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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Municípios de São Paulo ainda utilizam lixões como forma de descarte de resíduos

Os aterros sanitários e outros projetos surgem como alternativa para que os lixões sejam erradicados


Por Carina Brito, Rádio USP

Em estudo feito pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) com 163 municípios foi visto que 38 deles possuem lixões como forma de descarte de resíduos. As pessoas utilizam esse local para depositar itens que não querem mais, sem nenhum tipo de seleção ou proteção para o solo e que podem causar problemas de saúde nos seres humanos.

A maior parte dos lixões é aberta e não possui restrição de entrada. “As pessoas podem entrar e atear fogo em compostos com cloro, que podem gerar dioxinas e furanos, que são componentes carcinogênicos. Esses compostos podem ser carregados por grãos de poeira que param em gramas que servem de alimentação para a vaca e que vão para o leite e a carne que o ser humano consome”, diz Ednilson Viana, professor de Gestão Ambiental da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Outro risco é que os resíduos expostos causam proliferação de animais que podem causar doenças.

Como alternativa, existe o aterro sanitário, que pode ser usado para o descarte de resíduos. Ao contrário dos lixões, é um projeto de engenharia que passa por uma série de normas para ser construído, operado, encerrado e monitorado após o encerramento. As normas de construção para descarte de resíduos não perigosos foram feitas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o manual foi nomeado de NBR 13 896.

O primeiro passo para construir um aterro sanitário é selecionar uma área adequada. O local não pode ser próximo a um rio e a permeabilidade do solo precisa ser analisada para que não tenha risco de vazamento para o lençol freático. “Tem restrição à distância em relação aos núcleos urbanos e a direção do vento também não pode ser em direção ao núcleo urbano porque causa odores”, diz o professor. Após encontrar essa área adequada, é preciso impermeabilizar o solo com materiais como plástico e argila.

Depois é construído um sistema de drenagem para carregar o líquido que vai escorrer e também para levar o biogás que será produzido com a queima de componentes. Os resíduos são cobertos periodicamente para ficarem protegidos da chuva e para que não fiquem expostos aos animais. Mesmo se for construído adequadamente, ele precisa ser operado de maneira correta para que não se torne um lixão em pouco tempo.

O professor Viana cita o aterro sanitário da Essencis como um projeto que deu certo e que pode servir de exemplo para outros planos de gestão de resíduos. Segundo Murilo Merlotto, funcionário da Essencis, são manejadas 10 mil toneladas de resíduos por dia que permitirão uma vida útil de 15 anos. O aterro está localizado na cidade de Caieiras, no Estado de São Paulo, e está aberto a visitações previamente agendadas pelo e-mail mmerlotto@essencis.com.br.

Apesar de ser uma boa opção, o aterro sanitário ainda não é a solução final para o descarte de lixo. A forma mais correta seria por meio da “hierarquia de resíduos”, que mostra todos os passos de manejo para que o resíduo seja levado ao aterro apenas no final do processo. “É preciso fazer o possível para valorizar esses resíduos sólidos antes de descartá-los por completo”, diz Viana. A primeira etapa para valorização do resíduo é reciclagem e reutilização. Se isso não for possível, a próxima fase é retirar a energia do resíduo através da queima. “Se não der para fazer essas duas coisas, a solução torna-se o aterro sanitário”, diz o professor.

Muitos municípios afirmam que não possuem recursos financeiros para substituir lixões por aterros sanitários ou não têm pessoas com habilidades técnicas para fazer a construção. “Eu tenho a minha teoria de que, apesar das políticas públicas, a gente tem uma dificuldade em avançar na diminuição de lixões porque o nosso modelo de gestão dos resíduos não está adequado”, diz Viana. Quando se cuida dos resíduos de forma individual no município, o custo que recai sobre cada lugar é muito alto. “O Estado de São Paulo deveria montar um sistema de congregação dos municípios para que o custo de um aterro sanitário fosse dividido por todos eles, e não bancado por apenas um.”

Segundo Viana, o indivíduo também tem um papel fundamental no que se refere ao descarte do lixo. Em primeiro lugar, ele precisa tomar consciência de que se o seu resíduo não for tratado da maneira correta pode trazer resultados negativos para ele próprio e sua saúde. “Ele é dono do resíduo dele e responsável por isso. Não é porque ele colocou na rua que a sua responsabilidade acabou. Quando o resíduo é bem tratado, ele se torna uma fonte de recursos e não um estorvo.”

Fonte: EcoDebate

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