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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Para geólogo, intenção de lucrar vendendo mais água gerou crise em SP

Para Delmar Mattes, falta de chuva não pode ser a única justificativa para a crise de abastecimento.Geólogo denuncia que empresas atropelaram a legislação e passaram a captar água nos rios individualmente.


O Governo de São Paulo desistiu de cobrar multa por aumento no consumo de água. O recuo foi anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) nesta quarta-feira (9). A possibilidade de punição foi uma tentativa de reduzir os impactos da crise da água, marcada pelo baixo nível dos reservatórios que atendem a Grande São Paulo.

Com volumes de chuva abaixo do esperado, o Sistema Cantareira – que abastece 9 milhões de pessoas – chegou a 18,7%. O geólogo Delmar Mattes avalia que esta não pode ser a única justificativa para a falta de água. Em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor, o especialista em infraestrutura e controle de enchentes aponta que houve falha de gestão.

“A Sabesp aplicou a política de mercantilização da água. Ela se transformou em uma empresa interessada em vender uma quantidade cada vez maior de água. Inclusive, entrou na Bolsa de Valores de Nova York e São Paulo. Com isso a prioridade era obter mais lucro vendendo maior quantidade de água e acabou abandonando outras políticas importantes para garantir água para todos.”

Outra medida tomada pelo Governo foi a utilização do chamado “volume morto” dos reservatórios. Segundo a Sabesp, todo o estoque deve acabar até 27 de outubro, caso não chova consideravelmente. Mattes denuncia que as empresas atropelaram a legislação e iniciaram uma “corrida” pela água.

“Tive notícias de que muitas empresas, em Piracicaba, já estão captando água nos rios individualmente. Cada um buscando individualmente sem definir prioridades que estão previstas na Política Nacional de Recursos Hídricos.”

Estimativas indicam que a probabilidade de superação da crise da água no Sistema Cantareira é de apenas 25%.

De São Paulo, da Radioagência BdF, Jorge Américo.

Fonte: EcoDebate

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