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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Agricultor diversifica produção a partir da proteção de nascentes

Pequenos proprietários rurais do município de Aimorés, no leste de Minas Gerais, comemoram o aumento da oferta de água em suas propriedades a partir da proteção de nascentes pelo Programa Olhos D’Água do Instituto Terra. Com o apoio da Vale, desde 2012 está em curso na pequena cidade mineira ações para a proteção de 475 nascentes do rio Capim, beneficiando diretamente 245 produtores rurais.

Um dos produtores atendidos é Adão Alves da Silva, que após cercar as duas nascentes presentes no Sítio Boa Vista, em Córrego Vala do Fagundes, observou aumento na vazão de água a ponto de garantir o abastecimento de sua moradia, bem como permitir a realização de um antigo sonho, que era a produção de leite por meio da técnica de pastoreio rotacionado irrigado. Essa técnica garante a manutenção das pastagens mesmo em períodos de seca, favorecendo a produtividade leiteira.

“Nós não tivemos as águas neste ano, mas aqui não faltou, pelo contrário. Tenho água para a irrigação e está sobrando capim para as minhas vacas de leite”, afirma Adão Alves. Com a oferta de água assegurada a partir da proteção da nascente, o produtor buscou a assistência técnica da Emater-MG, implantou o projeto de irrigação por gravidade (sem gasto com luz elétrica), plantou a espécie de capim indicada (mombaça), adubou a área (adubo natural), fez a repartição dos piquetes e após dois meses do plantio o gado já usufruir da nova área de pasto. O aumento da produção de leite não demorou a se efetivar e hoje chega a 60 litros diários – antes, a produção não passava de 20 litros por dia.

“O exemplo do Sr. Adão permite entender o ganho ambiental e social que o Programa Olhos D’Água embute. Produtores rurais que não tinham água suficiente para produzir alimentos, a partir da proteção de nascentes e a adequação ambiental de suas propriedades, hoje contam com água suficiente para suas atividades produtivas, sendo possível ver, em muitos casos, o excedente correndo córrego abaixo, assegurando o fluxo hídrico”, observa Gilson Gomes de Oliveira Júnior, coordenador do Programa Olhos D’Água, do Instituto Terra.

Além disso, a propriedade de Adão Alves também foi beneficiada pelo Programa Olhos D’água com a instalação de uma fossa séptica biodigestora, evitando assim que esgoto doméstico continuasse a ser lançado no leito do córrego. Com a aproximação da Emater, o proprietário rural também iniciou a produção de frutas – aproveitando o efluente da fossa como adubo – e a criação de galinha caipira para fornecer ao Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal.

Gilson Gomes lembra que o Programa Olhos D’Água não se restringe a beneficiar apenas o produtor atendido diretamente pelo programa. “Os benefícios maiores tendem a se projetar ao longo de toda a bacia do Rio Doce, na medida em que haverá o aumento e a melhoria da qualidade dos recursos hídricos, atingindo as populações urbanas, o meio industrial e o desenvolvimento de toda economia da região”, conclui.

O Programa Olhos D’Água soma a recuperação de mais de 1,2 mil nascentes na bacia hidrográfica do Rio Doce e finaliza parcerias para iniciar a proteção de outras 4,7 mil. Mas a meta é atingir todas as nascentes do Rio Doce dentro dos próximos 30 anos.

Fonte: EcoDebate

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