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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Noruega retira investimentos do setor de carvão

A Noruega ratificou nesta sexta-feira (5) a decisão de retirar seu fundo soberano, o maior do mundo, dos investimentos em empresas relacionadas com o carvão, a alguns meses da conferência de Paris sobre o clima.


Por unanimidade, o Parlamento norueguês decidiu que o fundo de quase 7 trilhões de coroas (793 bilhões de euros), que controla 1,3% da capitalização da bolsa mundial, deve se desvincular das empresas mineradoras ou dos grupos de energia nos quais o carvão represente mais de 30% de sua atividade ou de seu faturamento.

A decisão de se retirar, que ocorre após um compromisso acordado na Comissão de Finanças de 27 de maio, afetará entre 50 e 75 empresas internacionais e significará a cessão de participações compreendidas entre 35 e 40 bilhões de coroas, segundo os cálculos do ministério das Finanças.

No entanto, segundo os defensores do meio ambiente, o impacto pode ser ainda maior, e algumas estimativas calculam que serão 122 as empresas afetadas que representariam 67,2 bilhões de coroas.

Não foi informado oficialmente o nome das empresas que podem ser afetadas pela saída do fundo, que investe em 9.000 sociedades.

Mas segundo um estudo realizado por três ONGs, a medida afetará 35 grupos americanos, incluindo Duke Energy, o espanhol Endesa, uma dezena de chineses, oito japoneses, os gigantes alemães EON e RWE, o britânico SSE, o indiano Reliance Power, o italiano Enel, o português EDP, o sul-africano Sasol, o sul-coreano Korea Electric Power, o sueco Vattenfall e o dinamarquês Dong.

Devido ao gigantesco tamanho do fundo norueguês, esta é uma vitória importante para a campanha internacional que defende o abandono do carvão, uma energia fóssil particularmente poluente, antes da conferência internacional sobre o clima organizada em Paris em dezembro.

Os deputados noruegueses destacaram que sua decisão também obedecia a questões financeiras, já que o valor dos ativos no carvão está condenado a cair no caso de um acordo internacional contra as mudanças climáticas.

Para Truls Gulowsen, diretor da ONG Greenpeace na Noruega, esta decisão provavelmente repercutirá em outros lugares.

A Igreja da Inglaterra, grupos financeiros como Axa e universidades anglo-saxãs como Oxford e Satanford também anunciaram recentemente que se desvinculariam do carvão ou que reduziriam seus investimentos.

“O carvão sempre representou problemas do ponto de vista moral devido aos seus efeitos sobre o clima. Agora inclusive sua rentabilidade está sob pressão”, declarou Gulowsen à AFP. “Acredito e espero que os dias do carvão estejam contados”.

No entanto, os gigantes Anglo American, BHP Billiton e Glencore devem ser salvos graças ao peso enorme de suas outras atividades mineradoras, que deixam o carvão abaixo da linha vermelha de 30%.

“Em conjunto, as ‘Big 3′ produziram 364 milhões de toneladas de carvão no ano passado (…) que gera emissões de CO2 equivalentes a mais de 15 vezes a emissão anual de gás da Noruega”, declarou Heffa Schucking, representante alemã de um grupo de ONGs.

A medida de exclusão não afetará os grupos metalúrgicos nem será automática no que diz respeito aos produtores de carvão e às companhias energéticas: se elas superarem o limite de 30%, o fundo poderá levar em conta seus projetos futuros antes de decidir se irá se desvincular delas.

Fonte: Terra

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