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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Após tsunami, empresas japonesas geram a própria eletricidade

Após ter sido devastado por um terremoto seguido de um tsunami em março de 2011, o nordeste do Japão agora reúne empresas que geram a própria eletricidade. Ainda com a lembrança fresca do grande apagão que paralisou a região, uma fábrica da montadora de automóveis Toyota na pequena cidade de Ohira, província de Miyagi, instalou uma pequena usina a gás (de 7.800 quilowatts) que produz cerca de 70% da eletricidade necessária para as instalações.


Atualmente, nesse local, 1.200 operários montam 120 mil veículos Corolla e Yaris por ano. Há dois anos e meio, porém, pouco após a inauguração da planta, o complexo foi duramente castigado pelo grande terremoto de magnitude 9. A energia elétrica ficou cortada durante uma semana, tanto na fábrica quanto no resto da cidade.

Nada se perde – Uma vez passada a crise, “decidimos produzir nossa própria eletricidade”, contou à AFP Toshiyuki Nonaka, encarregado da fábrica da Toyota.

E nada – ou quase nada – se perde: a central é equipada com um sistema que usa o calor produzido para secar a pintura das carrocerias, e a água em ebulição dos radiadores serve para aquecer uma estufa onde crescem pimentões verdes, que serão vendidos posteriormente.

O resultado é uma fábrica que pode continuar sua produção, mesmo que a corrente externa seja interrompida pelos tremores de terra que regularmente sacodem a região.

“Geramos eletricidade de emergência para nós, mas também para as empresas dos arredores e para o povo”, explicou Makoto Sogo, um encarregado da Toyota.

Essa produção privada faz parte de uma “comunidade energética” que está conectada à companhia elétrica regional, a Tohoku Electric Power, que se alivia de parte da carga. O prefeito de Ohira, Masahiro Atobe, tem motivos para comemorar: “Em 2011, a vida diária parou aqui. Queremos evitar a todo custo que essa situação se repita”.

“Depois de 2011, todo mundo se deu conta da necessidade de gerir sua própria energia em certa medida, pois até então o país dependia totalmente das (grandes) companhias”, destacou o pesquisador Takanobu Aikawa, do Departamento de Energia da empresa de consultoria e pesquisa Mitsubishi UFJ.

Mudança energética radical ‘daqui a dez anos’ – Os concorrentes da Toyota também apontam nessa direção. A Mitsubishi Motors equipou no ano passado a fábrica de motores que mantém em Kyoto, no oeste do país, com uma miniusina de gás, a pedido de uma companhia regional de eletricidade.

A montadora, inaugurada em julho pela Honda em Yorii, a noroeste de Tóquio, é coberta por painéis solares com capacidade de 2.600 quilowatts e dispõe também de uma usina a gás.

Outra solução que parece reduzir o risco de cortes de energia no Japão é diversificar os fornecedores, algo possível desde que se pôs fim ao monopólio de produção energética no país, no fim dos anos 1990.

Este ano, a Nissan começou a se beneficiar dessa possibilidade em quatro de suas fábricas, entre elas a de Tóquio.

“Infelizmente, não existem estatísticas sobre essa produção ‘fora das companhias oficiais’”, lamentou o pesquisador Aikawa. “Mas as mudanças que começaram a acontecer não vão parar, e prevejo que a situação energética do Japão terá mudado radicalmente daqui a dez anos”, acrescentou. 

Fonte: G1

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