Construtor civil projetou o espaço para homenagear as pessoas sepultadas que não recebem visitas com frequência

Entristecido pela falta de atenção de muitas famílias com as pessoas sepultadas no Cemitério Público de Farroupilha, o construtor civil Luiz Antônio Müller, 54 anos, criou um memorial para homenagear os que já partiram. O Memorial aos Mortos Esquecidos foi construído há cerca de um mês. Em um canteiro de flores, próximo ao antigo portão de entrada, Müller colocou duas bases de concreto, anjos e uma cruz, que ganham um toque especial com a presença de uma árvore e um banco. Nos últimos dias, arcos de metal, em níveis diferentes, também foram posicionados no chão. 

O material custou cerca de R$ 800 e foi comprado com recursos próprios do trabalhador. O espaço também tem recebido buquês e vasos de flores de frequentadores que apreciaram a ideia. No local, estão enterrados restos mortais de duas pessoas não identificadas.

Conforme o construtor civil, a iniciativa é uma forma de homenagear aqueles que estão sepultados no cemitério da cidade mas que não recebem visitas ou que foram realmente abandonados pelos familiares. 

— Há tanto tempo trabalhando aqui, eu percebi as pessoas não vêm mais rezar ou visitar seus familiares. No Dia dos Pais mesmo, nem 10% dos mortos receberam flores ou visita. Às vezes, os arranjos de flores ficam mais de um ano sem serem trocados. Isso me entristece muito — explica Müller, que há 37 anos dedica seus dias ao restauro e sepultamento no maior cemitério de Farroupilha.

A ideia é que moradores do município também possam usar o espaço para homenagear seus entes queridos que estão sepultados em outras cidades e Estados. Velas e arranjos de flores podem ser depositados no memorial.

O cemitério, que abriga cerca de 2 mil gavetas alugadas e compradas, além de 1,5 mil capelas, é administrado e mantido pela prefeitura de Farroupilha. O secretário municipal de Obras e Trânsito, Vandré Fardin,  avalia positivamente a iniciativa de Müller:

— Ainda não tive a oportunidade de visitar o memorial, mas é uma atitude simpática, que só tem a agregar — afirma. 

Fonte: Jornal O Pioneiro