Colaboradores

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Arquivo do blog

Pesquisar neste blog

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Em cemitérios, livros de até 80 anos guardam memórias da cidade em letra cursiva

Mesmo na era da internet, todos os registros nos maiores cemitérios de Campo Grande continuam com registros feitos a mão. Em livros antigos, alguns com mais de 80 anos, tudo é muito bem organizado por data. São inúmeras histórias, protegidas de almas penadas e panes eletrônicas. 


Trabalhando no cemitério Santo Amaro há mais de 10 anos, Joel Joerke, de 73 anos, conta que a tecnologia nos dias de hoje contribui muito para as pesquisas de cada registro, mas nunca se sabe quando ela pode falhar. "A internet nos ajuda, mas sempre contamos com os imprevistos e por isso permanecemos com os livros como eram feitos, a moda antiga". 

Segundo Joel, essa é uma exigência da própria Prefeitura, principalmente, para que se tenha ao que recorrer em casos de queda de energia ou um problema no sistema. Os dados também são digitalizados, mas continuam no papel como alternativa, para que nenhuma informação se perca.

"Os cemitérios são públicos, as pessoas têm o direito de visitar os túmulos e somente com os registros podemos informar onde estão enterrados as pessoas", justifica o administrador

Os grandes livros são super bem cuidados. Mesmo assim os registros só estão disponíveis a partir de 1985, os demais já foram arquivados pela Prefeitura.

Com uma caligrafia impecável, a cada sepultamento, o administrador escreve informações como data, nome, idade, filiação, naturalidade, nacionalidade, estado civil e diagnóstico das causas da morte, além da quadra e do lote que cada um está enterrado.

"Eu acho importante manter essa tradição, a gente nunca sabe o que pode acontecer e aqui tem pessoas de Campo Grande e de outros países", diz Joel.

No Cemitério São Sebastião, conhecido como Cruzeiro, há registros nos livros desde 1989. Mas sem capricho, parte já se deteriorou. Com folhas amassadas e soltas, é preciso ter muito cuidado para que os registros não rasguem.

O contrário ocorre no Santo Antônio, um dos mais antigos de Campo Grande, onde os livros chamam atenção, justamente, pelo cuidado e durabilidade. Ali, o tumulo mais ilustre é do fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira.

Mesmo com as folhas amareladas por conta do tempo, é com delicadeza e cuidado que os registros são manuseados pela administração há 80 anos. "Esse livro contém dados desde 1936. Mas ele já foi passado a limpo em 1973. Os mais antigos já estão arquivados e também fazem parte da história." explica a administradora Dejenane Fialho, de 44 anos.

O primeiro sepultamento ali foi registrado em 1900, mas os livros antigos com estes dados foram perdidos e até 1936 não há nada registrado. A partir desta data, logo na página inicial, o primeiro registro feito a mão é da morte de criança de 1 ano, no dia 31 de dezembro de 1935.

As anotações também colaboram para a memória da cidade. Na causa da morte, aparece "sem médica", que de acordo com Dejenane era o termo usado na época para casos em que não foi identificada a causa. "Eram pessoas que as vezes faleciam dentro de casa por morte natural e muitas vezes o médico não identificava", comenta.

Pelos sepultamentos, é possível perceber que entre os anos de 1936 a 1946, as frentes de trabalho traziam pessoas de vários países aqui para a região e muitos acabavam morrendo na cidade. Além dos países vizinhos como Paraguai e Bolívia, tem uma diversidade de registros de japoneses, italianos, libaneses e portugueses.

Fonte: Campo Grande News

0 comentários:

Postar um comentário

Eco & Ação

Postagens populares

Parceiros