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sábado, 8 de junho de 2013

Antibióticos - o mal que entra pela boca do homem






Ana Echevenguá

A indústria animal está crescendo rapidamente na Ásia, América Latina e Caribe. E, em 2020, América Latina, Ásia e África serão os líderes na produção industrial de produtos animais.


Crescendo? Por quê? Porque nessas “Ilhas de Riqueza” ainda é permitida a produção animal intensiva com técnicas de confinamentos em cubículos insalubres. As altas temperaturas, a falta de higiene e a superpopulação facilitam a proliferação de bactérias. (O professor José Lutzenberger chamava estas granjas de "campos de concentração e extermínio de animais"). Para sanar o problema, os produtores utilizam hormônios e antibióticos que, além de evitar infecções, aceleram o crescimento animal.

Vários países do terceiro mundo já enfrentam bactérias resistentes a antibióticos devido a essa técnica de produção. Com o advento da gripe aviária, a Câmara dos Lordes, na Grã-Bretanha, admitiu, em seu território, a resistência humana aos antibióticos advinda da ingestão de carne tratada com essas drogas. E que tais alimentos viriam dos países latino-americanos. Com a carne do Chile e Argentina fora importada a Escherichia coli 0157 (que provoca problemas renais graves), por exemplo.

 Por isso, a antibioticoterapia já está presente em vários países desenvolvidos. A Noruega nunca permitiu o uso de antibióticos para animais de corte. A Suécia proíbe o uso desde 1986; a Austrália, desde 2004. A Dinamarca, produtora de  130 milhões de frangos ao ano, desde meados dos anos 90, baniu o uso de antibióticos para bovinos, aves e porcos. E a União Européia já interditou a utilização de 2 antibióticos na criação de frangos.

Isto é fruto da pressão do consumidor que, ciente dos malefícios desse medicamento ao organismo humano, exige em sua mesa produtos produzidos segundo altos padrões de segurança alimentar, de bem-estar animal e de proteção do meio ambiente. Ou seja, quer alimentos mais naturais, livres de transgênicos, de agrotóxicos, de antibióticos...

Mesmo assim, este consumidor consciente está com problemas. O jornalista Henrique Cortez* trouxe à tona uma notícia assustadora: mesmo que você não coma carne, que você exija produtos orgânicos, vai ingerir os antibióticos usados em animais porque estão presentes nos vegetais cultivadas em solo adubado com dejetos animais. Apresentou dados do Environmental Health News:

- “perto de 70% do total de antibióticos e drogas afins produzidos nos Estados Unidos são utilizados em bovinos, suínos e aves”;

- cerca de 90% dessas drogas são excretadas na urina ou no estrume;

- a contaminação por antibióticos também ocorre em vegetais cultivados em culturas biológicas já que o “estrume é largamente utilizado como um substituto dos fertilizantes químicos na agricultura biológica”.

No Brasil, impera a criação intensiva em cativeiro, com uso indiscriminado de antibióticos e outros insumos... A estes problemas sanitários acumulam-se os problemas ambientais provocados pelo lançamento de dejetos de aves e suínos no solo e água, sem qualquer tratamento. A bacia hidrográfica do oeste catarinense – aonde está a maior produção de animais de corte do estado - está morrendo em decorrência disso.



Mas estes problemas, cuja solução é vital para a exportação brasileira de carne, não estão na pauta das nossas políticas econômicas, ambientais e sanitárias.

E o consumidor brasileiro desses produtos nem pensa em comprar briga com a indústria farmoquímica, nem com os produtores que apostam nessa droga para aumentar o volume de produção.

Se nos EUA a proibição dos antibióticos para animais só ocorreu após uma batalha judicial de 5 anos entre laboratórios e governo, quanto tempo levaria para ser implementada aqui???

Se a proibição parece impossível agora, há outras coisas que podemos fazer.

Acho que podemos brigar por um programa de certificação para granjas que criarem seus animais ao ar livre, com alimentação natural e medicação alopática (já ouviram falar dos probióticos para animais?).

Podemos brigar também por um programa de rastreabilidade de aves e porcos (identificação e monitoramento individual destes do nascimento às prateleiras do supermercado). Não se trata de ficção científica porque já é aplicado ao rebanho bovino**.

Além disso, podemos brigar por um programa sério de rotulagem que nos informe sobre as técnicas aplicadas na produção dos alimentos expostos para o consumo.



** - http://taquari.emater.tche.br/sistemas/sirca/rastreabilidade/rastreabilidade.php


Ana Echevenguá, advogada, OAB/SC 17.413, coordenadora do programa Eco&Ação, presidente do Instituto Eco&ação e da Academia Livre das Águas, e-mail: ana@ecoeacao.com.br, website: www.ecoeacao.com.br

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