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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Mariela Kiss de Carvalho Silva trabalha como agente funerária

Desde os 19 anos, Mariela Kiss de Carvalho Silva trabalha como agente funerária. Filha dos proprietários da tradicional Funerária e Capela Santa Cruz,  Mariela diz que foi criada em meio aos velórios, e a sensibilidade pelo famigerado trabalho de cuidar das pessoas que expiram seus dias na Terra veio ao natural para esta torrense, hoje com 27 anos e mãe de dois filhos.

Trata-se de uma profissão onde discrição e respeito pelo luto são requisitos básicos , pois a morte é uma situação que meche muito com o sentimento das pessoas. Afinal, não trata-se de um negócio onde convém passar logo para a apresentação do catálogo de produtos. Isso porque, em muitos casos, além de vender um serviço, um agente funerário tem de servir de suporte emocional  para as famílias, apesar de alguns clientes até mostrarem demasiado pragmatismo com o assunto. "Há quem chegue e trate de tudo de forma mecânica. O que não quer dizer que não se esteja a sofrer. São formas de lidar com o luto" explica Joana Marafuz, formado em Psicologia do Luto.

E  na funerária e capela Santa Cruz, Mariela tem uma função que é ainda mais delicada, que exige grande profissionalismo e é exercida por raras mulheres: a remoção dos corpos. "De Torres até Curumim somos os únicos autorizados a fazer remoção de corpos em morte violenta, uma qualificação que obtive a partir de um curso de na área fornecido pelo Sindicato de Funerárias" explica a agente.

Os casos são os mais variados: suicídio, afogamento,morte no trânsito, assassinato, problemas de saúde, morte natural. Mas quando há um corpo sem vida, o removedor de corpos estará lá para realizar os cuidados funerários necessários. O estado destes defuntos também varia: enquanto alguns muito pouco se diferenciam de sua imagem em vida, outros estão mutilados, baleados, inchados ou em estado de decomposição. Não é um assunto agradável de se falar, com certeza, mas para Mariela trata-se do seu trabalho, o qual ela encara com profissionalismo e delicadeza na busca por deixar o corpo o mais digno e apresentável para a cerimônia fúnebre.

"Geralmente os acidentes de trânsito são os responsáveis pelas mutilações mais severas. Em alguns casos os bombeiros retiram os corpos das ferragens e fazemos a remoção. Nesta tarefa, utilizo luvas, mascara, avental e toca. Fazemos o melhor possível para restaurar os corpos, costurar partes decapitadas quando necessário. Buscamos  possibilitar que os mesmos sejam velados com os caixões abertos, para que os enlutados possam prestar suas últimas homenagens, encarar seus entes queridos perdidos por uma última vez. Mas nem sempre isto é possível, e quando o estado do corpo encontra-se demasiado transfigurado nos realizamos um velório com o caixão lacrado. Em alguns casos até mesmo o velório é desaconselhado, quando o corpo já começa a entrar em estado de decomposição e exalar um cheiro ruim", ressalta Mariela.

A Funerária e capela SantaCruz foi fundada em Torres há 62 anos, pelo bisavô de Mariela. E a tradição do local foi se passando de pai para filho (ou filha, neste caso específico) por quatro gerações. No princípio, tratava-se de um local voltado para confecção de caixões, atividade que hoje é terceirizada. "Apenas encomendamos os caixões, que em sua maioria são baseados em padrões clássicos. A maior demanda por caixões personalizados é relacionada ao futebol, caixões com os símbolos do Grêmio ou do Inter", complementa a agente funerária.

Além do lado profissional, o lado emocional também envolve o trabalho de Mariela eventualmente: isto porque alguns dos corpos removidos pela funerária e capela Santa Cruz são de pessoas conhecidas por ela e por sua família. "Porém mesmo nestes casos temos que ser profissionais, apesar da emoção. Trabalhamos com a morte mas somos humanos, temos de segurar lágrimas e fazer o melhor para confortar os entes queridos quando necessário", finaliza Mariela Kiss de Carvalho, um exemplo da versatilidade e sensibilidade das mulheres que atuam neste difícil ramo de trabalho. 

Fonte: A Folha Torres

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