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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Escassez de vagas em cemitério aumenta sofrimento de cariocas

Prefeitura determinou, nesta quarta-feira, criação de novas 14 mil vagas nos cemitérios públicos da cidade


CAIO BARBOSA
Rio - Se crise política em Brasília está longe do fim, no Rio, uma outra, dramática, pode estar com os dias contados: a da escassez de vagas nos cemitérios da cidade. Os últimos a sofrerem com o descaso foram os parentes de Elaine Cristina de Souza, moradora do Complexo do Alemão que morreu na noite de sábado, vítima de uma bala perdida enquanto jantava, na volta do trabalho, na Estrada da Alvorada, próximo à casa onde morava.

Como se não bastasse a morte trágica de Elaine, aos 35 anos, seus familiares tiveram de enfrentar uma via crúcis para poder sepultá-la, o que só aconteceu na manhã desta terça-feira. "A tristeza é muito grande. O sentimento de impotência e de dor, ninguém tem ideia", disse o pai de Elaine, Gésio Emanuel, de 76 anos. 

A concessionária Reviver, responsável pela administração de sete cemitérios publicos do Rio desde o ano passado, admite o problema e diz estar trabalhando por uma solução.

"Vale ressaltar que a escassez de vagas nos cemitérios do Rio é uma situação antiga herdada da administração anterior", disse a concessionária, em nota. "Um projeto para acrescentar 12.000 vagas de sepultamento nos cemitérios do Rio já se encontra em andamento, e essas novas vagas estão em processo de autorização pelo Poder Concedente", acrescentou a Reviver.

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva, publicou nesta quarta-feir no Diário Oficial a Resolução nº 49, que determina que as concessionárias Reviver e Rio Pax iniciem em até 10 dias úteis duas obras já autorizadas nos cemitérios São Francisco Xavier (Caju) e de Inhaúma para a construção de aproximadamente 14 mil novos jazigos para sepultamentos.

O descumprimento da resolução acarretará em multas diárias de 50 UNIFs, aproximadamente R$ 3.760,00. Fica determinado ainda que novas construções autorizadas pela prefeitura terão o prazo máximo de 30 dias úteis para serem iniciadas.

Com estas intervenções, o Cemitério São Francisco Xavier, administrado pela Reviver, ganhará 10.756 novos jazigos. Já o Cemitério de Inhaúma, sob responsabilidade Rio Pax, será contemplado com 3.176 novos pontos para sepultamentos. Também estão previstas obras para erguer mais de 15 mil nichos - locais de armazenamento de ossadas - nas duas unidades.

A execução destas obras está prevista no contrato de concessão firmado com os dois consórcios. A previsão é que até o mês de outubro parte das vagas já estejam disponibilizadas. Tais avanços, segundo a Seconversa, somam-se ao sistema de gerenciamento de vagas online, inaugurado no mês de março.

“A gestão dos cemitérios está passando por grandes avanços nos últimos anos. O modelo de concessão é inédito no país e serve de exemplo para vários estados que estão em busca de uma administração mais moderna, facilitando e ampliando a fiscalização e o controle. Entregas como essa – e como o sistema de gerenciamento de vagas – só foram possíveis por conta da licitação e desse modelo. Foram muitas décadas de descaso, mas estamos avançando e trabalhando muito para garantir cada vez mais um serviço de qualidade”, relembrou Guilherme Schleder, secretário-chefe da Casa Civil municipal, em nota oficial.

A Seconserva informou que, recentemente, uma auditoria realizada pela prefeitura apontou que o tempo médio para que sepultamentos sejam realizados em cemitérios públicos, a partir da liberação dos corpos pelas unidades hospitalares ou pelo Instituto Médico Legal (IML), é de 36 horas. A causa da morte muitas vezes exige perícia ou outros procedimentos que retardam a liberação do corpo, o que acaba prolongando esse processo. A Coordenadoria de Cemitérios reforça que críticas, reclamações e sugestões podem ser feitas pela Central de Atendimento da Prefeitura do Rio, por meio do canal 1746.

Fonte: O dia

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