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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Brasil ‘perde R$ 7 bi’ com gravidez de adolescentes, diz relatório da ONU

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que o Brasil deixa de acrescentar mais de US$ 3,5 bilhões (R$ 7,6 bilhões) à sua riqueza nacional por ano em decorrência da gravidez de milhares de adolescentes.


O documento “O estado da população mundial 2013″, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), divulgado nesta quarta-feira (30), analisa a situação de jovens que dão à luz.

A cada ano, 7,3 milhões de meninas com menos de 18 anos têm filhos em países em desenvolvimento. Dessas, 2 milhões têm menos de 14 anos. O texto enfatiza os problemas que isso causa à vida das jovens, com consequências na saúde, na educação e nos direitos humanos.

“Em geral, a sociedade culpa as meninas por engravidarem”, diz o diretor-executivo da UNFPA, Babatunde Osotimehin. “A realidade é que a gravidez adolescente costuma ser não o resultado de uma escolha deliberada, mas sem a ausência de escolhas, bem como circunstâncias que estão fora do controle da menina. É consequência de pouco ou nenhum acesso a escola, emprego, informação e saúde.”

O relatório também fala que as economias nacionais sofrem com as consequências da gravidez precoce.

Riquezas não geradas – Citando um estudo feito em 2011 pelos pesquisadores Jad Chaaban e Wendy Cunningham para o Banco Mundial, o UNFPA tenta estimar quanta riqueza os países (como Quênia, Índia e Brasil) deixam de acrescentar a suas economias, dado que as meninas que engravidaram poderiam estar trabalhando e gerando renda.

“O Brasil teria maior produtividade – de mais de US$ 3,5 bilhões (R$ 7,6 bilhões) – caso adolescentes retardassem sua gravidez até os 20 e poucos anos”, diz o documento.

No caso da Índia, esse “ganho” seria de até US$ 7,7 bilhões (R$ 16,7 bilhões). No Quênia, a receita “não gerada” é equivalente a todos os ganhos da indústria da construção civil. E, em Uganda, equivale a um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O relatório afirma, ainda, que muitas meninas engravidam quando estão no ensino fundamental ou médio, e acabam abandonando a escola. Isso faz com que o investimento feito pelos países na educação básica acabe sendo desperdiçado, já que elas não dão seguimento a seus estudos.

O estudo do Banco Mundial ressalta que, além dos custos econômicos, há problemas sociais: filhos de mães precoces costumam ter desempenho escolar mais baixo. O relatório faz ainda algumas considerações sobre os programas de natalidade brasileiros.

“O Brasil é um dos países que avançaram para aumentar o acesso de meninas grávidas a tratamentos pré-natal, natal e pós-natal”, diz o UNFPA, citando o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) como um “centro de referência para gravidez de alto risco” no estado. O Iperba oferece tratamento especializado a mães adolescentes, que representam 23% do total de pacientes atendidas no local. 

Fonte: G1

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