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sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Dois casos recentes de suicídio entre jovens abrem a possibilidade de discussão do assunto entre pais e filhos
Conversar sobre angústias e temores, além de perceber mudanças no comportamento de adolescentes podem ajudar a resolver e prevenir problemas
A notícia de que dois jovens de 16 anos teriam feito um pacto de suicídio em Sombrio, no Sul de SC, chocou o Estado. Segundo a confissão de um dos meninos, o acordo entre eles era para que um ajudasse o outro a morrer. Quando um deles morreu na segunda-feira, possivelmente asfixiado, o outro ficou assustado e tentou pedir ajuda. O jovem que desistiu do pacto confessou o acordo e foi apreendido. Eles teriam um relacionamento amoroso há pelo menos quatro meses.
Na última semana, uma adolescente, também de 16 anos, em Veranópolis (RS), tirou a própria vida após ver divulgadas imagens íntimas na internet. Apesar de ser uma conversa difícil, os casos abrem a possibilidade de discussão do tema suicídio entre pais e filhos. E isso é muito importante, assegura o psicoterapeuta Carlos Felipe D’Oliveira, que foi coordenador da Estratégia Nacional de Prevenção de Suicídio do Ministério da Saúde. Segundo ele, um bate-papo franco pode mostrar o caminho para entender o problema e também preveni-lo.
O psiquiatra Ricardo Nogueira faz uma comparação sobre a aplicação do diálogo:
— A metodologia para tratar suicídio é a mesma do câncer: antigamente falar nisso era proibido. Hoje todo mundo fala.
Nogueira reforça a importância deste tipo de atitude. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil registra em torno de 24 suicídios ao dia e 3 mil no mundo. É a terceira causa de morte entre pessoas na faixa etária compreendida entre 15 e 35 anos. Em 90% dos casos, informa Nogueira, verifica-se associação com o uso de álcool e drogas. Para D’Oliveira, o maior risco ocorre quando a estrutura familiar é muito fechada e com pouca capacidade de adaptação. Isso explica o fato de, por vezes, os pais mal saberem das atividades dos filhos ou não serem vistos por eles como referências.
Nesses casos, vale ficar atento para sinais como mudança de comportamento ou queda de rendimento escolar. Aí chega a hora do tal bate-papo aberto, no qual os pais precisam mostrar que existe um ombro amigo à disposição.
— O jovem pode abrir o diálogo se passar por momento difícil e sentir que a família vai entender aquilo, que terá certa receptividade — avalia D’Oliveira.
Da gravidade da situação e do teor da conversa pode surgir, inclusive, a necessidade de busca de ajuda profissional. Conforme o especialista, pode ser alguém da área da saúde ou até mesmo ligado à religião, se a família cultivar tais valores. Se nada disso surtir efeito e uma situação de risco surgir ou se agravar, jamais deve-se ignorar promessas ou avisos de tentativa de morte. E agir o mais rápido possível, aconselha D’Oliveira. A melhor coisa, lembra, é estar por perto.
Conforme o psicoterapeuta, o ato de tirar a própria vida decorre de uma dor muito grande, a ponto de não se conseguir conviver com ela. Isso pode surgir de um quadro depressivo já estabelecido.
— Nada é de uma hora para a outra — esclarece o psiquiatra Nogueira.
Como conversar sobre o tema
Abordar o tema de forma aberta
::: Um pai pode ser claro e dizer para o filho não ter comportamento que possa trazer exposição. Vale citar casos antigos de suicídio. Quando há um episódio ruidoso, abre-se uma oportunidade para falar. Assim, o pai deve se colocar à disposição do filho para ouvi-lo e apoiá-lo.
Manter sob guarda
::: Parece óbvio, mas é importante: os pais devem se interessar pela vida do filho, importar-se com o que acontece com ele. Isso significa alertar sobre as complicações decorrentes do consumo de álcool ou drogas ou de andar com más companhias.
Observar
::: O comportamento do filho mudou? Algo pode estar acontecendo. Mudanças de atitudes, faltas na escola, notas baixas e reclusão na internet podem ser sintomas de problemas. O ideal é procurá-lo para uma conversa ou procurar ajuda profissional.
Criar alternativas à internet
::: Nem precisa ser uma proibição de acesso. Mas ajudar a buscar outras atividades fora da internet pode fazer com que o filho crie uma vida ativa e se relacione com outras pessoas.
Agir ao menor sinal
::: É uma regra básica: se o adolescente falar que está sofrendo ou ameaçar com um “vou me suicidar”, isso tem sempre de ser considerado. Buscar ajuda profissional é uma alternativa.
Via bancos escolares
::: A abordagem do suicídio pelas escolas pode colaborar por meio de palestras de profissionais e especialistas sobre o tema.
Fonte: A Notícia
A notícia de que dois jovens de 16 anos teriam feito um pacto de suicídio em Sombrio, no Sul de SC, chocou o Estado. Segundo a confissão de um dos meninos, o acordo entre eles era para que um ajudasse o outro a morrer. Quando um deles morreu na segunda-feira, possivelmente asfixiado, o outro ficou assustado e tentou pedir ajuda. O jovem que desistiu do pacto confessou o acordo e foi apreendido. Eles teriam um relacionamento amoroso há pelo menos quatro meses.
Na última semana, uma adolescente, também de 16 anos, em Veranópolis (RS), tirou a própria vida após ver divulgadas imagens íntimas na internet. Apesar de ser uma conversa difícil, os casos abrem a possibilidade de discussão do tema suicídio entre pais e filhos. E isso é muito importante, assegura o psicoterapeuta Carlos Felipe D’Oliveira, que foi coordenador da Estratégia Nacional de Prevenção de Suicídio do Ministério da Saúde. Segundo ele, um bate-papo franco pode mostrar o caminho para entender o problema e também preveni-lo.
O psiquiatra Ricardo Nogueira faz uma comparação sobre a aplicação do diálogo:
— A metodologia para tratar suicídio é a mesma do câncer: antigamente falar nisso era proibido. Hoje todo mundo fala.
Nogueira reforça a importância deste tipo de atitude. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil registra em torno de 24 suicídios ao dia e 3 mil no mundo. É a terceira causa de morte entre pessoas na faixa etária compreendida entre 15 e 35 anos. Em 90% dos casos, informa Nogueira, verifica-se associação com o uso de álcool e drogas. Para D’Oliveira, o maior risco ocorre quando a estrutura familiar é muito fechada e com pouca capacidade de adaptação. Isso explica o fato de, por vezes, os pais mal saberem das atividades dos filhos ou não serem vistos por eles como referências.
Nesses casos, vale ficar atento para sinais como mudança de comportamento ou queda de rendimento escolar. Aí chega a hora do tal bate-papo aberto, no qual os pais precisam mostrar que existe um ombro amigo à disposição.
— O jovem pode abrir o diálogo se passar por momento difícil e sentir que a família vai entender aquilo, que terá certa receptividade — avalia D’Oliveira.
Da gravidade da situação e do teor da conversa pode surgir, inclusive, a necessidade de busca de ajuda profissional. Conforme o especialista, pode ser alguém da área da saúde ou até mesmo ligado à religião, se a família cultivar tais valores. Se nada disso surtir efeito e uma situação de risco surgir ou se agravar, jamais deve-se ignorar promessas ou avisos de tentativa de morte. E agir o mais rápido possível, aconselha D’Oliveira. A melhor coisa, lembra, é estar por perto.
Conforme o psicoterapeuta, o ato de tirar a própria vida decorre de uma dor muito grande, a ponto de não se conseguir conviver com ela. Isso pode surgir de um quadro depressivo já estabelecido.
— Nada é de uma hora para a outra — esclarece o psiquiatra Nogueira.
Como conversar sobre o tema
Abordar o tema de forma aberta
::: Um pai pode ser claro e dizer para o filho não ter comportamento que possa trazer exposição. Vale citar casos antigos de suicídio. Quando há um episódio ruidoso, abre-se uma oportunidade para falar. Assim, o pai deve se colocar à disposição do filho para ouvi-lo e apoiá-lo.
Manter sob guarda
::: Parece óbvio, mas é importante: os pais devem se interessar pela vida do filho, importar-se com o que acontece com ele. Isso significa alertar sobre as complicações decorrentes do consumo de álcool ou drogas ou de andar com más companhias.
Observar
::: O comportamento do filho mudou? Algo pode estar acontecendo. Mudanças de atitudes, faltas na escola, notas baixas e reclusão na internet podem ser sintomas de problemas. O ideal é procurá-lo para uma conversa ou procurar ajuda profissional.
Criar alternativas à internet
::: Nem precisa ser uma proibição de acesso. Mas ajudar a buscar outras atividades fora da internet pode fazer com que o filho crie uma vida ativa e se relacione com outras pessoas.
Agir ao menor sinal
::: É uma regra básica: se o adolescente falar que está sofrendo ou ameaçar com um “vou me suicidar”, isso tem sempre de ser considerado. Buscar ajuda profissional é uma alternativa.
Via bancos escolares
::: A abordagem do suicídio pelas escolas pode colaborar por meio de palestras de profissionais e especialistas sobre o tema.
Fonte: A Notícia
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