétrico cubano dão a entender que o antigo projeto de energia nuclear que Cuba iniciou nos anos 1980 continuará suspenso. O programa tinha o apoio da extinta União Soviética e tinha como sede a localidade de Juraguá, perto da cidade de Cienfuegos, no centro-sul da ilha.

A usina de Juraguá começou a ser construída em 1983, mas os trabalhos foram paralisados em 1993, após o fim da União Soviética, pois as autoridades russas não aceitaram liberar os 750 milhões de dólares necessários para a sua conclusão.

Após um investimento conjunto de US$ 1 bilhão, o projeto da usina nuclear – que desencadeou tensões com Washington -foi mantido com um crédito de US$ 30 milhões injetados pela Rússia, à espera de tempos melhores.

O tema foi abordado por Putin em sua primeira visita à ilha no ano 2000, quando ele se queixou de que Cuba não estava mostrando interesse em continuar construindo a usina. Mas em sua visita recente, aparentemente, o assunto não foi abordado. 

Fonte: Terra

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