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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Indústria farmacêutica é criticada por testar novas drogas em países pobres

Em países mais pobres, muitas vezes, a única chance de um paciente receber tratamento médico é como voluntário em testes clínicos. “Esse é um argumento muito atraente”, confirma Christian Wagner-Ahlfs, químico e pesquisador da campanha Pharma BUKO, organização que analisa atividades da indústria farmacêutica no mundo subdesenvolvido.
“Muitas pessoas na Índia vivem na extrema pobreza, o que significa que elas dificilmente têm possibilidade de receber tratamento médico. Para serem tratadas, elas teriam que pagar do próprio bolso, mas não podem”, diz Wagner-Ahlfs. Ele acusa as empresas de usarem métodos questionáveis para explorar a população, como estudos clínicos.

O lobby farmacêutico refuta as acusações, mas não exclui a possibilidade de que existam exceções quando órgãos locais são contratados para fazer pesquisas. Em países populosos como Índia e China, é mais fácil encontrar voluntários com doenças “adequadas” para os testes.

Antes de tudo começar, eles precisam concordar em se submeter a tais testes, diz a VFA, uma associação de pesquisa da indústria farmacêutica. “As companhias podem até mesmo ajudar a corrigir deficiências na área da saúde equipando hospitais e outras instalações com tecnologia moderna e pessoal”, argumentou Rolf Hömke.

Diretrizes para testes das drogas

Drogas destinadas a humanos precisam ser testadas em humanos – quanto a isso, há uma certa concordância entre cientistas. Até que um medicamento seja considerado pronto para uso, ele passa por um longo processo de desenvolvimento. A fase final de testes clínicos em seres humanos exige padrões específicos claros estabelecidos pela Declaração de Helsinque. O conjunto de normas foi fixado pela Associação Médica Mundial (WMA), entidade que reúne organizações médicas de mais de 100 países.

Pacientes devem ser informados sobre os detalhes do estudo, a participação é voluntária e eles podem, a qualquer momento e sem justificativa, deixar o programa. Em um comunicado, o chamado “consentimento informado”, os pacientes precisam confirmar sua saída com uma assinatura.

Qual tratamento os pacientes receberão depois do término dos estudos também precisa ser esclarecido, enfatiza o secretário geral da WMA, Otmar Kloiber: “O procedimento é importante principalmente em casos de pacientes com doenças crônicas. Eles não devem ser vistos como ‘cobaias’ e abandonados quando os estudos terminarem.”

Menos estudos, mais controle

O consórcio farmacêutico Boehringer-Ingelheim afirma estar trabalhando atualmente em 125 estudos clínicos em 72 países, com mais de 70 mil pacientes. Outras empresas apresentam números semelhantes.

“Muitos estudos são desnecessários, porque as drogas são desenvolvidas em áreas onde a falta de avanço terapêutico já é previsível”, critica Wagner-Ahlfs. Muitos medicamentos em teste se diferenciam pouco das composições já existentes no mercado. “Eles [os testes] são feitos apenas para criar novas patentes e, assim, aumentar o lucro das empresas.”

O fato é que voluntários de países mais pobres dispõem sua saúde para o desenvolvimento das drogas, mas não têm condições de pagar pelo medicamento depois que ele está no mercado. “Este é um problema ético”, afirma o químico.

Não às pesquisas terceirizadas

A associação de pesquisa da indústria farmacêutica contesta a acusação de que as empresas estariam terceirizando a maioria dos estudos na África ou na Ásia por questões econômicas. Segundo dados estatísticos reunidos pelos Estados Unidos, só no país foram iniciados 2590 estudos no setor farmacêutico no ano passado. A Alemanha começou 715 pesquisas. Reino Unido, Canadá e França conduzem cada um cerca de 500 estudos, já na Índia foram ao menos 200.

Para que os critérios para os testes farmacêuticos sigam um padrão em todo o mundo, autoridades dos Estados Unidos, Europa e Japão desenvolvem desde de 1970 a política de “Boas Práticas Clínicas”.

As grandes empresas farmacêuticas dizem cumprir esses padrões éticos e científicos. Isso se deve também ao próprio interesse da indústria: uma fabricante só pode solicitar a liberação de uma nova droga depois que conseguir provar que todos as exigências foram cumpridas.

Fonte: EcoDebate

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