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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Ranking de enterros

Comparar enterros é muito família Addams. São comparações idiotas e injustas. Pegando nesta lógica ilógica, o funeral do Doutor Sá Carneiro teria de ser comparado com o da equipa do Chapecoense.


Anda por aí uma febre de rankings. Tudo tem um top por mais fundo que seja. Vão de um extremo ao outro: do ranking de escolas ao ranking das juventudes partidárias. Mas, desta vez, decidiram ir mais longe. A SIC andou durante dias a contar se havia poucas pessoas nas ruas nas cerimónias fúnebres de Mário Soares e a comparar o número com outros funerais. Um ranking dos sete palmos debaixo da terra. 

Comparar enterros é muito família Addams. Na SIC Notícias, foi feita (várias vezes) a comparação entre a quantidade de pessoas que foram prestar homenagem a Mário Soares e as que estiveram presentes nos enterros de Amália, Eusébio e Sá Carneiro. São comparações idiotas e injustas. Pegando nesta lógica ilógica, o funeral do Doutor Sá Carneiro teria de ser comparado com o da equipa do Chapecoense. 

A preocupação em tentar demonstrar, através do números de pessoas que vão homenagear um morto, a popularidade que tinha em vida, é um exercício hipócrita a que felizmente o morto já não assiste. Na SIC, em termos de participação nas cerimónias fúnebres de Mário Soares, apenas faltou comparar o número do sindicato das funerárias com os números do Estado. Cheguei a ouvir uma comparação com a visita de João Paulo II e penso que consegui estabelecer um top de acontecimentos especiais que levaram mais portugueses à rua.

1 - Funeral da Amália 
2 - Visita do Papa JP II 
3 - Piquenicão Continente 2014
4 - Funeral de Sá Carneiro
5 - Selecção Euro 2016 
6 - Funeral de Eusébio 
7- Festa fim dos Delfins
8- Transladação dos restos mortais 
de Lúcia (até chegar à auto-estrada)
9 - Funeral de Mário Soares
10 - Festa de anos dos Lesados do BES 

O problema é que este tipo de top é redutor uma vez que, além de tentarem contar quantas pessoas iam velar o morto, os nossos jornalistas e comentadores, decidiram dividi-las em categorias. Havia os "curiosos", o "povo", "as elites", "os populares", os "íntimos", etc. Por exemplo, o primeiro lugar do top de enterros com mais "curiosos" penso que vai para o do Carlos Castro. Sinto falta do clássico - o enterro que teve mais gajas boas. Aí, aposto no da Cesária Évora. 

Helena Matos definiu as pessoas que iam homenagear Soares como as "elites". Lamento, Doutora Matos, mas as elites não gritam "Soares é fixe!" - as elites não dizem "fixe". As elites, à passagem da urna, gritam "Soares é uma figura incontornável!"

O triste espectáculo da comparação e do insistir no "estava pouca gente" (o PS devia ter contratado figurantes paquistaneses) foi apenas isso, triste. Eu tenho a teoria que, se estava pouca gente, foi porque não dava para o presidente Marcelo estar em todo o lado ao mesmo tempo. Onde está Marcelo, há povo. E vice-versa.

Durante todo o dia, estive à espera do momento em que uma entrevista a popular (curioso, povo, transeunte) viesse repor a verdade dos factos: 

Jornalista - Veio prestar homenagem ao Doutor Mário Soares? 

Popular - Não, que horror. Detesto enterros. Vim ver se tiro uma selfie com o Professor Marcelo.


TOP 5

Bateu as botas

1. Atirador no aeroporto dos EUA estava a receber apoio psiquiátrico - um clássico. Qual Daesh, Freud é que anda a dar cabo disto.

2. Dieselgate faz primeira vítima: Detido director da Volkswagen - mas vai receber pensão de 3.000 por dia.

3. Perdas que nem Estado nem compradores querem dificultam venda do Novo Banco - Estado do sistema financeiro português. Há mais interessados no André Balada que no Novo Banco.

4. A FIFA decidiu por unanimidade que serão 48 países a disputar o campeonato do Mundo de 2026 - como se em 2026 existissem 48 países. Se houver 2026, upa, upa!

5. Um medicamento destinado ao tratamento do Alzheimer faz renascer dentes em adultos - "O meu avô está na mesma só que agora pensa que é um tubarão."

Fonte: Jornal Negócios

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