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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

28,5% da água de SP tem quantia inadequada de flúor, diz estudo

Quase 30% da água do estado de São Paulo tem quantidade inadequada de flúor, segundo um grande levantamento feito pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), pelo Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal (Cecol-USP) e pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp (FOP-Unicamp), cujos resultados foram divulgados nesta terça-feira (11).

Enquanto 14,5% das amostras de água coletadas pelo levantamento têm menos flúor do que o recomendado, 14% tem mais do que o adequado. Tanto a falta quanto o excesso de flúor pode acarretar riscos para a população.

O estudo coletou 11.715 amostras da água de 642 cidades de São Paulo (98% dos 645 municípios do estado). Segundo o Crosp, esta é a primeira vez no mundo que um levantamento mediu a fluoretação da água consumida por uma população tão grande: de 45 milhões de pessoas.

Cada cidade teve um número de amostras coletadas de acordo com o número de sistemas que a abastecem. Os pesquisadores ainda estão analisando os dados para concluir quantos municípios paulistas têm água adequada em termos de quantidade de flúor. Por enquanto, a análise se refere apenas ao número de amostras.

Benefícios e riscos do flúor – O flúor é capaz de prevenir o surgimento de cáries quando consumido em quantidade adequada. Em excesso, porém, ele pode levar à fluorose dentária, caracterizada por manchas esbranquiçadas nos dentes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão também cita como efeito adverso do excesso de cloro a fluorose óssea, que pode provocar dores e fraturas nos ossos.

“Se tenho uma quantidade muito pequena de flúor na água, não vou ter a redução de cárie esperada. Se tiver uma presença elevada, há risco de fluorose dental, que é um problema que inicialmente se manifesta como alteração estética, com a formação de manchinhas brancas nos dentes, e que depois pode se manifestar como uma alteração maior”, diz Marco Antonio Manfredini, secretário-geral do Crosp.

A conclusão da pesquisa leva em conta o parâmetro adotado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que considera adequadas concentrações entre 0,6 e 0,8 partes por milhão (ppm) de flúor na água.

Levando em conta outro parâmetro – mais recente e que classifica a quantidade de flúor de acordo com riscos e benefícios que ele pode trazer – 11,9% das amostras de água foram classificadas como de risco moderado, 1,8% como de risco alto e 1,1% como de risco muito alto para a população. Este parâmetro foi desenvolvido pela Cecol-USP em 2011.

Os dados do levantamento vão ser repassados para as três instâncias do SUS: o Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais e as Secretarias Municipais de Saúde. O objetivo é que as cidades em que a quantidade de flúor esteja inadequada corrijam o problema.

O Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas do Estado também serão informados sobre o resultado. “Vários municípios de São Paulo receberam recursos do governo do estado para implantarem a fluoretação e tem alguns que ainda não implantaram, então isso vai exigir uma ação do Tribunal de Contas do Estado”, diz Manfredini.

O Crosp ressalta a importância do flúor na água e nos cremes dentais para a redução das cáries no Brasil. Segundo o órgão, antes da adição de flúor na água no país, uma criança de 12 anos tinha em média 8 dentes com cárie no país. Hoje, essa média baixou para 2 dentes com cárie.

A coleta das amostras de água foi feita por 50 fiscais do Crosp. A metodologia do estudo foi desenvolvida pelo Cecol-USP e as análises laboratoriais foram concluídas pela FOP-Unicamp.

Fonte: G1

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