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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Religião x Cremação

Quando o assunto cremação é posto diante da religião ainda surgem muitas dúvidas, mas a maioria das religiões já aceitam a prática, com exceção do Judaísmo Ortodoxo e do Islamismo.
As doutrinas católica, evangélica e espírita fazem parte dessa maioria. Isso porque, apesar de suas diferenças, as três religiões são consideradas cristãs, seguidores da Bíblia, onde não há nada que critique a cremação ou requeira o sepultamento.

Cremação e catolicismo

Houve um tempo em que a Igreja proibiu a cremação dos corpos. Isso ocorreu logo após a Revolução Francesa quando as pessoas, descrentes da vida eterna e da ressurreição dos mortos, incineravam os cadáveres para “provar” que não haveria jeito de Deus ressuscitar ninguém.

Contudo, com o passar dos séculos, o perigo de irreligiosidade desapareceu em parte e o clima de protesto, usando a cremação como mote também. Por isso, em 1963, o Vaticano reconheceu a cremação como um ritual de despedida. No texto escrito pelo Papa Paulo VI, “Piam et constantem”, que versa sobre o assunto, fica bastante clara a posição da igreja a respeito. veja abaixo uma transcrição do mesmo:

A Igreja sempre quis encorajar o piedoso e constante costume cristão de sepultar os corpos dos fiéis, quer confortando-o de ritos apropriados a evidenciar o sentido simbólico e religioso da inumação, quer ameaçando com penas canônicas os que se insurgiam contra esta prática; e a Igreja fez isso sobretudo quando a oposição era inspirada pela animosidade, hostil aos costumes cristãos e à tradição eclesiástica, daqueles que, cheios de espírito sectário, procuravam substituir a inumação pela cremação em sinal de negação violenta dos dogmas cristãos, especialmente o da ressurreição dos mortos e da imortalidade da alma humana.
Esse propósito, evidentemente, era um fato subjetivo, inerente ao espírito dos que propugnavam a cremação, mas não estava ligada ao fato objetivo da cremação em si; como a incineração do corpo não atinge a alma e não impede a onipotência de Deus de restituir o corpo, ela não contém em si uma negação objetiva destes dogmas.

Desta forma, apesar de a Igreja insistir veementemente no sepultamentos dos corpos, a cremação não é proibida, desde que não seja motivada pelo desejo de se negar a fé.


A visão dos Evangélicos

Em texto escrito pelo Reverendo Odayr Olivetti para a Revista Vethia em Outubro de 2005, o mesmo deixa claro que, segundo a doutrina, a cremação não é apenas permitida como estimulada:  “Sem dúvida, a cremação é mais saudável para os que permanecem vivos, para que cuidem de seu corpo”, escreveu. reforça, ainda, que o tabu relacionado ao tema está mais relacionado à falta de informação, ” Alguns repudiam a ideia de cremação por pura superstição e por incompreensão do absoluto e ilimitado poder de Deus” diz, completando: “Note-se que, historicamente, muitas vezes o sepultamento está ligado a superstições. Certas tribos indígenas sepultavam seus heróis com suas armas, por exemplo”.

Finaliza o artigo esclarecendo que, assim como se deve e se pode tratar com respeito e decência um cadáver que vai ser sepultado,  também se deve e se pode tratar com decência um cadáver que vai ser cremado.

A cremação segundo o espiritismo

Emmanuel, no livro “O Consolador”, psicografado por Chico Xavier, quando perguntado se o Espírito desencarnado pode sofrer com a cremação dos elementos cadavéricos, responde o seguinte: Na cremação, faz-se mister exercer a caridade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o tônus vital, nas primeiras horas sequentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material.

Chico Xavier, ao ser indagado no programa ”Pinga Fogo” da TV Tupi quanto à cremação de corpos que seria implantada no Brasil, respondeu: Já ouvimos Emmanuel a esse respeito, e ele diz que a cremação é legítima para todos aqueles que a desejem, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de expectação para a ocorrência em qualquer forno crematório.

Fonte: Grupo Vila

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